Por Tiago Cabral Dardeau
Coordenador do Curso de Roteiro do NAVE
A cibercultura ou Cultura Digital traz elementos que precisam ser considerados e incorporados pela escola, para que a mesma acompanhe as transformações que vem ocorrendo, principalmente no campo da comunicação. A expressividade cotidiana dos jovens na contemporaneidade deve ser investigada sob o ponto de vista cultural, possibilitando novas práticas pedagógicas significativas.
Compreender esse jovem contemporâneo atuando no “espaço liso” [expressão deleuziana para classificar o espaço das subjetividades, dos movimentos não lineares, das emoções], com suas multiplicidades, sensibilidades e complexidades é um caminho a ser trilhado para construção de novas relações de ensino e aprendizagem.
As instituições de ensino, em sua maioria, ainda adotam um sistema pedagógico calcado em processos homogêneos, autoritários, unidirecionais, projetados para a Era Industrial. A escola dos estudantes do século XXI tem o modelo do século XIX.
Na década de 80 o conceito de letramento apontou para “a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais avançadas e complexas que as práticas do ler e do escrever resultantes da aprendizagem do sistema de escrita.” (SOARES, 2004).
No mesmo campo de ampliação e contextualização das práticas educativas, nesta segunda década do novo século, um outro caminho é pensar a Educação a partir de “Múltiplos Alfabetismos”, definição proposta pelo New London Group. (O grupo é composto por pesquisadores renomados de nacionalidades americana, inglesa e australiana. Foi assim nomeado por conta do lugar onde se encontraram pela primeira vez , em 1994: New London, em New Hampshire, EUA. Em 1996, o grupo publicou o primeiro artigo intitulado “A Pedagogy of Multiliteracies: Designing Social Futures”, na revista Harvard Educational Review).
Complementando a necessidade dos múltiplos alfabetismos, é importante também repensar as relações professor-aluno; ensino-aprendizagem; passividade-interatividade; individual-cooperativo; espaço-tempo. No mundo contemporâneo, tão importante quanto a bagagem de conhecimento, é o saber procurar, saber fazer escolhas, analisar e criticar qualificadamente. Repensar essas relações sob a luz da cultura digital significa repensar a Educação: os processos de ensinar e aprender, os espaços físicos, os tempos de aula, os currículos, as turmas. As críticas ao que deve mudar na Educação já ganharam forma há algum tempo, porém, o novo, aquilo que deve fortalecer novos paradigmas, ainda precisa ser testado, validado empírica e teoricamente.
Talvez uma dessas mudanças possíveis, e a mais evidente e urgente, seja a compreensão da necessidade de participação da escola na cultura digital, dialogando com os educandos através de uma linguagem contemporânea, que se aproxime de suas práticas sociais.
Caros Joel e Denise,
encontrei o conceito de “Múltiplos Alfabetismos” no excelente livro “Catadores da Cultura Visual” de Fernando Hernández (coleção Educação e Arte. Editora Mediação). Este conceito é similar ao que chamamos de Midiaeducação. Também fiquei curioso em conhecer mais trabalhos do New London Group, mas as referências na internet são poucas e todas em inglês.
Um abraço.
Tiago, interessante o seu artigo e mais impressionante ainda, pois no auge da aposentadoria ainda não conhecemos nada; como diz a Denise rezende “preciso conhecer mais a fundo o conceito de “Múltiplos Alfabetismos” proposto no texto .
Abraços
Joel
interessante
Tiago,
Gostei muito do seu texto!
Existe material traduzido sobre os estudos do New London Group?
Gostaria de conhecer mais a fundo o conceito de “Múltiplos Alfabetismos” proposto no texto.
Sucesso!
bjs
Denise Rezende