Qual é o poder da poesia? Você já parou para pensar sobre isso? Em uma rápida pesquisa na web, encontramos duas notícias. Uma vem da Universidade de Liverpool. Em 2013, estudos da instituição apontaram que a poesia faz bem ao cérebro. Ela é mais eficaz do que livros de auto-ajuda. Pelo que foi divulgado, especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade, monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários durante a leitura de poesias. A outra notícia publicada pela Academia Americana de Pediatria, em 2021, constatou que um grupo de 44 crianças hospitalizadas, depois que foram encorajadas a ler e escrever poesia, teve uma redução nos sentimentos de medo, tristeza, raiva, preocupação e fadiga. A poesia foi uma distração bem-vinda e uma oportunidade de autorreflexão, concluíram os pesquisadores.
De certo, há outras pesquisas na área. É bem provável que muitas pessoas nem precisam das dicas da ciência. Poesia acalma o coração e faz parte do dia a dia. É neste sentido que a revistapontocom, a partir de agora, vai brindar seus leitores com as poesias e poemas do escritor Antônio Sérgio Bueno, professor (aposentado) de Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da UFMG, autor dos livros Vísceras da Memória, Affonso Ávila e O Modernismo em Belo Horizonte: década de 20. Todos publicados pela Editora UFMG.
1) ECOS DO SILÊNCIO
Por Antônio Sérgio Bueno
Numa natureza-morta,
louças, frutas, flores vivas.
Ouço estático silêncio,
vejo nuances de cores.
Pulsa uma vida parada,
vida discreta de formas.
Vida impessoal, suspensa,
mas vida ainda, Still-Life
2) O AVESSO DO PENTIMENTO
Por Antônio Sérgio Bueno
Na tela do espelho,
desmonte, erosão, ruína,
raiva, recusa, revolta.
Imagens latejantes:
cabelos escurecem,
dentes clareiam,
olhares cintilam,
desejos despertam.
Vertiginoso cansaço!
O lento regresso
das imagens sucessivas
à figura cansada
que me olha do espelho.
A poltrona me acolhe!
