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Especialistas destacam a importância da educação inclusiva

Para educadores, interação entre crianças com deficiência e as demais auxilia no desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais

Flavia Perez.
Foto Capa/Divulgação

Desde a década de 1940, educadores e professores vêm trabalhando pela educação inclusiva. Isso porque a interação entre crianças com deficiência e as demais auxilia no processo de aprendizagem e no desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais. Contudo, um decreto publicado no dia 01º de outubro pelo presidente Jair Bolsonaro, que tornou pública a Política Nacional de Educação Especial (PNEE), incentiva a segregação de estudantes com deficiência. Educadores que convivem com a realidade refletem que a nova medida pode significar um retrocesso nas conquistas que pautam a inclusão.

De acordo com Claudia Feijó, psicóloga e especialista em Educação Especial, a luta não é de hoje. Desde que ingressou na Educação Especial, ela percebe  avanços neste processo de inclusão, mas aponta que são necessárias ações efetivas das políticas públicas. “É como uma máquina: a engrenagem não funciona com uma peça faltando. É necessário que haja uma rede de trabalho formada pelas Secretarias de Saúde, Educação, Trabalho. Todos trabalhando com um mesmo objetivo. Atender as demandas, incluindo e integrando o cidadão em uma sociedade igualitária”, explica.

Estudantes da Sala de Recursos Multifuncionais da E. M. José de Alencar apresentaram projeto, no ano passado, durante encontro no NAVE (Núcleo Avançado em Educação), no Rio. Foto: Divulgação

Com mais de vinte anos de experiência com a inclusão no ensino regular, Claudia é professora e requisitada pelo Instituto Helena Antipoff para Atendimento Educacional Especializado (AEE) na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da Escola Municipal José de Alencar, em Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro. Considerado como centro de referência em Educação Especial no Brasil, o instituto é um estabelecimento público de ensino especializado em Educação Especial, integrado à Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

“Com o trabalho desenvolvido na Sala de Recursos Multifuncionais no ensino regular, atendemos a alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e espectro autista buscando desenvolver aspectos cognitivos e socioemocionais, e recebemos estudantes com altas habilidades e superdotação. No caso dos superdotados, o objetivo é a suplementação pedagógica, tendo como objetivo estimulá-los a serem mais produtivos e participativos em suas relações sociais”, detalha Claudia.

O ponto de partida para o atendimento a alunos da Educação Especial foi a necessidade de promover e entender a sociedade e a própria educação pública de forma mais justa e acolhedora. Implantada desde os anos 2000 de forma extraclasse nessa unidade, no contraturno e até por meio de assistência domiciliar, a Sala de Recursos Multifuncionais no ensino regular está fundamentada em uma política educacional de medidas previstas pela Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB 9394/95).

Segundo a pedagoga Ana Paula Carvalho, diretora da Escola Municipal José de Alencar, os impactos socioemocionais da educação inclusiva são ganhos imensuráveis, não só pelos alunos integrados e incluídos, mas também para suas famílias e com aqueles que interagem no processo de desenvolvimento humano com todos os alunos, incluindo professores e demais colaboradores que atuam na escola.

“Precisamos dar oportunidade de aprendizagem a todos; isso é igualdade. A aprendizagem, de fato, vai muito além dos conteúdos formais, muito além do espaço de escolas regulares, classificatórias ou tradicionais. Quando falamos em dar oportunidades, falamos, também, em disponibilizar meios, ferramentas, ambientes e estruturas que facilitem e promovam a aprendizagem do indivíduo: equidade”, aponta a diretora.

De acordo com Ana Paula, trabalhar a educação inclusiva no ambiente escolar requer uma adaptação de conteúdos que envolve toda a equipe pedagógica; professores regentes, professora regente de Sala de Recursos, Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar. “O objetivo vai além do pedagógico; é político, social, econômico e pedagógico. Buscamos promover oportunidades, humanizar todo processo de ensino e socialização. Ajudamos cada indivíduo a escrever suas histórias, com protagonismo, formando futuros trabalhadores e cidadãos capazes de praticar o exercício de lembrar do outro e se colocar no lugar do outro”, revela.

Para a pedagoga, a nova lei requer vigilância e responsabilidade social de toda a comunidade escolar. Hoje, a Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro é a maior da América Latina e conta com diversas Salas de Recursos Multifuncionais espalhadas em diferentes bairros e coordenadorias, além dos atendimentos das Classes Especiais que atendem alunos com comprometimentos cognitivos severos. As Salas de Recursos e as Classes Especiais são extensões ligadas às escolas municipais regulares. O atendimento se dá a toda Educação Básica. 

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