Esse Rio é Meu: na Escola Municipal França, protagonismo e inclusão de mãos dadas na recuperação do Rio Timbó

Por Marcus Tavares

Professor de Geografia há mais de 20 anos, Antônio Fernandes Cobo Neto continua se encantando com o poder de transformação da Educação e confessa: “Aprendo todo dia e, inclusive, com os estudantes”. Prova disso é o Programa Esse Rio é Meu. Desde o início deste ano letivo, Antônio vem trabalhando o projeto junto as turmas do 8º e 9º ano da Escola Municipal França, localizada em Piedade, Zona Norte do Rio. “Tem sido uma experiência muito boa, pois estamos trabalhando com questões globais, mas numa esfera local. Isso possibilita que estudantes e professores tomem consciência dos reais problemas da nossa sociedade e o que podemos e devemos, como cidadãos, fazer a partir disso”, destaca.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. A Escola Municipal França vem trabalhando com o Rio Timbó.

O professor explica que no primeiro semestre trabalhou o programa em duas frentes. Na primeira, ele investiu na apresentação da temática sobre os rios urbanos e a questão da poluição, conciliando com os conteúdos da área de Geografia, correlacionando-os às mudanças climáticas. As aulas expositivas, diz ele, tiveram o objetivo de fazer com que os estudantes vissem o Rio Timbó, que fica próximo à escola, não mais como uma lixeira, mas como um ambiente degradado.

“Não foi fácil, principalmente, pois boa parte do rio foi canalizado e teve seu curso modificado, dificultando inclusive o acesso e o seu visionamento. No entanto, na segunda etapa, começamos a visitar o rio e a observar a quantidade excessiva de lixo nas proximidades e no próprio córrego. A partir do momento em que os jovens passaram a ver o espaço como um ambiente degradado, surgiu a consciência do que podemos fazer com ele. E isso faz uma grande diferença”, comemora.

Com a visita, os alunos ficaram mais interessados pela discussão. Fotos e vídeos começaram a ser produzidos com o objetivo de documentar a situação do rio. Em grupos, os estudantes tinham que descrever o problema que o rio Timbó estava enfrentando.

“Essa problematização deu gancho para refletirmos sobre outros assuntos: a ocupação irregular do espaço urbano, a legislação ambiental, o assoreamento dos rios, os efeitos das mudanças climáticas e o papel do cidadão. De repente, vi todos os estudantes engajados e preocupados com o entorno da escola”, conta.

Para fechar a atividade, o professor teve ainda a ideia de produzir um vídeo ‘oficial’ das turmas. Os interessados foram chamados. Juntos, pensaram o roteiro e a direção do vídeo. “E uma coisa legal que aconteceu foi que um dos estudantes que participou da produção do vídeo é surdo. Assim como os demais, desde o início, ele se mostrou bastante interessado com as discussões. Foi ele quem fechou o nosso vídeo, trazendo a Libras para o filme. Pode não parecer, mas essa participação provocou um grande impacto na escola, afinal a Escola Municipal França é uma escola inclusiva. Temos estudantes com diferentes deficiências. A participação do aluno, portanto, só reiterou a importância da inclusão, da empatia e do protagonismo dos jovens, instigando toda a comunidade escolar”, completa o professor.

De volta do recesso de julho, Antônio e suas turmas já iniciaram a terceira etapa do programa. “Dada a conscientização de todos, quero, agora, instigá-los a pensar sobre a questão da reciclagem. O que podemos fazer com o lixo? Tudo pode ser reciclado? Que tipo de lixo temos nos rios? Esgoto? Resíduo sólido? Desejo que eles pensem nas respostas, criem e sugerem soluções. Soluções da comunidade e soluções que possam também vir do poder público”, destaca.

Para a diretora da Escola Municipal França, Marília Leal, o programa Esse Rio é Meu está possibilitando que a escola trabalhe a temática ambiental em conjunto com a formação da cidadania. “E com a inclusão. Temos uma grande comunidade escolar de inclusão e despertar nesses alunos os conceitos básicos de preservação e cidadania, em conjunto com a educação ambiental, é de grande interesse”, finaliza.

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Maria Oliveira
Maria Oliveira
3 meses atrás

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