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A era do hiperindividualismo

sf-gilles_8396.jpg lipovetsky image by OMEUSOFA

O escritor e professor de filosofia e sociologia da Université de Grenoble, Gilles Lipovetsky esteve em São Paulo no último dia 24 de setembro. Ele participou do Fórum Mundial Amforht 2010, que tem o objetivo de debater as últimas tendências na área de turismo.  O tema de sua palestra foi: as experiências contemporâneas e o consumo. Autor dos livros A felicidade paradoxalO Império do efêmero, Gilles falou sobre o que chama de hiperconsumo, no qual tudo – hospitalidade, sexo, saúde, bem-estar, luxo, prazer… – se transformou em mercadoria, produto ou serviço.

Em entrevista ao caderno Equilíbrio da Folha de S. Paulo (edição do dia 28 de setembro), o escritor explicou que o hiperconsumidor está “preso num emaranhado de informações e ele tem muitas regras a seguir. No hiperindividualismo, a gestão do corpo é central”. O que explica, portanto, a onda do emagrecimento, do parar de fumar, dos anabolizantes, dos remédios e vitaminas.

Qual a saída para toda essa ansiedade? Segundo Gilles: as compras. “Antes as pessoas iam à missa, agora elas vão ao shopping Center. Comprar, ir ao shopping, viajar – são terapias modernas para depressão, tristeza, solidão. Você pode comprar terapias de desenvolvimento pessoal. Um fim de semana zen, um pacote de massagens. Todas as esferas de vida estão subjugadas à lógica do mercado”.

Na entrevista à Folha de S. Paulo, Lipovetsky explica que o hiperindividualismo aparece quando a sociedade nega as instituições da coletividade. “A religião, a comunidade, a política. Os deuses são os homens. O indivíduo é um agente autônomo que deve gerenciar a própria existência. Esse indivíduo pode fazer escolhas privadas – que profissão seguir, com quem se casar, o que comprar – mas está submetido às regras da globalização econômica de eficácia, de produtividade, juventude, consumo”.

Ele completa: “O acesso ao conforto material, enquanto sociedade, não nos aproximou da felicidade. Há tanta ansiedade, tanto estresse, tanta angústia e tanto medo que a abundância não consegue proporcionar um sentimento de plenitude”.

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Maya
Maya
13 anos atrás

Muito interessante a matéria. Esse conceito deveria fazer parte das matérias teóricas do curso de Comunicação. Mas cabe ressaltar que os mais humildes ainda recorrem à religião para que lhe proporcione paz de espírito e esperança num futuro melhor, visto que não possuem recursos para viajar e/ou fazer compras para desestressar, por exemplo. Cabe lembrar também que no Brasil a religião vem se tornando um instrumento para a manipulação da massa, principalmente no que diz respeito à política.

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