Por Tainá de Paula
Arquiteta, urbanista e ativista das lutas urbanas. É especialista em Patrimônio Cultural pela Fundação Oswaldo Cruz e Mestre em Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é vereadora licenciada e ocupa o cargo de Secretária de Meio Ambiente e Clima da Cidade do Rio de Janeiro.
Falar do Dia Mundial da Água e sua importância para a sociedade como um todo é praticamente “chover no molhado”. A preservação ambiental, combate às mudanças climáticas, arrefecimento do aquecimento global passam por uma conscientização social intensa e profunda. Dia 22 de Março é celebrado o Dia Mundial da Água e qual a real celebração teremos nesta data?
Um levantamento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2023, revela que cerca de 46% da população mundial não tem acesso a serviços de saneamento seguros, mais de 2,1 milhões de pessoas vivem em situação de escassez de água durante pelo menos um mês por ano e, no Brasil, a situação não é menos desfavorável.
Mesmo concentrando 12% de toda água potável do mundo, 35 milhões de brasileiros ainda não possuem acesso à água tratada e quase 100 milhões de pessoas no país não têm acesso à coleta de esgoto. A região Norte concentra cerca de 80% da água disponível no Brasil, enquanto as regiões próximas ao Oceano Atlântico possuem menos de 3% dos recursos hídricos do país
Mas falar somente em números torna-se a data fria e precisamos de atitudes, de ações que realmente vão melhorar a vida das pessoas e a qualidade da água que a sociedade consome. As mudanças climáticas é um tema presente, que precisa ser debatido e essas alterações influenciam diretamente a qualidade e quantidade de água potável no mundo.
À frente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima, coordeno o Programa Guardiões dos Rios, que consiste em capacitação para agentes ambientais comunitários para atuarem na limpeza e conservação dos canais dos rios da capital. O Guardiões dos Rios beneficia comunidades no Rio, prevenindo contra enchentes, mau cheiro e infestação de insetos. Além disso, o programa também possui um módulo de educação ambiental, orientando mutirantes e população em relação à conservação dos rios.
Precisamos entender a importância de se preservar a natureza pensando no futuro, mas olhando para o passado, percebendo o quanto o homem já degradou o meio ambiente e aprendendo com essas atrocidades que já cometemos contra a biodiversidade brasileira.
No final de semana, o Rio de Janeiro registrou um recorde na sensação térmica, chegando a 62,3º. Esse superaquecimento afeta, principalmente, pessoas periféricas que não possuem estrutura adequada em casa para enfrentar essas altas temperaturas. Não possuem ar condicionado, a quantidade de pessoas por
residência é maior, enquanto o tamanho das casas são infinitamente menores, em comparação com outros bairros não periféricos.
Precisamos nos unir, fazer com que a data seja realmente de celebração, mas
também de conscientização para toda a população. Não existe plano B para o meio
ambiente.