Volta às aulas: respeito aos docentes e aos estudantes

Leia e reflita. Artigo de Gina Vieira Ponte.

Por Gina Vieira Ponte
Especialista em desenvolvimento humano, educação e inclusão escolar, educação a distância e letramentos nos Anos Finais. Mestra em Linguística. Atuou como professora da Educação Básica por mais de 30 anos

Desde o episódio da pandemia, não tinha tido a experiência de estar em sala de aula, presencialmente, com estudantes da Educação Básica. Tinha feito, no intervalo de março de 2020 a dezembro de 2021, várias conversas com estudantes do Ensino Fundamental e Médio, a convite de colegas meus, mas sempre virtualmente.

Ontem, aceitei o convite de uma amiga muito querida de fazer uma conversa com os estudantes dela do 9º ano. Acabei conversando com todos os estudantes da escola, além do 9º ano, as turmas do Ensino Médio. Não sei descrever muito bem o que me tomou, mas me senti profundamente emocionada de voltar a pisar o solo da sala de aula, que eu considero solo sagrado.

A energia e a vibração do encontro presencial nem se comparam à frieza imposta pelas telas. Poder olhar no rosto de cada um e, mais do que isso, sentir o que diz cada gesto, cada sinal, o corpo que se retrai ou se expande com uma fala, os olhos marejados de quem ouve, verdadeiramente, o encanto diante de uma imagem, a cumplicidade do riso de quem se sentiu incluído e enxergado, a timidez de quem não quis perguntar publicamente, mas vem ao final conversar e pedir um abraço.

A sala de aula é solo sagrado porque quem escolhe pisar nele, escolhe responder pela formação integral das novas gerações. Não conheço nada mais importante do que este trabalho. E, por isso mesmo, apesar de ter uma dimensão de sagrado, porque conecta nós, os mais velhos, aos que vão herdar o mundo que criamos, não é fácil, não é simples e não coaduna com qualquer tentativa de aligeiramento, silenciamento ou padronização.

Neste retorno às aulas presenciais, eu desejo, de verdade, que a defesa da “recomposição das aprendizagens” não se transforme em expressão de violência a profissionais da educação e estudantes.

Para recompor aprendizagens é necessário que os sujeitos envolvidos no processo pedagógico sejam respeitados em sua inteireza.

A vocês, professora e professor da Educação Básica, e demais profissionais da educação, que vão enfrentar um ano letivo cheio de desafios, envio as minhas melhores vibrações e melhores desejos!

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