Fala Jovem

Machismo involuntário. Texto da jovem Joana Brodt, 14 anos. Confira.

Desigualdade, violência, paz, consumo e política. Com o objetivo de dar vez e voz às crianças e jovens, a revistapontocom inaugura mais um espaço neste sentido: o Fala Jovem. Neste espaço, vamos publicar textos escritos por crianças e jovens sobre diversos assuntos. A ideia é promover a ‘fala’ destes cidadãos e ao mesmo tempo possibilitar que os adultos conheçam e ouçam suas histórias, sentimentos, comentários, avaliações sobre temas do nosso cotidiano. O texto de hoje é da menina Joana Brodt, de 14 anos. Em pauta: o machismo.

Machismo involuntário

Brasil: um país machista? Vamos examinar as seguintes frases e tire suas próprias conclusões:
“Toda Mulher sonha em se casar.” “Tem Mulher que é pra se casar, tem mulher que é pra cama.”
Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar.”  Pergunto: qual é nossa voz em qualquer uma dessas situações? Nenhuma.

A sociedade lança frases como essas e que acabam na boca de homens e mulheres. São usadas com terrível banalidade. Nessa mesma sociedade que nos educa, desde pequenos, a agir dessa forma, os garotos sentem a necessidade de mostrar o quanto são “machos” e superiores. E as garotas há muito tempo são instruídas a não usar roupas consideradas provocantes, pois assim poderão evitar ser estupradas ou, pelo menos, terão menos chance de sofrerem violência.

O que a sociedade julga “provocador” é uma forma de expressão que toda mulher tem por direito e que de forma alguma deveria ser questionada. Os homens não precisam se preocupar com esse tipo de coisa, afinal são o “sexo forte”. Na internet, me deparei com duas coisas que me indignaram. Não eram matérias, artigos ou algo do gênero, eram apenas frases, duas publicações.

Uma delas foi a resposta para essa pergunta: “O que você acha disso: Quando um garoto fica com várias é considerado foda. A garota que fica com vários, puta?”. Eis a resposta: “Todo mundo admira uma chave que abre vários cadeados, mas não admira um cadeado que se abre com qualquer chave”. Está ali explicitado: o homem é a chave. O pior de tudo é que várias garotas curtiram a publicação.

A segunda publicação: “Feliz dia da mulher pra quem sabe ser uma”. O que este post quer dizer com isso? Me desculpe, existe algum tipo de curso para que eu possa aprender a ser mulher? O que realmente me chocou foi o fato de ambos os garotos que escreveram terem a minha idade. Provavelmente nem se deram conta do que estava nas entrelinhas de suas publicações. O garoto talvez nem tenha pensado quando se colocou no papel da chave.Isso é um machismo que já virou automático, involuntário. Isso responde à primeira pergunta?Mesmo, às vezes, de modo mais discreto, o Brasil é um país machista.

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luis felipe
10 anos atrás

Joana sua argumentação com certeza resume tudo pela personalidade e profissional da mulher. Tudo pelo qual você disse, se relata a realidade do cotidiano das mulheres, e com certeza essa realidade passa ser no dia-a-dia uma pergunta em que as pessoas devem fazer a si mesmo: O que faz a mulheres ser diferente dos homens? Pois também precisamos entender que tanto quanto ao homem quanto a mulher devem ter com certeza direitos iguais, tanto que tempos atrás somente os homens só podia se dirigir a politica e hoje em dia não e a mulher! Muitas mulheres são julgadas no vestir, falar ou até mesmo no comportar, sem antes de mesmo de conhece-las paramos pra pensar que nem todas são iguais, o que se dirigi as pessoas dizer que as mulheres e “isso ou aquilo” é que EXCETO umas mulheres se comportam como os homens, achando que pode ficar com mais de um se vestindo vulgarmente para ser notadas querendo a se igualar aos homens, o que faz a delas a se desvalorizar.

Angela Quintella
Angela Quintella
10 anos atrás

Olhar crítico e maduro, argumentos bem delineados e somente quatorze anos de vida! Joana, você promete! Parabéns!

Flavia
Flavia
10 anos atrás

Parabéns, Joana! Adorei essa qualidade de argumentação. Firme! Certeira!
Beijo, Flavia

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