Por Marcus Tavares
Em dois anos, os estudantes estão mais conscientes. Ficam de olho no entorno para ver se alguém está agindo de forma errada. Já sabem argumentar e defender a importância da preservação. Afinal, vêm pesquisando, investigando e refletindo sobre o tema há dois anos. Estamos falando dos 37 estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Collechio, localizada em Bangu, Zona Oeste do Rio, 8 CRE que participam do programa Esse Rio é Meu, conduzido pela professora Viviane de Oliveira Nunes Gonçalves.
“Tem sido um privilégio poder desenvolver esse projeto junto com essa turma desde o ano passado. É evidente o quanto as crianças estão conscientes dos seus deveres e direitos. É impressionante como o discurso de defesa e preservação dos rios, em especial do Rio Sarapuí Viegas, que fica bem próximo à escola, está na ponta da língua”, comemora.
O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. A Escola Municipal Collechio vem trabalhando com o Rio Sarapuí Viegas.
Em 2023, a professora iniciou o programa apresentando aos estudantes o rio. Pesquisas e entrevistas com os familiares fizeram com que as crianças conhecessem, pela primeira vez, o córrego. “Conhecessem, pois não sabiam que ali tinha um rio. O rio era visto e tratado por toda a comunidade local como valão. Foi um processo de descoberta e de (re)descoberta por parte dos pais e responsáveis. Um aprendizado para todos”, explica Viviane.
Da constatação de que existia um rio e que ele precisava de uma intervenção, Viviane instigou a turma a pensar em soluções práticas. Foi assim que surgiu a ideia de reciclar parte do material que era descartado no rio. “Foi um período de produção de brinquedos a partir de sucata. E como rendeu essa proposta. Encantou não apenas os estudantes da turma, mas toda a escola. Como um efeito cascata, outros professores e turmas começaram a desenvolver também propostas e atividades ligadas ao tema”, conta.
Ao iniciar o ano letivo de 2024, Viviane instigou os estudantes a trabalharem com a música. “Que tal criarmos uma paródia?”, propôs a professora. O aceite foi unânime e positivo. “A turma protagonizou todo o processo: a escolha da música, Macetando, da cantora Ivete Sangalo; a composição da letra e tudo mais. Para ficar mais interessante, combinamos de gravar a paródia no próprio rio. E assim foi feito. O resultado surpreendeu a todos”, confessa.
Os estudantes gostaram tanto do resultado que já pediram para a professora organizar um evento na escola para que eles possam apresentar o vídeo para os pais e responsáveis. “Estão muito orgulhosos e felizes em participar do programa”.
A letra da paródia é bem-humorada e traz uma reflexão bem pertinente: a população não gosta de sujeira, mas joga lixo no rio. Pode? Não, dizem e argumentam os estudantes.
O período de produção do vídeo coincidiu com uma intervenção que a Prefeitura do Rio começou a fazer no leito do rio com o objetivo de desassorear o Sarapuí. “Foi uma comoção entre os estudantes, pena que o trabalho dos técnicos parou e não chegou ao trecho perto da escola. No entanto, é perceptível alguma mudança positiva, mesmo que tênue. O lixo continua sendo descartado, mas o leito parece estar com maior fluxo e menos poluído”, conta.
Para os estudantes, a divulgação do vídeo/paródia poderá ter um efeito muito bom entre a comunidade, no sentido de diminuir ou zerar o descarte do lixo em lugares impróprios. “Essa apresentação deverá acontecer logo nas próximas semanas. Ao mesmo tempo, as crianças estão dando asas à imaginação para criar histórias ficcionais. Sim, vamos fazer um livro com as histórias. A única exigência é que o rio esteja presente nas narrativas. Já pensou o que vem por aí?!, brinca Viviane.
Bem, a gente não perde por esperar!
“O compromisso da Escola é do professor é plantar as sementes para que, no futuro, sejam belos frutos”, finaliza Viviane.
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