Do Portal Globo Educação
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do município de José de Freitas, no Piauí, era um dos mais baixos do Brasil: 3,2 nas séries iniciais (o indicador pode variar de 0 a 10). A história começou a mudar em 2009, com a implantação do projeto ‘Aprendendo com Tecnologia’, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceira com a empresa Positivo Informática e apoio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) do Piauí. As escolas receberam lousas interativas, netbooks e infraestrutura moderna, com isso, alunos e professores ganharam um estímulo extra para aprender. Após quatro anos, os resultados não poderiam ser melhores, conta Jacquelane Cruz, coordenadora do projeto na Seduc.
“Acompanhei a implantação desde o início e vi a mobilização das pessoas. É com grande satisfação que constatamos o desempenho dos alunos melhorando. Em 2012 nosso Ideb chegou a 4,7 pontos, alcançado a média nacional. Os professores também estão mais motivados. Eles tiveram que correr atrás para aprender a mexer com a tecnologia, muitos não tinham sequer computador em casa. Foram oferecidas mais de 8.000 horas de formação para os docentes e todo ano temos oficinas pedagógicas”, explica a coordenadora.
O projeto é realizado em nove escolas do município e atende estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Entre os recursos pedagógicos implantados estão as Mesas Educacionais, que estimulam os alunos a trabalharem em grupo, e o Aprimora, que combina atividades interativas multimídia, sugestões para professores, avaliações periódicas e relatórios de desempenho dos alunos nas disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. Ana Ribeira, professora da Escola Agripina Portela, uma das participantes do projeto, conta que viu a necessidade de se aprimorar para poder ajudar os alunos.
“Eu usava pouco o computador até começar o projeto, mas, quando vi que poderia ser interessante para mim e para os alunos, me doei ao laboratório. Aprender Matemática com a ajuda de imagens é muito bom para os alunos, e os exercícios de Português também são excelentes. Alguns professores são mais acomodados, mas a maioria procura se qualificar”, ressalta.
Professores buscam qualificação em tecnologia da educação
Criados em um mundo com computadores, celulares e jogos eletrônicos, os alunos de hoje geralmente “sacam” muito mais de tecnologia do que seus professores. Na tentativa de se qualificar, os docentes procuram cursos como os oferecidos pelo grupo planetapontocom, que há 10 anos desenvolve soluções em tecnologia para educação. No curso ‘Por Dentro dos Meios’, professores e gestores escolares estudam a evolução das formas de comunicação ao longo da história da humanidade e são levados a compreender a importância de incluir novos métodos, meios e linguagens no seu trabalho em sala de aula. De acordo com Silvana Gontijo, presidente do planetapontocom, é importante preparar os professores para o desafio que estamos vivendo na educação.
“Cada vez mais a tecnologia está incorporada no cotidiano. A internet, as redes sociais, tudo isso muda a forma como as pessoas se relacionam, como elas pensam, como interagem… Logo, isso não pode ser ignorado na área da aprendizagem”, explica a presidente.
O curso é realizado a distância e não tem custo para os professores. Quem paga são as redes de ensino públicas ou privadas interessadas em qualificar os profissionais. Com duração de 80 horas e 9 semanas, ele é dividido em cinco módulos: Nova Sociedade e Novas Educações; Instrumentos para pensar, se expressar e educar; Ecologia cognitiva e novas interfaces; Planejamento da comunicação nas ações educativas; e Gestão de projetos de mídiaeducação. “Cerca de 1700 professores já fizeram o curso e 40 mil alunos foram impactados pelo que os docentes aprenderam. Devemos abrir uma nova turma em agosto”, adianta Silvana.
O Centro de Estudos Avançado (CEA), em Santo Antonio de Platina, no Paraná, também oferece formação para os docentes interessados em aprender a lidar com as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). Segundo o professor Nelson Mascaro, a ideia surgiu da necessidade de ajudar os docentes a utilizar a tecnologia na sala de aula.
“As disciplinas de informática e tecnologias em sala de aula são exigidas em alguns concursos públicos. Então, foi proposto o curso que tem grande procura hoje em dia. A tecnologia é a facilitadora e não o objetivo. Na parte teórica o professor deverá rever conceitos de educação, repensar a nova escola a partir da Lei de Diretrizes e Bases, repensar o ambiente escolar e o ambiente social em que sua escola está inserida. Somente após questionamentos profundos sobre estes assuntos é que o professor poderá elaborar um plano de ação e encontrar na tecnologia ferramentas que facilitam o maior objetivo que é educar. Há uma transição entre a parte teórica e a parte prática do curso que é o reconhecimento do domínio de diversas tecnologias e linguagem que o aluno possui e que o distanciam do professor. Usamos aplicativos gratuitos para tablets, smartphones e notebooks que podem ser baixados gratuitamente pela internet. Para este curso aprender significa fazer”, ressalta o professor.
O professor deve ter o seu próprio notebook para fazer o curso e o custo é de R$ 400, com turmas de 20 alunos. Escolas e empresas interessadas em oferecer as aulas para seus professores também podem contratar a equipe do CEA. Mais informações por meio do telefone (43) 3534-3349 ou e-mail [email protected]
Universidades disponibilizam conteúdos online
Para estimular o uso da tecnologia na educação e incentivar o relacionamento entre professores, alunos e comunidade, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) lançou no dia 29 de abril o Portal e-Unicamp. Os vídeos, animações e aulas de diversas disciplinas podem se tornar uma ferramenta útil para a comunidade escolar, como explica a professora Vera Nisaka Solferini, coordenadora associada do grupo gestor de tecnologia educacional da Unicamp.
“O conteúdo pode ser baixado livremente. Temos muito material, principalmente, para alunos do Ensino Médio. Acho que a tecnologia na educação ainda sofre preconceito porque as pessoas lembram da educação a distância de antigamente, ou seja, ficou associada a um ensino de baixa qualidade. O ambiente virtual é novo, tem outra linguagem, que precisamos aprender a usar. A escola deve mudar, ninguém aguenta ficar sentado durante horas ouvindo o professor falar, precisamos de outras estratégias, aí que entra a tecnologia, tornando processo de aprendizado mais interativo”, ressalta a professora.
A Unicamp e a Universidade de São Paulo (USP), que lançou o portal e-Aulas em 2012, seguem os passos de instituições internacionais como Harvard, Yale, Columbia, Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Princeton, que já disponibilizam seus conteúdos na internet.