Por Adriana Vieira e José Alves, do EducaRede
Redes sociais, mobilidade e Web 2.0 na educação foram alguns dos temas de destaque do II Seminário Web Currículo. O evento reuniu, nos dias 7 e 8 de junho, na PUC de São Paulo, especialistas brasileiros e estrangeiros para refletir sobre a integração das tecnologias digitais ao currículo escolar.
“As redes sociais subvertem as escolas”, afirmou Simão Pedro Marinho, professor da PUC de Minas Gerais, que participou da mesa-redonda “Redes Sociais e Educação”. Segundo Marinho, a escola – mesmo a tradicional – sempre foi um lugar de rede social, porém uma rede centralizada, na qual um único nó (o professor) irradia informação para os demais (os alunos). “Não tem sentido incorporar as redes virtuais na escola para reproduzir as mesmas práticas. Só faz sentido se a rede não tiver um centro, na qual todos sejam iguais. A escola fará a rede descentralizada? Está pronta para subversão?”, provocou o professor da PUC-MG.
“Mobilidade e Educação” foi tema de duas mesas-redondas e de relatos de práticas no seminário. A professora de Comunicação e Semiótica da PUC-SP Lúcia Santaella utilizou o termo “aprendizagem ubíqua” para designar os modos de aprender por meio dos dispositivos móveis. Ou seja, a informação e as possibilidades de aprendizagem estão por toda parte. “Inaugurou-se uma modalidade de aprendizagem que prescinde a fórmula ensino e aprendizagem. Um novo modelo de aprendizagem sem ensino”. Porém, ela concluiu que essa nova modalidade de aprendizagem não significa a substituição da educação formal. “A educação formal nunca foi tão necessária, mas de uma forma diferente”, disse.
A professora da Faculdade de Educação da PUC-SP Maria Elizabeth de Almeida, uma das organizadoras do seminário, enfatizou a importância de integrar as velhas e as novas tecnologias ao currículo escolar. “Não é excluir as tecnologias convencionais, até mesmo o laboratório de informática, mas ressignificá-las. Temos como exemplo as revistas impressas que continuam a existir, mas utilizam elementos da Internet”, explicou a professora na mesa-redonda de abertura do evento. Ela também ressaltou que as políticas de formação de professores têm que emergir de um diagnóstico – das questões dos professores e da escola – para então surgirem o conteúdo, as metodologias e as tecnologias.
As possibilidades oferecidas pela Web 2.0, como a colaboração e o papel da criação e autoria, também foram discutidas no evento. Para a professora da PUC-SP Maria da Graça Moreira da Silva, a escola deve explorar o meio digital “não só como espaço de navegação pelo conteúdo já posto, mas a idéia da Web 2.0, o papel da autoria, da nossa presença virtual”.
O seminário foi finalizado com a palestra “O papel das mídias na inovação em educação”, com o jornalista Paulo Markum, que criticou os projetos de um computador por aluno na escola, pois, segundo ele, “só interessa a governos para fazer média com empresas de computadores”. O jornalista ainda apontou o grande desafio que as novas tecnologias colocam à escola: “levar o professor a abrir mão do poder”.
Muito boa esta reportagem. Fiquei com vontade de estar presente no Seminário.
Achei o máximo o desafio que nos propõe as novas tecnologias: “abrir mão do poder”.