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A maravilhosa jornada da jovem Alice


Por João Rodrigo Maroni
Gazetinha

Somente a supertecnologia de Hollywood poderia permitir que, 145 anos depois, os geniais livros do escritor inglês Lewis Carroll – Aventuras de Alice no País das Maravilhas (1865) e Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá (1871) – pudessem ganhar uma versão cinematográfica à altura.

Ao menos esta é a expectativa em torno de Alice no País das Maravilhas, filme dirigido por Tim Burton e que chega aos cinemas no dia 23, com cópias em 3D e Imax 3D. Sob a chancela da Disney, o longa-metragem já faturou – até a primeira semana de abril – mais de US$ 310 milhões nos EUA, onde foi lançado em março. Chamam atenção na fita os efeitos visuais e o clima sombrio e esquisitão, marca registrada do cineasta.

Pela sétima vez, o diretor repete a parceria com o astro Johnny Depp (como em Edward Mãos de Tesoura e A Fantástica Fábrica de Chocolate, por exemplo). “Sou um grande fã do livro. É um fenômeno em termos de invenção, de realização literária. É tão brilhante, atual e interessante hoje como era na época”, argumenta Depp, que interpreta o Chapeleiro Maluco (outro personagem para figurar em sua galeria de tipos excêntricos).

“É por isso que todas essas grandes histórias permanecem, porque elas mexem com coisas que as pessoas provavelmente nem têm ciência num nível consciente. Por isso foram feitas tantas versões da história”, avalia Burton, referindo-se às inúmeras edições do livro e adaptações para o cinema, incluindo uma animação de 1951 da Disney.

Coelho branco

Baseado principalmente no livro Através do Espelho, a produção narra a trajetória de Alice Kingsleigh (papel da australiana Mia Wasikowska) aos 19 anos. No dia de seu casamento, a jovem avista um coelho branco no jardim. Ao segui-lo até a toca, Alice cai no buraco e vai parar no Mundo Subterrâneo, onde já estivera na infância, mas que há muito tempo havia esquecido de tal experiência.
Nesse universo paralelo, ela reencontra uma série de personagens bizarros, como os gêmeos Tweedledee e Tweedledum, além do Gato Risonho e do Chapeleiro Maluco, entre várias outras criaturas. “No início, Alice está bem desconfortável e pouco à vontade. Então, sua experiência no Mundo Subterrâneo tem a ver com se reconectar com ela mesma e descobrir que tem a força para ser mais confiante e saber o que quer”, pondera Mia.

Com a volta de Alice, os habitantes do lugar ganham uma aliada poderosa para combater a tirania da Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter, a Belatriz de Harry Potter e o Enigma do Príncipe). Anne Hathaway (O Diário da Princesa) também está no elenco, interpretando a Rainha Branca.

Poucos autores da literatura infanto-juvenil conseguiram criar uma obra que continuasse a ser lida através dos séculos. Lewis Carroll (1832 – 1898) é um desses privilegiados. E mais: as suas duas obras-primas – Aventuras de Alice no País das Maravilhas (1865) e Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá (1871) – continuam surpreendentemente atuais, repletas de lirismo, nonsense e fantasia.

“Ele inaugurou uma nova forma de escrever para crianças. Seus livros não tinham preocupação didática ou moralista; não visavam ensinar boas maneiras ou virtudes, como era o propósito da literatura destinada às crianças nos séculos 18 e 19. Carroll inovou: sua literatura é puro divertimento, jogos de palavras, uma combinação de fantasia, humor e muita imaginação”, explica a escritora Liana Leão, professora de Literaturas de Língua Inglesa da UFPR.

Ao contrário do que se poderia supor, Carroll – que era professor de Matemática – subvertia a lógica nas aventuras de Alice. “As personagens não têm identidade fixa, elas se transformam: um bebê vira um porco, o gato Cheshire desaparece, deixando apenas seu sorriso”, aponta Liana. Para a especialista, os jogos de palavras e a ironia, entre outros atributos da obra, fazem com que ela seja apreciada também pelos adultos.

“E é da perspectiva de Alice que o livro todo é narrado: visitamos o país das maravilhas com ela, compartilhamos seus pensamentos, encontramos lagartas que dão conselhos, chapeleiros loucos, coelhos atrasados, cartas de baralho que jogam croqué…”, exemplifica Liana. No entanto, lembra a especialista, muitas crianças acham o livro um pouco assustador. “Nesse sentido, creio que o novo filme pode aproximá-las novamente de Alice, pode fazer com que queiram conhecer a obra”, avalia.

Homenagem

A história da menininha que avista um coelho branco no jardim e que, ao segui-lo, descobre um mundo repleto de paisagens instigantes e criaturas surreais é uma homenagem de Lewis Carroll a uma jovem amiga: Alice Pleasance Liddell, filha de um acadêmico da faculdade onde Carroll lecionava, em Oxford.

Alice tinha 10 anos na época em que ouviu Carroll narrar, durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa, as aventuras de sua xará. O ano era 1862. A garota gostou tanto da história que pediu ao amigo que a botasse no papel. E ele botou!

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