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Fórum Pensar Infância

Cinema infantil brasileiro: pacto com cotas ou linhas de financiamento. Leia o que aconteceu na abertura do evento.

Por Marcus Tavares

Cinema infantil brasileiro: o quadro não é um dos melhores. A constatação é unânime entre criadores, produtores e formuladores de políticas públicas que estiveram presentes na abertura do Fórum Pensar a Infância, realizado na segunda-feira, dia 27, no Oi Futuro Ipanema, no Rio. Neste cenário, há boas perspectivas? Talvez. Para Glauber Piva, diretor da Ancine, e Sérgio Sá Leitão, diretor-presidente da RioFilme, é preciso que todos os setores envolvidos e interessados no tema estabeleçam um pacto pelo cinema infantil, pela infância brasileira, para que mudanças sejam, de fato, implantadas. Pacto que passa, segundo Leitão, pelo estabelecimento de cotas, por políticas afirmativas por parte dos governantes. Para Piva, não por cotas, mas por linhas especiais de financiamento.

“O mercado de cinema está vacilando com a infância. O que era ruim ficou ainda pior por conta de duas questões. Primeiro: o país perdeu, ao longo dos anos, as franquias de sucesso, oriundas da tevê, que garantiam boa bilheteria, como Os Trapalhões e Xuxa. Segundo: estamos assistindo à chegada dos filmes em 3D. O olhar das crianças está sendo treinado pelas produções estrangeiras neste formato, que não é pensando, nem produzido no Brasil. A indústria brasileira está se abdicando de conquistar corações e mentes das nossas crianças. A indústria audiovisual despreza o público infantil, que representa um terço da bilheteria. Um saída seria o estabelecimento de cotas. Toda política afirmativa tem caráter pedagógico. Na hora que demarca território, gera demanda”, avaliou Leitão.

Em sua fala, Piva concordou com Leitão, mas defendeu como ação concreta e imediata o estabelecimento de uma linha de financiamento para a cadeia produtiva do cinema infantil. Com recursos na ordem de R$ 600 milhões, que deverão ser aplicados ainda este ano, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), na avaliação de Piva, deveria abrir uma linha específica voltada para o público infanto-juvenil. Segundo ele, esta é uma proposta que deverá ser levada e analisada pelo Comitê Gestor do FSA, composto por representantes do Governo Federal e da sociedade civil.

Clique aqui e saiba o que é o Fundo Setorial do Audiovisual

“Já foi anunciado, no primeiro semestre, um investimento de R$ 205 milhões. Agora, neste segundo semestre, serão destinados, para o mercado, mais R$ 400 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual. Defendo que haja uma linha específica para a infância. Neste sentido, deveríamos investir na qualificação profissional para produção e gestão de audiovisual e no desenvolvimento de projetos. Seria importante também estimular a ampliação das co-produções internacionais na área, a produção multiplataforma e a inclusão do audiovisual nos currículos da Educação Básica. São ações que deveriam estar na pauta de um pacto pela infância. Mas é um pacto muito além de filmes que vamos financiar, que cinemas vão exibir. Vamos propor [um pacto pela infância] de verdade para o país inteiro? Para o Governo? Para institutos, vários ministérios e níveis governamentais? Assim como somos capazes de fazer um pacto pelo desenvolvimento, pela geração de emprego, pelo combate à miséria, vamos discutir a infância no Brasil pra valer? Isto significa enfrentar corporações, enfrentar visões de mundo. O que estamos fazendo aqui é uma disputa de visão de mundo. Passado o Fórum Pensar Infância, gostaria de debater com vocês da coordenação do Fórum e outras pessoas interessadas uma proposta para o Comitê Gestor do FSA”, garantiu Piva.

A abertura do evento, que integra o Festival Internacional de Cinema Infantil (FICI), também contou com a participação de Julia Levy, superintendente do audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura do Rio, e de Rafael Parente, subsecretário de novas tecnologias educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio.

No final do encontro, Carla Camurati, diretora do FICI e mediadora do evento, destacou que política pública, no caso a de audiovisual para a infância, não pode ser um ‘balcão de negócios’, ‘um jogo de empurra’. “Nossa legislação tem problemas. Não temos, de fato, uma política pública de cultura. É preciso um raciocínio mais profundo sobre o tema”, ponderou.

Os produtores Diler Trindade, Pedro Rovai e Virginia Limberger, a diretora Karen Acioly, a diretora do ComKids, Beth Carmona, o diretor de cinema de animação, Andrés Lieban,e a diretora do Festival Internacional de Cinema Infantil de Florianópolis, Luiza Lins, acompanharam o debate, bem como uma plateia atenta de professores, criadores, realizadores e defensores da causa da infância.

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