Por Marcus Tavares
Os dados são da Organização das Nações Unidas (ONU): mais de 50% da população mundial vive em áreas urbanas. Até 2050, o número deverá subir para 70%. Para dar conta da população, as cidades crescem e avançam sobre os cursos d’água. “Com isso, os rios são reduzidos a canais retilíneos, espremidos pelo concreto das margens e têm seu funcionamento alterado de diversas formas (diretas e indiretas)”, explicam os professores Roberto Farias, Marcos Paulo Figueiredo-Barros e Francisco Esteves, no artigo ‘Sufocados pela Cidade”, do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação (PPG CiAC), Universidade Federal do Rio de Janeiro, campus Macaé.
Não é sem razão, portanto, que muitas pessoas que moram nas cidades desconhecem os rios de sua região. Se os rios estiverem então canalizados e aterrados, a população não faz a mínima ideia de que eles existem, o que dificulta, inclusive, a percepção da importância de se preservá-los.
Pois bem, é a descoberta dos rios que atravessam as cidades que vem chamando a atenção de um grupo de estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal Desembargador Montenegro, localizada em Vila Kosmos, Zona Norte do Rio. Ao implantar o programa Esse Rio é Meu, no início deste ano, a unidade escolar vem ratificando o poder de transformação pela educação.
“Nossa escola já desenvolvia um trabalho de preservação do meio ambiente por meio da coleta seletiva, mas o Esse Rio é Meu foi provocador. Os estudantes não tinham conhecimento algum do nome do rio próximo à escola, da importância e muito menos das consequências, para a própria comunidade, de se jogar lixo no rio. Eles receberam o programa com muita curiosidade e esse sentimento de descoberta”, explica a diretora da unidade, professora Luciane Cossich Trindade Alves.
O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. A Escola Municipal Desembargador Montenegro vem trabalhando com o Rio Quitungo.
Pós-graduada em Literatura Infantil e Juvenil e em Literatura Brasileira de autoria feminina, Luciane conhece o poder das histórias, das narrativas. E são por meio delas e de atividades lúdicas que a escola decidiu trabalhar o programa. “Junto às turmas de EJA, temos procurado trabalhar o tema por meio de materiais reciclados, leituras, histórias, atividades lúdicas e muita pesquisa, tudo com foco na preservação do meio ambiente”, destaca.
Periodicamente os professores se reúnem, avaliam as ações e trocam ideias. Como todo projeto, o Esse Rio é Meu é dinâmico no dia a dia da unidade. A equipe trabalha de forma interdisciplinar, procurando costurar, dialogar e complementar as temáticas com outras áreas de conhecimento. Estão também à frente do programa da escola a diretora adjunta Luciana Torres Rodrigues e a coordenadora pedagógica Dilcilene Francisca Esteves.
O programa Esse Rio é Meu também vem sendo desenvolvido junto às turmas do Ensino Fundamental regular (primeiro segmento), aprendendo as lições com o mesmo entusiasmo e participação. Quem entra na escola percebe que o Esse Rio é Meu se integrou às atividades de forma coesa e dinâmica.
Muito bom! Precisamos de mais atividades assim…