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Caingangue na rede

O portal Kanhgág Jógo (“Teia Kaingang”), cujo endereço é www.kanhgag.org, é um dos resultados do Projeto Web Indígena coordenado pelo linguista e professor Wilmar da Rocha D’Angelis, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É o primeiro programa brasileiro de inclusão digital desenvolvido para comunidades indígenas em sua própria língua materna.

A página foi construída em 2008 e hoje sua manutenção é quase exclusivamente feita pelos índios. São eles que fazem as postagens e atualizam o conteúdo. A língua Kaingang é falada por um dos povos indígenas mais numerosos do Brasil. Eles vivem em cerca de 30 terras indígenas nos Estados do Sul do Brasil (e duas no interior paulista). São mais de 30 mil pessoas. Das 180 línguas indígenas ainda faladas no Brasil, a dos caingangues está entre as cinco com maior número de falantes.

Segundo o professor, o trabalho ainda está na metade e há um longo caminho pela frente, pois ainda não foram feitas oficinas no Paraná. “É preciso avançar, posto que estas oficinas se prestam a divulgar o trabalho e a criar novos usuários. É algo que tem incentivado os índios, que constantemente fazem postagem de vídeos em caingangue e de fotografias, demonstrando grande envolvimento”, explica D’Angelis. As oficinas contam com a presença de um índio/monitor caingangue que aprendeu o software e auxilia o trabalho também como intérprete.

Conteúdo

No menu do site, uma única palavra está escrita na língua portuguesa: “vocabulário”. Ali é possível descobrir o que significam vários termos desconhecidos pelo usuário não índio. Embora não dirigida a esse público, a seção ajuda a compreender o que são esses conteúdos. A sua função é compartilhar uma terminologia técnica que está sendo criada agora. Os índios têm se esmerado na tarefa de criar termos, entre outros, para designar palavras próprias para palavras como “senha”, por exemplo, ou expressões como “passe o mouse”. “Isso opera como uma contribuição à linguagem, trazendo o seu enriquecimento e modernização”, acredita D’Angelis.

Como o projeto acontece por meio de oficinas que, a cada vez, reúnem pessoas de um certo conjunto de comunidades, essa informação não é de conhecimento geral. Então eles postam suas criações na seção “vocabulário”. “É uma maneira de compartilhar os novos termos técnicos que eles estão construindo, o que não impede que ocorram mudanças nesse processo”, diz o professor.

A criatividade com a língua indígena produz coisas interessantes como o uso tradicional e os novos usos da palavra “jyjy”, que aparece em vários lugares e expressões. Ela significao login – “crie um nome para você”, mas também aparece como a tradução de “nome”.

Uma outra seção curiosamente chama-se “v?kikep?” (o “v” pronuncia-se como “w”), que é uma brincadeira com “wikipédia”. Os usuários podem entrar no site e dar novas contribuições, até mesmo com vistas ao seu treinamento. A intenção é que as trocas funcionem exatamente como um lugar de pesquisa para que inclusive os professores indígenas permitam que os seus alunos façam os acessos das salas de aula, realça o linguista.

Fonte: Jornal da Unicamp

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