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Tweens reféns do consumo

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Os tweens têm conquistado autonomia e possuem o seu próprio dinheiro. Apesar disso, o maior desejo do grupo é ficar mais tempo com suas famílias. As conclusões fazem parte da pesquisa de doutorado da pedagoga e economista Maria Aparecida Belintane Fermiano – Pré-adolescentes (tweens) – desde a perspectiva da teoria piagetiana à da psicologia econômica – , defendida, recentemente, na Faculdade de Educação da Unicamp.

Fermiano entrevistou 423 tweens (pré-adolescentes na faixa etária entre 8 e 14 anos) de três escolas da região metropolitana de Campinas. Os tweens, provindos das classes sociais A a E, responderam a um questionário com 93 perguntas. A autora averiguou nas respostas uma nítida relação do marketing com o comportamento dos pré-adolescentes e um investimento pesado em pesquisas para procurar conhecê-los melhor, meras crianças, mas com um poder de compra até então desconhecido. Nos Estados Unidos, os pré-adolescentes gastaram, na década de 60, cerca de US$ 2 bilhões e, na década de 80, US$ 6 bilhões. “E o mercado continua crescendo. É muito dinheiro”, destaca Fermiano.

Quem são os tweens? São crianças muito ativas, gostam de novidades, sabem muito bem o que desejam comprar, apreciam estar com os amigos, permanecem pouco tempo com a família e entendem completamente a programação da televisão, distinguindo o que é comercial daquilo que é programa. Porém, não conseguem distinguir as intenções das mensagens.

Em contrapartida, lidam sempre com dinheiro, embora não tenham noção de valores e não conheçam como funciona o comércio, o que é lucro. Querem o produto na loja, porque lá podem pegá-lo e olhá-lo concretamente, ao passo que não sabem comparar preços, qualidade e as ofertas das diferentes lojas.

A estrutura cognitiva dos tweens, comenta a pesquisadora, não é capaz de dar conta das variáveis que fazem parte da economia. Eles preferem então se ater ao que os amigos falam e não são levados/treinados, pelas famílias, a pesquisar preço, mesmo porque seus pais nem sempre fazem isso.

Eles gostam esmagadoramente dos mesmos programas: Bob Sponja, seriados como Drake & Josh, Hanna Montana e Jonas Brothers. “Em todos esses programas existe um forte apelo em termos de comportamento, em relação às vestimentas e aos gastos. E as crianças estão numa fase em que o que admiram querem [comprar] para elas, já que lidam com muitas fantasias”, observa Fermiano

Ao abordar as diferenças entre os tweens e os tenagers, Fermiano notou que o tenager (adolescente) é mais amadurecido, sexualmente e fisicamente falando. Ele tem estados de humor mais tendentes a oscilações. Possuem uma visão mais crítica de mundo e conseguem fazer relações maiores. O tween ainda está na vigência da infância, embora não admitindo.

Em casa, o menino tween joga bolinha, faz coleção de carrinhos e tem muitos brinquedos. “Quando vai para a escola, não conta para ninguém que faz isso. Vive uma vida dupla ao mesmo tempo que, na escola, procura seguir um comportamento adolescente, porque está se mirando em algum tenager. Em casa, continuará brincando como uma criança, pois é isso que ele é: uma criança”, revela.

Com a menina é a mesma coisa, confirma ela. Na escola, passa batom, quer ficar bonita e se projetar naquela garota mais velha que conhece. Já em casa, brinca de boneca. E não é somente isso. Pelos questionários respondidos, percebeu-se que a atitude que mais irrita a criança que tem oito, nove anos, em relação ao adulto, é ser tratada como criança.

Para Fermiano, essas mudanças de comportamento mostram a importância de se trabalhar a identidade e os valores com as crianças, seja em casa ou na escola: “Posso ser eu sem me preocupar com o que o outro é”, finaliza a autora.

Quem são os tweens

– Pré-adolescentes na faixa etária entre 8 e 14 anos
– Clientes preferenciais do marketing e da mídia
– Gastam tempo exagerado diante da televisão
– Levam vida sedentária
– Constroem novas significações para o mundo globalizado
– Têm dinheiro e gastam cada vez mais para suprir necessidades desnecessárias
– Permanecem muito tempo sozinhos em casa
– Têm acesso à tecnologia, independentemente da classe social

 Fonte - Jornal da Unicamp

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Nina de 12 anos
Nina de 12 anos
9 anos atrás

distinguindo o que é comercial daquilo que é programa. Porém, não conseguem distinguir as intenções das mensagens.

Em contrapartida, lidam sempre com dinheiro, embora não tenham noção de valores e não conheçam como funciona o comércio, o que é lucro. Querem o produto na loja, porque lá podem pegá-lo e olhá-lo concretamente, ao passo que não sabem comparar preços, qualidade e as ofertas das diferentes lojas.

Pfr?! claro que não conseguem distinguir nunca, não ( a doce ironia) Claro que se bebermos 30 red bull’s vamos voar e chegar ao espaço provavelmente o que aconteceria era termos um ataque e morrermos por excesso de cafeína ou energia..
oh e programas como “Shark Tank” já nos chegaram as mentes pervertidas..

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