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Cinema (direito de todos) é a maior diversão

“O bairro de Guadalupe sai das páginas policiais dos jornais e passa a ocupar os cadernos de cultura, as revistas e os programas de TV do país. O orgulho dos moradores é evidente”, Adailton Medeiros.

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Por Marcus Tavares
. Este é o slogan comemorativo do quarto ano do projeto Ponto Cine que tem o objetivo de difundir o cinema nacional e, antes disso, possibilitar o acesso da população à sétima arte. A iniciativa, que acontece em um shopping de Guadalupe, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, vem modificando o dia a dia da comunidade local.

4 anos arroz, feijão e cinema

Em entrevista à revistapontocom, o coordenador do projeto, Adailton Medeiros, conta a história do Ponto Cine. Explica as dificuldades da proposta e adianta, nas entrelinhas, que novos frutos virão em outros bairros da cidade do Rio. É só aguardar e torcer.

Acompanhe:

revistapontocom – O que é o Ponto Cine?
Adailton Medeiros –
É a primeira sala popular de cinema digital do país, inaugurada em maio de 2005, em Guadalupe, subúrbio da Zona Norte do Rio. Construída em modelo stadium e dentro dos padrões de acesso, a sala tem capacidade para 73 pessoas e conta com dois espaços para cadeirantes. Suas poltronas são ergonômicas, mais largas que as dos cinemas do circuito e, além disso, possui duas fileiras – uma vertical e outra horizontal – com acentos especiais para obesos. Nosso objetivo é interiorizar o cinema brasileiro geograficamente no país e ‘culturalmente’ nas pessoas.

revistapontocom – A proposta do Ponto Cine, em teoria, é muito simples, por que não existem mais ‘pontos cines’?
Adailton Medeiros
– Costumamos dizer que o Ponto Cine não é mais uma ideia, mas, sim, um projeto testado e aprovado na prática. Um projeto que deu e dá certo. Estamos convencidos e tentamos convencer os órgãos reguladores e fomentadores que o modelo Ponto Cine é uma alternativa (não a única), para o mercado exibidor brasileiro. Percebermos que há um discurso e uma prática em sentidos desencontrados por parte de quem pode e deve fomentar o setor exibição, que passa pelas instâncias governamentais. O “discurso” anuncia a todo instante que quer valorizar a novidade, a criatividade, que quer apostar nos novos empreendedores. No entanto, a “prática” tem seu olhar conservador, sua análise burocrática, seu olhar do e no passado. Para o discurso político, o Ponto Cine, com entrada a R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia), é tudo que o Brasil precisa para incrementar a exibição, especialmente de filmes brasileiros. Para os órgãos políticos financiadores, investir num projeto que cobra esses valores é inviável. “Não se sustenta”, dizem, mesmo o Ponto Cine já completando quatro anos. Lamentavelmente, a análise que fazem é em cima dos valores dos ingressos, como se o negócio fosse apenas a venda dos bilhetes. O que não é. O nosso projeto é bem mais amplo. O nosso negócio é cinema. Mal comparando, é como se o negócio de uma padaria fosse só vender pão. Pão, na maioria das vezes, é o mínimo.

revistapontocom – Que inovações o Ponto Cine apresenta?
Adailton Medeiros
– A maior e mais visível é a revitalização urbana. Essa mudança iniciou-se internamente no Shopping. Quando entramos várias lojas tinham fechado suas portas, haviam falido porque seus donos não eram profissionais do comércio. O Shopping estava desacreditado. Com a obra, a inauguração do Ponto Cine e seu sucesso, todas as lojas foram ocupadas. O 2º andar também não tem mais nenhuma sala comercial vazia. O 3º pavimento foi todo ocupado pela Universidade Estácio de Sá e os donos do Shopping já pensam em ampliar o espaço com a construção de um novo pavimento.Depois vieram as sinalizações (semáforos, olhos de gato na pista, pintura de faixa na estrada do Camboatá), o aquecimento do comércio, a urbanização da Rua Marcos de Macedo, a principal rua do bairro, a valorização dos imóveis da redondeza. Mas tudo isso aconteceu porque demos uma atenção maior, primeiramente, às pessoas da localidade. Trabalhamos a auto estima dos moradores. O nosso foco sempre foi voltado para a comunidade. E o cinema era e é o meio que utilizamos para atingi-las. Começamos a trazer cineastas, atores, roteiristas e profissionais de cinema para baterem papo com a comunidade que ficava, portanto, frente a frente com seus ídolos. Ídolos que estavam indo ao encontro do seu público e não ao contrário. Isso funcionou e funciona muito bem. Eleva a auto estima da população. O bairro de Guadalupe sai das páginas policiais dos jornais e passa a ocupar os cadernos de cultura, as revistas e os programas de TV do país. O orgulho dos moradores é evidente.

revistapontocom – Daí o slogan de vocês: arroz, feijão e cinema…
Adailton Medeiros
– Assim como arroz e feijão na nossa culinária são alimentos básicos e indispensáveis, cinema é um elemento rico em nutrientes para a nossa cultura. Cinema alimenta a alma das pessoas e fortalece a consciência de um país.

revistapontocom – O que representa quatro anos do Ponto Cine?
Adailton Medeiros –
Representa sucesso, vitória, perseverança e crença que tudo é possível. Representa três ‘Prêmios Adicional de Renda – 2007, 2008 e 2009’, concedidos pela Agência Nacional de Cinema como o Maior Exibidor de Filmes Brasileiros em todo o Brasil; o 1º Prêmio PEC, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio; e o Prêmio Faz Diferença, do Jornal O Globo, pelo trabalho de difusão e democratização do acesso ao cinema brasileiro. Nossa equipe é composta de 15 pessoas. Um grupo que tem uma média de 24 anos de idade. Costumo brincar invertendo o ditado: “às vezes, parece que a realidade parece mais ficção do que a própria ficção”. São 15 suburbanos vivendo de cinema no subúrbio.

revistapontocom – O que vem por aí?
Adailton Medeiros –
Gostaria de dizer que é surpresa, fazer um “doce”. Temos duas frentes: Penha e Niterói. Duas pedreiras, mas somos como água, a gente bate até que fura.

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Kelly Toledano
Kelly Toledano
13 anos atrás

Parabéns ao Adailton e toda a equipe pelo projeto. Vida longa ao Ponto Cine, pois o cinema nacional e os brasileiros merecem!

André Porfiro
André Porfiro
13 anos atrás

Sou frequentador do Ponto Cine. Constantemente levo adolescentes do CRIAAD de Nova Iguaçu para assistir sessões na sala escura de Guadalupo. É um verdadeiro processo de alfabetização em cinema, promovido pelo Ponto Cine no projeto ProSocial de Cinema. Uma experiência que deveria ser levada para outros municípios fluminenses. Parabéns a todos da Equipe do Ponto Cine!!!!!

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