As crianças devem exercitar a frustração


Autodisciplina na comunicação: liberdade com responsabilidade. Este foi o tema da palestra realizada pelo diretor da Central Globo de Relações com o Mercado, Gilberto Leifert, no dia 29 de setembro, na Semana de Comunicação Social do Centro de Estudos de Pessoal Forte Duque de Caxias, no Rio. Em sua apresentação, Leifert, que também é presidente do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), questionou o fato de o Brasil possuir muitas leis sobre que acabam não sendo respeitadas na prática. Segundo ele, há no país uma “sanha regulatória de que tudo se resolverá pelo poder da caneta”.

Antes de falar do trabalho que o Conar vem realizando junto às agências de publicidade e destacar alguns trechos de documentos das Organizações Globo com o objetivo de promover uma autodisciplina de comunicação, Leifert questionou projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que têm como meta restringir e ou proibir a propaganda voltada para a criança, inclusive banindo do comercial sua presença. “Imaginem como ficarão a propaganda da Ceia de Natal ou do automóvel sem a presença das crianças?”.

De acordo com Leifert, o Conar entende que a mensagem de uma publicidade não deve ser endereçada às crianças, mas os produtos podem ser, sim, anunciados. O presidente afirmou que as propagandas voltadas para o público infantil são destinadas às famílias que têm renda. E mais: não é a criança que tem a decisão de agir, são os pais. “Cabe a eles assumir a responsabilidade”.

clique aqui e leia também: qual é a regra para falar com as crianças?

Se algumas crianças ficarão frustradas por não terem o produto, Leifert respondeu: “O número de pessoas que não têm uma Ferrari é grande. Mas é assim mesmo. A indústria não tem como atender a todos. Isso é da vida. As crianças devem exercitar a frustração, sim”.

Ainda sobre o tema, o presidente disse que ao participar recentemente de uma discussão sobre o assunto ficou extremamente constrangido pelo fato de a sociedade, representada por instituições organizadas, estar tão ávida e interessada pela restrição e ou proibição da propaganda voltada para as crianças enquanto não há nenhum movimento para demais causas da infância. Ele citou o caso da menina de 14 anos que foi abusada sexualmente dentro de um presídio, no Pará, e as crianças que foram detidas e quebraram delegacia, em São Paulo. “Não vi nenhum movimento articulado para discutir estes casos”.

Ao destacar os valores que regem a autodisciplina da Rede Globo, bem como o recente documento que traz os princípios editoriais das Organizações Globo, Leifert afirmou que a televisão deve ser recebida como hóspede na casa das pessoas. Portanto, segundo o presidente, ela deve estar de acordo com as regras e etiquetas impostas pelos donos da casa.

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