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Mídia, educação e trabalho em Barra do Piraí

“O que estamos buscando é a construção de uma nova cidade e esses três pontos – mídia, educação e emprego – são fundamentais para chegar lá”, Roberto Monzo Filho.

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Por Marcus Tavares

No início de março, o município de Barra do Piraí, no Estado do Rio de Janeiro, promoveu o 1º Festival Internacional Estudantil de Cine e Vídeo. O evento era um desdobramento do Projeto Luz, Câmera, Educação!, criado pela prefeitura com o objetivo de estimular e incentivar entre os alunos das escolas da região – estaduais, municipais e particulares – a produção audiovisual. Cerca de 300 jovens participaram das oficinas. O trabalho resultou na criação dez vídeos – produzidos e finalizados pelos adolescentes – que participaram do Festival, concorrendo em diversas categorias.

Por trás da medida está a criação do Pólo Audiovisual de Barra do Piraí, uma política pública da prefeitura  que pretende transformar o local, famoso por suas fazendas do ciclo de café, em locações para diversas produções, ampliando e favorecendo assim o mercado de trabalho dos cerca de 88 mil habitantes.

A revistapontocom conversou com o secretário municipal de Trabalho, Desenvolvimento Econômico, Turismo, Lazer e Cultura de Barra do Piraí, Roberto Monzo Filho. Um dos idealizadores do projeto, Roberto explicou detalhes da proposta.

Acompanhe:

revistapontocom – De onde surgiu a ideia de criar o 1º Festival Estudantil de Cinema de Barra do Piraí?
Roberto Monzo Filho
– O Festival foi previsto quando idealizamos o projeto Luz, Câmera, Educação!, onde os alunos participaram de oficinas de audiovisual, aprendendo como se dá todo o processo de produção de um filme. Ao final, cada grupo produziu seu próprio curta metragem. Os dez curtas realizados nas oficinas participaram, então, do festival, competindo em oito categorias. Decidimos realizar o festival com a intenção de incentivar ainda mais os alunos, objetivando uma melhor qualidade e um maior envolvimento de toda a comunidade do município.

revistapontocom – O que chama a atenção é que o projeto partiu de uma política pública voltada para o trabalho.
Roberto Monzo Filho
– Isso. O projeto está inserido no Pólo Audiovisual de Barra do Piraí, uma política pública da atual prefeitura que visa a promover o desenvolvimento da região com base na economia do audiovisual. Com as oficinas que realizamos nas escolas, despertamos o interesse dos jovens para o audiovisual e descobrimos novos talentos, trabalhando assim numa iniciação profissional e, ao mesmo tempo, na formação de plateia. Para aqueles que desejarem seguir carreira, vamos oferecer cursos profissionalizantes na área. O projeto Luz, Câmera, Educação!, que deu origem ao festival, tem, portanto, duas vertentes: a econômica, como já foi dito, e a social, que trabalha na direção de oferecer aos jovens a possibilidade de utilizar a linguagem audiovisual como instrumento de socialização. Por meio deste projeto, inúmeros aspectos foram trabalhados com os estudantes, como a criatividade (os próprios alunos escolheram os temas de seus filmes), a própria socialização (o trabalho exigiu cooperação de diferentes estudantes), a cidadania (a partir da reflexão e discussão da realidade dos próprios alunos), e a auto-estima (os alunos tiveram a oportunidade de expressar, de serem vistos e ouvidos). Isso sem falar nas possibilidades pedagógicas que foram desenvolvidas, como o resgate da cultura e da história local.

revistapontocom – Trata-se de um plano estratégico: aliar mídia, educação e emprego?
Roberto Monzo Filho
– Certamente. O que estamos buscando é a construção de uma nova cidade e esses três pontos – mídia, educação e emprego – são fundamentais para chegar lá.

revistapontocom – O pólo já é uma realidade?
Roberto Monzo Filho
– O Pólo Audiovisual já conquistou duas produções. No ano passado, tivemos a realização de uma minissérie chamada Cinco Vezes Machado, da Bossa Produções, direção de Jom Tob Azulay. Foram cinco contos de Machado de Assis produzidos no município, com atores locais. Deverá ir ao ar pelo Canal Brasil, até o mês de maio. Agora, estamos com a produção do longa-metragem Peso da Massa Leveza do Pão, da Taiga Filmes, direção de Julia Murat, que também está utilizando pessoas locais, dessa vez acima de 65 anos. Além das produções que movimentam a economia local, a mídia espontânea gerada pelo projeto é outro destaque. Isso porque o projeto também tem a visão de fomentar o turismo a partir da promoção da cidade e do interesse despertado pelos filmes.

revistapontocom – Como foi desenvolvido o projeto nas escolas?
Roberto Monzo Filho
– Na primeira etapa, trabalhamos na formação dos multiplicadores, ou seja, preparamos os professores das escolas para que pudessem, num segundo momento, ministrar as oficinas para os alunos. Foram convidadas todas as escolas da cidade: municipais, estaduais e particulares. Afinal, nosso projeto não é para as escolas, mas, sim, para a cidade. Portanto, todas as escolas que aceitaram nosso convite foram atendidas. A formação dos multiplicadores e a coordenação das oficinas ficaram a cargo da Mauá Filmes, uma produtora com experiência nos dois pontos fundamentais – produção e formação. Esses multiplicadores passaram, então, pelo mesmo processo que posteriormente seus alunos seriam submetidos. Eles tiveram que produzir um filme. Foi muito interessante notar a vibração deles ao assistirem aos vídeos produzidos. As oficinas – com os alunos – tiveram a duração de dois meses. Os alunos tiveram dois dias para gravar. Foi surpreendente o resultado pelo pouco tempo disponível para o projeto. Como a prefeitura dispõe de poucos recursos, buscamos na iniciativa privada o apoio para viabilizar o projeto. Tivemos o apoio da UGB (Centro Universitário Geraldo di Biase), da Associação Comercial e Empresarial de Barra do Piraí e o patrocínio da Reluz Logística Reversa Ltda. Para o festival, contamos com o apoio do Sebrae e também da Secretaria Estadual de Educação.

revistapontocom – Quais são os desafios?
Roberto Monzo Filho
– Dar continuidade ao projeto e angariar novos parceiros para que a proposta possa expandir e consolidar. Estamos trabalhando na criação dos cursos profissionalizantes para aqueles estudantes que desejam seguir carreira na área. A formação de mão de obra é fundamental para que a cidade se aproprie do projeto, fazendo com que as produções absorvam o pessoal local, além dos serviços. Vamos levar o projeto para outras escolas que estão nos procurando a partir do sucesso e da repercussão do festival. Por fim, nosso maior desafio e principal objetivo é tornar Barra do Piraí conhecida e reconhecida como a Cidade do Audiovisual.

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Robson Monteiro
Robson Monteiro
13 anos atrás

Prezado Carlos Ribas,

Antes de tudo, convido-o para uma visita e conhecer de perto o trabalho, ouvindo das próprias escolas, professores e alunos envolvidos sobre os resultados alcançados. Entendo sua preocupação sobre o uso das mídias, mas pondero, também, sobre os conteúdos curriculares de nossas escolas, pois os considero pouco educativos, entre outras considerações.
Fique tranquilo, pois há um projeto pedagógico e comprometimento com os objetivos.
O Festival acontece todos os anos entre os dias 7 e 10 de março. Venha assistir aos filmes da edição 2010/2011 e poderá assistir aos filmes da edição 2009/2010 junto conosco. Será um prazer recebê-lo.

Carlos Ribas
Carlos Ribas
13 anos atrás

Me apetece perguntar como o uso das mídias neste projeto trabalhou os conteúdos curriculares dos anos de escolaridades destes estudantes?
Quais estratégias foram aplicadas para desenvolver a aprendizagem e como foram avaliadas?
Houve um acompanhamento contínuo para avaliação?
Houve avanço destes alunos na construção de seus conhecimentos , como foi avaliado este avanço?
Muito nos preocupa o uso das mídias só por usar, sem estar inseridas dentro de um contexto sócio educativo, onde só se perde tempo.
O senhor Roberto falou em economia, em tornar sua cidade conhecida e reconhecida em polo audiovisual com bastante propriedade.
Visitei o vosso blog e não encontrei os filmes, muito me apetece conhecer a cultura desta região, que está sendo resgatada, principalmente assistir os filmes produzidos por estes alunos.

Maria do carmo Procaci Santiago
Maria do carmo Procaci Santiago
14 anos atrás

Boa tarde!
Gostei muito da iniciativa de todos de promover este trabalho em Barra do Piraí, cidade em que morei durante três anos e gostei muito.
O que estamos buscando é a construção de uma nova cidade esses três pontos – mídia, educação e emprego – são fundamentais para chegar lá. Esta fala me chamou a atenção e parabenizo mais ainda a
vontade, a busca por tempos melhores na cidade. Este projeto com certeza dará mais voz à cidade.
Parabéns a todos e continuem o lindo trabalho e com outros projetos tb.

Roberto Monzo
Roberto Monzo
14 anos atrás

Só para esclarecer, Piraí é outra cidade, vizinha a Barra do Piraí. É muito comum as pessoas confundirem as duas. O Polo Audiovisual, portanto, é iniciativa de Barra do Piraí.

Agradecemos pelo espaço e pelo comentário da Rita.

Rita Barbosa
Rita Barbosa
14 anos atrás

Interessante a iniciativa da produção de vídeos no município. As autoridades de Piraí estão dando importância a essa cultura tão presente no cotidiano do brasileiro que é o vídeo, a telinha.

Parabéns pela iniciativa! Tomara que outras comunidades copiem a idéia!

Rita

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