A pergunta é muito simples: você é um professor digital? Não sabe? Que tal, então, fazer o teste proposto pelo professor José Carlos Antonio. Além de físico e autor de livros didáticos para o Ensino Médio, José Carlos é o moderador do fórum Internet na Escola do Educarede, bem como um dos responsáveis pela formação de dinamizadores de professores do projeto Promenino. De acordo com José Carlos, um professor digital é aquele que possui habilidades para fazer um bom uso do computador para ele mesmo e, por extensão, é capaz de usá-lo de forma produtiva com seus alunos.
Eis, abaixo, as “habilidades” que o professor acredita que devem fazer parte do perfil de um professor digital. Aproveite e faça você mesmo o teste para medir o quanto você se enquadra no perfil do professor digital. Some um ponto para cada item da lista que se aplicar a você. Caso você some mais que cinco pontos, acredite, você já pode se considerar como parte da vanguarda dos professores digitais, pelo menos na opinião do professor José Carlos Antônio.
1. Possuir um endereço de e-mail e utilizá-lo pelo menos duas vezes por semana (o ideal seria fazê-lo diariamente);
2. Possuir um blog, um site ou uma página atualizável na Internet onde regularmente se produz, socializa e se confronta seu conhecimento com outras pessoas;
3. Participar ativamente de um ou mais “grupos de discussão”, fórum ou comunidade virtual ligada à sua atividade educacional;
4. Possuir algum programa de troca de mensagens on-line, como o MSN, com, no mínimo, dois colegas de profissão em sua “lista de contatos” e usá-lo para fins profissionais pelo menos uma vez por semana, em média;
5. Assinar algum periódico on-line (mesmo que gratuito) sobre notícias e novidades relacionadas à educação ou à sua disciplina específica, e lê-lo regularmente;
6. Preparar rotineiramente provas, resumos, tabelas, roteiros e materiais didáticos diversos usando um processador de textos (como o Word, por exemplo), uma planilha eletrônica (como o Excel) ou um programa de apresentações multimídia (como o PowerPoint);
7. Fazer pesquisa na Internet regularmente com vistas à preparação de suas aulas (no mínimo) e, preferencialmente, manter um banco de dados de sites úteis para sua disciplina e para a educação em geral. Melhor ainda seria compartilhar esse banco de dados com colegas e alunos;
8. Preparar pelo menos uma aula por bimestre sobre um tema de sua disciplina onde os alunos usarão os computadores e a Sala de Informática de forma produtiva e não apenas para “matar o tempo”;
9. Manter contato com o computador por, pelo menos, uma hora diária, em média;
10. Manter-se atento para as novas possibilidades de uso pedagógico das novas tecnologias que surgem continuamente e tentar implementar novas metodologias em suas aulas.
Afinal, quem é você, professor?
Olá! Interessada em aprender mais sobre a era digital, eu, professora do meio rural, me atrevo a opinar sobre o assunto.Sinto que o voltar para trás não é o caminho. Temos, enquanto cidadãos, que inovar nosso fazer diariamente. Não importa onde estamos, como vivemos, com quem compartilhamos. A tecnologia, hoje, está em todos os lugares, é acessível a maioria da população, porém não atinge a todos em virtude da formação e da condição social destes cidadãos. Vejo a grande dificuldade de estarmos conectados com o mundo, principalmente nós que moramos no meio rural. Aqui tudo é mais difícil, paga-se muito caro para manter uma conexão que deve ser via celular com antena. As empresas de telefonia móvel cobram muito pelo serviço e isto afasta a possibilidade de mais pessoas terem ao seu alcance este meio de pesquisa e comunicação. Acredito que, no futuro, essa situação se modifique e todos nós teremos a oportunidade de crescermos como pessoas conectadas com a realidade virtual. Enquanto isso, vou me preparando para preparar meus alunos, que serão, no futuro, essas pessoas.
Muito interessante esta discussão. Antes tínhamos outros problemas com os textos escritos em máquinas de escrever. Datilografar ou mandar faze-lo, também levava-nos a perder um tempo imenso, principalmente, nas fases anteriores à finalização de pesquisas, teses etc. Precisávamos ficar mais tempo nas bibliotecas, procurando livros e textos, copiando à mão para depois reformularmos e datilografarmos, com as correções, recortes com a tesoura e colagens reais etc. (Quem é da era pré-computador, sabe muito bem do que estou falando). Tivemos muitos ganhos nessa nova era. Se o problema é tempo de trabalho, não acho que as coisas mudaram. Claro que agora fazemos mais coisas do que antes, mas também as informações nos chegam em maior volume e, precisamos também filtra-las, para depois encaminharmos em textos ou em orientações presenciais e virtuais. Os alunos também, nem sempre têm tanto tempo para tanta conversa, pois grande parte está mais interessada mais em entretenimento pela rede. O que realmente funciona como didática online, penso eu, são os mais interessados, que continuam com discussões relevantes. Nem todos participam de contatos acadêmicos reais e frequentes. Enfim, pra resumir, pois o assunto iria muito longe. Temos que nos adaptar porque, obviamente, os tempos e a tecnologia mudaram, não dá para retornar. É isso que está aí e, como disse a colega Elvira, temos que aproveitar da melhor maneira, pois são muitas as vantagens de hoje. Mas também os riscos, segundo Pedro Demo, sobre ambivalências da sociedade da informação: “O problema está sobretudo na manipulação excessiva da informação…não se pode evitar reconhecer que a capacidade de condução da história aumentou flagrantemente…” Fica a pergunta: Informar para desinformar? Espero que não.
Gostei bastante e gostaria de comentar, especialmente, a resposta do Eduardo Amaral. Eduardo lembra a questão da autoria do professor e dos alunos também, pois na web.2 ambos são autores, ambos trabalham juntos e podem ser parceiros, dividir tarefas, inclusive – é claro de acordo com as habilidades e possibilidades de cada um. Além disso, acrescento, a preparação de atividades e as pesquisas sempre podem ser maximizadas, não é preciso preparar tudo do zero para cada uma das turmas, não é mesmo??
Outra ponto a comentar, e que não é para consolar ninguém, apenas para nos lembrarmos: o computador, a informática, a internet ampliaram a carga de trabalho de praticamente todos os profissionais. Lembro o caso dos jornalistas, que agora pesquisam, escrevem os seus textos e revisam, e colocam as suas matérias nos programas de editoração, e isso é o jornalista de papel, não estou me referindo aos profissionais da internet não. vejam que somente um profissional hoje faz o seu trabalho e de mais outros três, os centros de pesquisa das empresas de jornais e revistas estão praticamente desativados, os revisores são profissionais em extinção e os designers também, em muitas publicações. Às vezes, o profissional também sai à rua com uma máquina digital e fotografa a cena que está reportanto ou o seu entrevistado. Lá se vão os fotógrafos de roldão. É isso, minha, um caminho sem volta! Temos é de aprender a tirar o melhor proveito dele.
Elvira Nadai, jornalista e educadora
Concordo com o que escreveram aqui. O problema central é ainda a jornada de trabalho, em sala de aula, somado a este tempo não remunerado que passamos na frente do computador, além dos incontáveis alunos. Por outro lado, ao preparar as atividades, textos, pesquisar imagens, vídeos e tudo o mais acrescenta também a nossa autoria sobre o trabalho que realizamos. Além disso, a relação do professor com seus alunos também parece se transformar através da mediação que a internet torna possível. Por curioso que seja, o mundo virtual sugere novas formas de “encontros” entre nós e eles.
Se o uso intenso da internet pode efetivamente favorecer à aprendizagem dos alunos é coisa ainda a ser avaliada, conforme acumularmos experiências, avaliarmos o que há de novo, e se as dificuldades anteriores foram superadas.
Gostaria de ser um professor digital, atendendo todos estes intens, porém isto demamanda muito tempo de dedicação e pesquisa que a nossa jornada de trabalho não nos permite porque temos antes de tudo cumprir uma carga horaria. Os itens acima, tem a mesma dedicação que um estudante precisa são itens incontestanvéis: estudar ,pesquisar e compartilhar não é tão simples assim. Precisamos, na Bahia, ganhar 40hs e trabalhar em sala 20 e as demais nos preparar para ser um professor digital.
Ser um professor 2.0 dá trabalho, mas traz ótimos resultados.
Uma questão que ainda temos que resolver é, quem pega pelo enorme número de horas que usamos realizando tarefas tais como, atualizar blogs, responder e-mails em listas de discussão sobre assuntos da área, enviar mensagens pro alunos via orkut, twitter e similares avisando de trabalhos, datas de provas, preparar slide shows para aulas, fazer registros das atividades, muitas vezes com imagens que precisam ser editadas e possivelmente transformadas em um vídeo para ser postado no youtube, depois vc ainda divulga tudo isso, para que os interessados possam ver. Afiii, e tome horas e mais horas diante do PC! Mas vc não é pago por esse trabalho. Quando o governo do Estado do Rio e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro entregaram notebooks para seus professores sabiam muito bem o que estavam fazendo, ou seja, ampliando a carga horária de trabalho desses profissionais.