Glocal Experience: o poder que crianças e jovens têm de transformar o seu entorno

Mesa O Rio é Meu mostrou a importância de ações envolvendo escolas, professores e estudantes.

A segunda edição do evento Glocal Experience, realizada entre os dias 22 e 25 de novembro, na Marina da Glória, Rio de Janeiro, reuniu autoridades, ambientalistas, especialistas e interessados em conhecer e promover ações e pactos de sustentabilidade com foco na Agenda 2030 da ONU. Palestras sobre iniciativas bem-sucedidas e debates sobre temas que merecem atenção da sociedade deram o tom do encontro.  “A Glocal Rio está consolidada. Passaram por aqui nomes nacionais e estrangeiros em uma programação para toda a família”, afirmou Rodrigo Baggio, head da Glocal Experience.

Diferentes temas estiveram na pauta, como o papel das empresas na transformação social; os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: do legado às perspectivas; dignidade para todos: por um mundo menos desigual; inovações tecnológicas a favor das águas; e como a falta de saneamento impacta a vida das mulheres. Um dos pontos altos da agenda foi o painel “A importância do mangue seco no sequestro de carbono”, que reuniu o biólogo Mário Moscatelli; Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano; Pedro Belga, presidente da ONG Guardiões do Mar; e Alaildo Malafaia, presidente da Cooperativa Manguezais Fluminenses. Além de palestras e oficinas, o público pode experimentar o Domo, cinema 360º, onde era possível conhecer a transformação na vida das pessoas mais vulneráveis e do meio ambiente a partir do avanço do saneamento básico no estado do Rio de Janeiro. Ao todo, 155 palestrantes estiveram presentes, dialogando com o público.

Público formado também por estudantes. Centenas deles, a maioria da rede pública, estiveram presentes no terceiro dia da Glocal. Na ocasião, especialistas destacaram o quanto crianças e adolescentes têm o poder de promover uma transformação social na região onde vivem.

A mesa O Rio é Meu, por exemplo, reuniu o diretor superintendente da Águas do Rio, Sinval Andrade; a gerente de responsabilidade social da Águas do Rio, Tamara Motta; e a presidente do planetapontocom, Silvana Gontijo.

Sinval destacou as ações bem-sucedidas da concessionária que resultaram na qualidade da água do Rio Carioca, cuja nascente fica no Parque Nacional da Tijuca e passa por Santa Teresa, Cosme Velho, Laranjeiras e Flamengo até desaguar na Baía de Guanabara. “Identificamos ligações irregulares, e hoje não há mais esgoto na foz do Rio Carioca. Isso impacta na balneabilidade da Praia do Flamengo, que durante décadas ficou imprópria para banho e hoje recebe grande número de banhistas em dias de sol”, destacou Sinval.

Tamara Motta apresentou programas da empresa, como o Saúde Nota 10, que usa o tema do saneamento básico para promover ações de educação ambiental em escolas municipais. “Nossa ideia é formar multiplicadores de conhecimento junto a suas famílias e na região onde vivem”, explicou.

Silvana Gontijo contou em detalhes como o programa Esse Rio é Meu vem transformando e impactando o dia a dia das escolas da prefeitura do Rio. “Desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio, patrocinadora do programa, temos o objetivo de engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade”, detalhou.

“Quando falamos em ‘futuro mais sustentável’ não tratamos de conceitos utópicos e distantes da realidade. Estamos nos referindo a ações concretas, em prática hoje, por diversos setores da sociedade em todo o mundo. E é por isso que apoiamos a Glocal Experience, um evento que reúne mentes e experiências relevantes, em uma troca valiosa para o planeta. Nossa contribuição será apresentar o nosso projeto de transformação pelo saneamento básico hoje em andamento no Rio de Janeiro, que leva dignidade às pessoas, aproveitando o momento para trazer a população para mais perto do tema, afinal, ele toca a vida de todos”, finalizou o presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini. 

Da primeira para a segunda edição do evento, quatro cenários futuros para o estado do Rio de Janeiro foram construídos de forma colaborativa, tendo como base as palestras e os debates que aconteceram em julho do ano passado. Com a consultoria da empresa Reos Partners, foi criada uma equipe de 50 pessoas, formada por um grupo diverso que exerce papéis de liderança no estado em diferentes setores, territórios, realidades e disciplinas de conhecimento. Esse grupo manteve reuniões e debates periódicos e tinha como meta a definição dos cenários desejados que possibilitarão traçar estratégias iniciais para a transformação social do estado do Rio de Janeiro até 2030.

Conheça os cenários:

Ouriço (Resistência) – A corrupção e o crime organizado aprofundaram suas raízes e as estruturas do estado do Rio de Janeiro entram em plena decadência. O desemprego aumenta exponencialmente, o PIB cai e o Estado se torna ainda mais dependente do petróleo. As escolas públicas tornam-se espaços fundamentais para as comunidades se manterem unidas. Nesse cenário, a inação leva ao colapso, mas as comunidades resistem.

Lagarta Azul (Transição) – Uma parcela da sociedade realiza conquistas importantes, mas a estrutura de corrupção e privilégios impede com que o Estado avance como um todo. A economia verde ganha fôlego com a renovação da economia do turismo. A Baía de Guanabara recupera parte significativa de seu potencial de biodiversidade e se renova como atrativo turístico. Nesse cenário, a atuação cívica promove uma transição e algumas coisas começam a dar certo.

Boto Cinza (Transformação) – A sociedade fluminense adere aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ainda que enfrentando sérias resistências. Os royalties do petróleo são investidos em ações estruturantes e o Estado encontra um caminho de prosperidade. A economia circular se consolida com as cooperativas e empresas de reciclagem. Nesse cenário, um pacto intersetorial em torno dos ODS impulsiona a transformação.

Abelha Uruçu (Regeneração) – O estado do Rio de Janeiro é transformado por inovações emergentes que surgem de maneira descentralizada e espontânea em resposta aos desastres climáticos. As comunidades e os coletivos, trabalham com indicadores de felicidade e bem-estar, para dar o tom de uma grande regeneração da vida cultural, econômica, política e ambiental vivenciada pela sociedade fluminense. Nesse cenário, os novos modelos de sociedade ganham força e as comunidades fazem um novo mundo acontecer.

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