Por Marcus Tavares
Textos, sugestões de filmes, história das imagens e da arte e muita didática para que os participantes possam compreender as relações entre os problemas filosóficos e a realidade de nosso tempo. Esta é a proposta do curso Filosofia Contemporânea, que será ministrado, online, por Marcia Tiburi, a partir do dia 9 de março.
São 40 aulas.
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Ao apresentar temas essenciais e urgentes da filosofia contemporânea, a professora e filósofa deseja duas coisas: “ajudar as pessoas a um mergulho profundo e prazeroso nos grandes temas da filosofia contemporânea, ou seja, um acesso a um conteúdo que é interessante e transformador no sentido de nos ajudar a pensar o nosso tempo e oferecer uma experiência subjetiva de alegria com o conhecimento que nos tire da tristeza e da inoperância’, explica em entrevista à revistapontocom.
Segundo Marcia, a filosofia como reflexão é fundamental para estabelecer diálogos entre os campos do conhecimento. “Mas creio que o mais importante é que a filosofia nos ajuda a entender a subjetividade de uma época e assim os desejos de ensinar e aprender”.
Na entrevista que se segue, Marcia fala sobre a relação entre filosofia e escola e sua importância na formação do professor: “A filosofia é o conhecimento acerca dos processos de pensamento. Não há educação consistente que não passe por ensinar a pensar”. Ela também discute o lugar da mídia e das redes sociais em um contexto virtual de filósofos de ‘plantão’. “É preciso aprender a olhar e a filosofia nos ensina isso”, destaca.
Acompanhe:
revistapontocom – Os filósofos clássicos teriam mais dificuldade para pensar a sociedade do século XXI?
Marcia Tiburi – Os filósofos e filósofas clássicas logo se adaptariam às novidades do nosso tempo. Grandes pensadores e pensadoras de todas as épocas estiveram atentos às novidades de sua própria época. Mesmo quando fizeram história da filosofia, fizeram pensando no seu tempo.
revistapontocom – E como hoje a sociedade do século XXI vê os filósofos contemporâneos?
Marcia Tiburi – Creio que o desejo por filosofia enquanto pensamento qualificado e estruturado cresce cada vez mais. Há muita curiosidade sobre conteúdos densos, mas a percepção tem sido treinada pela moda digital, por isso muita gente já não tem paciência para voos na esfera do conhecimento que sejam mais longos e ousados, contudo, a filosofia exige esse desafio. No Brasil tivemos certos mistificadores atuando com o nome de filósofos. E isso é bastante perigoso.
revistapontocom – É possível estabelecer a pauta da Filosofia dos dias de hoje?
Marcia Tiburi – A filosofia é uma forma de pensar que compreende o funcionamento de todas as outras formas de pensar e de si mesma. Nesse sentido, ela é metalinguagem. O nome pode assustar, mas se trata de uma experiência prazerosa com a reflexão. A meu ver, a filosofia pode ser a reflexão sobre tudo. Sobre temas especializados, sociais, éticos, políticos e sobre temas comuns experimentados na vida cotidiana.
revistapontocom – Da telenovela aos reality shows, sem esquecer das redes sociais, temos cada vez mais pseudo ‘filósofos’ de plantão. Você acha que isso é uma característica do nosso tempo?
Marcia Tiburi – Não vejo problema nos exercícios de reflexão genéricos das pessoas, ao contrário, creio que são essenciais, pois pensar é próprio do ser que somos; porém, em tempos de mistificação como o nosso, a filosofia vem propor mais discernimento e, sobretudo, uma relação ética para com a verdade. Isso requer um organização mental e discursiva mais profunda. E todos podem ter isso se se dedicarem a estudar a como chegar a isso.
revistapontocom – O entretenimento – novela, cinema, games, redes sociais – contribui de alguma forma para o debate da filosofia?
Marcia Tiburi – O entretenimento faz parte da vida. A filosofia deve também fazer parte da vida. Mas ela não é entretenimento. É uma coisa séria que questiona o entretenimento, mesmo que não vise acabar com ele. Creio que ninguém deveria se contentar apenas com o entretenimento. É preciso aprender a olhar e a filosofia nos ensina isso.
revistapontocom – Por que é tão importante a conjugação Filosofia e Escola?
Marcis Tiburi – A filosofia é o conhecimento acerca dos processos de pensamento. Não há educação consistente que não passe por ensinar a pensar. A filosofia é esse ensino do pensamento do qual dependem todas as demais áreas do conhecimento, da arte à ciência. Um professor ou professora que tenha uma boa formação necessariamente aprendeu a olhar para sua área a partir de lentes hermenêuticas que lhe permitam entender seu campo e os métodos de pesquisa e ensino que lhe são próprios. O que diz respeito à construção do método é o elemento filosófico do seu campo. A filosofia como reflexão é fundamental para estabelecer diálogos entre os campos do conhecimento. Mas creio que o mais importante é que a filosofia nos ajuda a entender a subjetividade de uma época e assim os desejos de ensinar e aprender. As vicissitudes deste tempo que afetam a vida dos estudantes também.
revistapontocom – O curso proposto é, ao mesmo tempo, completo e denso. Qual é o seu principal objetivo?
Marcia Tiburi – Quero duas coisas: primeiro, ajudar as pessoas a um mergulho profundo e prazeroso nos grandes temas da filosofia contemporânea, ou seja, um acesso a um conteúdo que é interessante e transformador no sentido de nos ajudar a pensar o nosso tempo. Segundo, quero oferecer uma experiência subjetiva de alegria com o conhecimento que nos tire da tristeza e da inoperância.
revistapontocom – O que a pessoa pode ‘esperar’ depois de participar deste curso?
Marcia Tiburi – Como professora de filosofia, mas também como filósofa, eu defendo que a filosofia melhora as nossas vidas, pois a dimensão do pensamento é uma parte essencial do que somos e vivemos. Somos seres elaborados na tensão entre teoria e prática, mas creio que essa tensão precisa ser mais conhecida. A teoria poderia nos ajudar a ver melhor o mundo e assim transformá-lo. Creio em uma filosofia que transforma a vida. Em um sentido filosófico, espero que esse curso mude em algum sentido, mas sempre para melhor, a vida das pessoas.
