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Esse Rio é Meu revitaliza o Rio dos Cachorros, na Zona Norte do Rio, com o trabalho desenvolvido pelo CIEP Graciliano Ramos

Professora Tânia Decembrino Brasil conta como o programa está sendo realizado.

Por Marcus Tavares

Você certamente já ouviu a frase: “A educação transforma”. Talvez tenha inclusive algum exemplo para contar, afinal não se trata apenas de um chavão. É a realidade que muitos professores, estudantes e famílias comprovam diariamente. Para ratificar mais uma vez o poder da educação aqui vai mais uma história – de força de vontade e resiliência – de como a educação é, sim, transformadora.

No início deste ano, a diretora Isabella de Almeida Gomes, do CIEP Graciliano Ramos, localizado em Jardim América, Zona Norte do Rio, conheceu a proposta do programa Esse Rio é Meu. Ficou interessada e resolveu envolver a professora Tânia Decembrino Brasil, de Matemática, para desenvolver a proposta junto às turmas do 6º ano. Segundo Isabella, Tânia é daquelas professoras que abraçam a ideia, correm atrás e acreditam na capacidade de todos os indivíduos.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade.

O desafio proposto foi prontamente aceito pela professora que viu no programa a oportunidade de estabelecer laços entre os estudantes e suas famílias com o Rio dos Cachorros. Embora fosse (e ainda é) o quintal da casa da maioria das crianças, o rio não era visto como rio, mas, sim, como um valão, um esgoto a céu aberto. “Era um desafio, realmente. E como toda ação pedagógica precisa ter significado para os alunos, começamos a idealizar uma série de atividades com o objetivo de conscientizar as crianças e provocar uma transformação em suas vidas”, conta.

Uma das primeiras propostas e a que se evidenciou como uma das mais importantes foi levar os estudantes para (re)conhecer o rio. Foram as aulas de campo que provocaram uma espécie de efeito dominó na escola, no sentido de instigar e despertar o interesse dos estudantes para um tema tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe da rotina deles.

“Sabe aquele efeito de cascata? Começamos as aulas de campo com o 6º ano, mas rapidamente outras turmas de outros anos demonstraram interesse de participar. A cada visita, digamos assim, nós professores e estudantes aprendíamos mais sobre o rio, sua importância, história e valor. Encontramos pelo caminho um morador da região que tinha uma boa história para contar, um funcionário da Comlurb, um senhor voluntário do projeto Guardiões do Rio, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que explicou o que faz para ajudar na preservação. Histórias e personagens que foram nos ajudando a reconhecer o rio e o nosso lugar nele. Isso sem contar o time de professores da própria escola que, aos poucos, foi se envolvendo e querendo participar, como o professor de História, Sérgio Monteiro. Morador do bairro de Jardim América e membro da Pastoral do Meio Ambiente da Igreja Católica Santa Rosa de Lima, ele participou de algumas visitas”.

De repente, o Esse Rio é Meu não estava mais circunscrito à aula de Matemática e Ciências, da professora Tânia. História, Geografia, e Língua Portuguesa foram costurando e trabalhando em conjunto de forma interdisciplinar.  “E o que nos chamava a atenção era que aqueles estudantes que não estavam participando muito das atividades da escola começaram a interagir, por meio de pesquisas, levantamentos dos problemas in loco e planejamento de possíveis intervenções. Estávamos discutindo e trabalhando com algo muito próximo da realidade deles e isso foi transformador”, conta.

Transformador a ponto de a própria escola e a professora Tânia exigirem de autoridades e dos órgãos competentes ações concretas para a real recuperação do Rio dos Cachorros. Se deu certo? O que você acha? Houve poda das árvores que ficavam em torno do rio, remoção das árvores que estavam caídas dentro do córrego, limpeza e troca de grelhas, arriamento de manilhas e limpeza e remoção do mato ciliar. “Começamos a solicitar as intervenções e elas, aos poucos, foram sendo realizadas e acompanhadas pelos estudantes nas visitas de campo. Isso provocou uma espécie de corresponsabilidade na preservação do rio e do seu entorno, de pertencimento”, destaca Tânia.

Durante uma das visitas, surgiu a ideia de criar uma campanha de mobilização interna, com a seguinte pergunta: Sabe quantas tampinhas e garrafas pet o CIEP não deixou chegar no rio? Uma campanha de coleta seletiva foi iniciada, agregando e intercambiando outros projetos de sustentabilidade que a escola já desenvolvia.

A professora conta que outras visitas foram feitas e nestas os estudantes do 6º ano já estavam no comando, apresentando e explicando o projeto e a necessidade de recuperar e preservar o rio para os estudantes dos anos anteriores e para os colegas da Classe Especial. “O protagonismo se revelando e provocando reações que a gente nem fazia ideia. Em nossa última visita ao rio, os voluntários do projeto Guardiões do Rio nos contaram que a presença da nossa escola tem motivado ainda mais o trabalho deles, dando mais significado e esperança. É emocionante”.

Nesta semana, os estudantes do 6º ano se preparam para encenar uma peça sobre os projetos Esse Rio é Meu e um outro que vem sendo desenvolvido na escola, o Ecoviver, de sustentabilidade e segurança viária. A ideia é compartilhar com toda a escola e famílias o que eles vêm aprendendo, por meio da arte.

“O programa não tem fim, é para sempre. É a maneira de levar o aluno a mudar seu olhar para esse e outros rios. Avançamos muito, sem dúvidas. O rio está sendo melhor cuidado pelos órgãos públicos. No calçamento tem frases pintadas do tipo “preserve o ambiente”. Ele é utilizado, também, para atividades físicas e lazer. No entanto, continua sujo, exalando um cheiro ruim. Quando chove, enche e alaga as casas próximas. Estamos fazendo um serviço de formiguinha. Mas esperamos que, através dessa conscientização, todos percebam que esse trabalho é muito importante e para sempre. O planeta está pedindo socorro. Estamos simplesmente tentando aumentar essa corrente para salvar o nosso rio, porque ele é meu, é seu, é nosso. Ele é de todos nós”, finaliza.

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Elivanda Ricardo da Silva
Elivanda Ricardo da Silva
10 meses atrás

Que coisa mais linda , parabéns polo trabalho de concieentizacao, o nosso bairro merece esse carinho , mesmo que as vezes os propinhos moradores joquem luxo dentro desse rio como eu mesma já vivenciei várias vezes

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