Esse Rio é Meu: estudantes do GET Capistrano de Abreu criam protótipos para reuso das águas e apresentam na Feira de Ciências da unidade

Professora Carla Laneuville conta como foi a experiência.

Por Marcus Tavares

Você sabia que é possível reutilizar a água que sai do condensador de ar-condicionado para regar, por exemplo, as plantas? E que também se pode reaproveitar a água de enxague de utensílios da cozinha? Não? Quer aprender como se faz? Uma dica: cerca de trinta estudantes da turma 1304 do Ginásio Educacional Tecnológico Capistrano de Abreu, localizado no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, acabaram de estudar o assunto. Sabem tudo sobre este tipo de reuso e, inclusive, já fizeram uma prototipagem de aparelhos que podem captar a água do ar-condicionado e do enxague das louças.

Liderados pela professora Carla Laneuville, a turma foi instigada a refletir sobre a hidrosfera e a situação da água no planeta Terra. Constatou a importância de todos cuidarem da natureza, dos rios, dos mares e oceanos. A proposta tinha como norte a realização da Feira de Ciências da unidade. O trabalho foi desenvolvido ao longo do 3º bimestre deste ano letivo, envolvendo o programa Esse Rio é Meu.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. O Ginásio Educacional Tecnológico Capistrano de Abreu (GET) vem trabalhando com o Rio dos Macacos.

“Como atividade disparadora do projeto Esse Rio é Meu, entrelaçado à nossa Feira de Ciências, estudamos sobre a belíssima relação dos povos originários com a água: seu amor, respeito e conhecimento sobre a natureza, iniciando por um lindo vídeo do Ailton Krenak, feito para o Museu da Língua Portuguesa. Passamos a entender melhor o olhar indígena, tão sensível à natureza”, conta Carla.

Inspirados pelos povos originários, o grupo resolveu conhecer mais de perto e a fundo o rio mais próximo da unidade escolar: o Rio dos Macacos. Por meio de diferentes pesquisas na internet, as crianças descobriram que o rio possui um Guardião há mais de 20 anos: Roberto Fonseca, que se dedica à limpeza do rio e à preservação ambiental da comunidade. O trabalho faz parte, hoje, do projeto Horto Natureza, fundado em 2020.

“As crianças ficaram encantadas. Logo depois, fomos ver o rio de perto, cujo trecho fica dentro do Jardim Botânico. Fizemos muitas descobertas sobre o rio. Ele nasce totalmente despoluído, tendo até mesmo uma horta comunitária, bem próxima, que utiliza suas águas para irrigação. No entanto, durante o seu curso, vai recebendo dejetos, e acaba desembocando na Lagoa Rodrigo de Freitas já bastante poluído”, destaca.

De volta para a sala de aula, os estudantes começaram então a se perguntar o que poderiam fazer para ajudar o planeta e a comunidade local, com o objetivo de preservar e fazer melhor uso da água do rio. “Debruçados sobre o tema da escassez da água, surgiu então a ideia de pensarmos em algo que pudesse ser sustentável. A primeira ideia foi a de captar e reutilizar a água que sai do condensador do ar-condicionado. E a segunda de reutilizarmos a água de enxague dos utensílios de cozinha: em vez de descartarmos a água que enxagua a louça, poderíamos reutilizá-la para outros fins”, explica a professora.

A turma então iniciou pesquisas para validar as ideias. Entendeu que a água do ar-condicionado não é potável, mas pode ser utilizada para outros fins e que a água do enxague pode também ser reutilizada, contribuindo assim para uma melhor uso e descarte.

“De acordo com um estudo recente, publicado em 2019, a qualidade de água condensada é boa o suficiente para ser reutilizada em irrigação. E é muita água, pois durante um dia cerca de 20 litros podem ser coletados e reaproveitados. Não encontramos muitas informações sobre água de reuso de enxague de utensílios domésticos, mas encontramos sobre o reuso da máquina de lavar roupas. Então, pensamos que, partindo do mesmo princípio da máquina de lavar roupas, poderíamos pensar no mecanismo para o enxague dos utensílios. Essa água terá resíduos de detergente e, sabemos, que a qualidade dos detergentes, nem sempre é boa, o que nos fez pensar em um reuso para lavar quintais, garagens e calçadas, somente”, conta.

A partir daí, os estudantes iniciaram estudos de criação de protótipos dos sistemas de coleta da água. Foi um sucesso. Os desenhos foram apresentados na Feira de Ciências da escola. Para a professora, foi um intenso e rico processo de pesquisa aliado à conscientização do meio ambiente: “As crianças observaram e pesquisaram. Surgiram os questionamentos, as hipóteses. Fomos em busca de respostas. Elaboramos experimentos que trouxeram resultados às nossas questões e concluímos nossa pesquisa. Pesquisar não é fácil, demanda tempo, cuidado e muita responsabilidade, pois os resultados têm que trazer algo novo e significativo. Foi um lindo trabalho”, finaliza.

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