Por Marcus Tavares
Estreou na última sexta-feira em todo o país o filme O gato de botas, mais uma produção da Dreamworks. Muito já se falou sobre o filme, mas pouco sobre um tema que interessa aos pais: o lanche depois do cinema. Os responsáveis que podem levar seus filhos para o tradicional lanche sabem do que se trata. Os brinquedos do clássico McLanche Feliz, a partir de agora, também estão sendo vendidos em separado do lanche, se assim desejar o consumidor. Pelo menos, é o que informa – naquelas letrinhas bem pequenas -, os comerciais da empresa que circulam no You Tube.
Por quê? Talvez, tenha sido pelos inúmeros questionamentos de pais e entidades de defesa do consumidor e infância que há anos reclamam da venda casada: lanche e brinquedos. Além disso, a Fundação Procon de são Paulo acabou de aplicar uma multa no valor de R$ 3.192.300,00 ao McDonald’s por conta das promoções do McLanche Feliz, que associam exatamente a venda de alimentos com os brinquedos. A decisão foi publicada no Diário Oficial, mas a empresa ainda pode recorrer.
O caso foi denunciado pelo Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, em 2010. Segundo a denúncia, com essas práticas, “o McDonald’s cria uma lógica de consumo prejudicial e incentiva a formação de valores distorcidos, bem como a formação de hábitos alimentares prejudiciais à saúde”. De 2010 até hoje, já foram produzidas 18 campanhas casadas.
“A criança assiste à publicidade do McDonald’s com os personagens do filme nas tevês e depois nos trailers. Quando sai do cinema, não raras vezes, já esbarra numa loja da rede. É uma ação de marketing muito agressiva, que se aproveita da vulnerabilidade infantil para vender. É antiético”, comenta Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Projeto Criança e Consumo.
Ela lembra que a discussão em torno desse tipo de promoção não é de hoje. Em abril de 2010, o Criança e Consumo também denunciou a publicidade do McDonald’s com brindes do filme “Rio” para o Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar). A entidade publicou um parecer em que chamava o Alana de “Bruxa Alana, que odeia criancinhas”. Além de ofensivo, o texto minimizava o problema da obesidade infantil no Brasil, que já atinge 15% das crianças. O caso teve grande repercussão e colocou em xeque a capacidade do Conar em tratar de assuntos de interesse público.