Por Marcus Tavares
A Escola Municipal Cuba fica localizada na Ilha do Governador, em frente à Praia do Zumbi e muito próxima do Rio Jequiá. Dentro deste contexto, o tema água sempre foi trabalhado pelos professores da escola. Mais precisamente pelos profissionais da área de Ciências. Porém, isso aconteceu até o início deste ano quando a instituição foi escolhida pela Prefeitura do Rio para participar do projeto Esse Rio é Meu, que tinha como objetivo engajar toda a comunidade escolar na recuperação e preservação do tão conhecido Rio Jequiá.
O projeto Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos rios da cidade.
“Toda essa questão de cuidado com os recursos hídricos faz parte de um trabalho antigo e querido pela escola. Quando surgiu esse projeto, abraçamos com muito carinho já que tinha tudo a ver com o nosso planejamento, com nosso atuar na comunidade. E ele veio nos trazer, pedagogicamente, um nova proposta, real e prática, de trabalhar um tema de forma interdisciplinar. A água era objeto de estudo de Ciências e ponto. Fomos então instigados a explorar outras áreas de conhecimento”, explica a coordenadora pedagógica Fernanda Bittencourt.
E não é que deu certo. Atendendo estudantes do 2º ao 9º anos, a escola desenvolveu projetos, atividades e ações em todas as disciplinas, incentivando o protagonismo dos alunos por meio de fotos, pinturas, poesias, cartazes, entrevistas com moradores e trabalhos de ciências. “Todas as disciplinas foram contempladas tendo como eixo a questão ambiental. Foi um grande aprendizado para os discentes e a direção, no sentido de que enxergamos um processo integrado de planejamento que envolveu estudantes, professores e demais funcionários da escola”, avalia Fernanda.
Uma das produções mais marcante foi a música Meu Rio Jequiá, de autoria da professora Ana Lúcia Bessa e seus estudantes. Veja um trecho da letra:
O mangue vai crescer
Vai brotar, vai se espalhar
Caranguejos, peixes, aves
Vão até comemorar
Mexilhão, ostras e cracas
Vão voltar aparecer
Não é sonho,
É verdade,
Isso pode acontecer!
Ai, ai, ai, meu manguezal
Quem não viu, verá
Você vai ressuscitar!
“Quem diria: até música conseguiríamos produzir com as crianças e para as crianças. Esse é um dos exemplos da interdisciplinaridade que alcançamos”, comemora Fernanda, destacando o quanto o projeto auxiliou o trabalho das habilidades e competências da leitura e escrita.
E lógico: ajudou no reforço da importância da preservação e recuperação do rio Jequiá. Para Fernanda, “o projeto ratificou essa importância junto aos professores, estudantes e suas famílias. Muitos moram bem próximos do rio. E a partir do momento em que saímos da área de Ciências, ampliando a discussão. Acredito que se tornou ainda mais relevante, uma vez que foi estruturado e aprofundado em diferentes áreas do conhecimento. Ganhou maior visibilidade”.
Visibilidade e laços mais fortes também com a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana (Aparu) do Manguezal do Jequiá, que existe há mais de 25 anos na região. “Uma parceira que já existe, mas que foi intensificada esse ano. Inclusive realizamos uma mostra final com os trabalhos na sede da Aparu, reunindo toda a comunidade. O que fica é a certeza de que o Esse Rio é Meu não só engaja os estudantes como também oportuniza novas formas de ensinar e aprender, o que nos dias de hoje é de extrema importância”, finaliza Fernanda.