Releitura da história da independência do Brasil em HQ seriada

Produção Ciência na Rua

A história da Independência do Brasil já foi contada e recontada em prosa, verso, no cinema, no teatro, na música e por toda sorte de meios e modos reais e virtuais. Pois bem, mais uma releitura foi criada. Trata-se do projeto da HQ Contra Tempo: uma viagem de 200 anos, produzida pelo Ciência na Rua. Dedicado principalmente ao público infanto-juvenil, o projeto terá 84 páginas e será publicado, no site do instituto, em capítulos até setembro deste ano. A proposta é fazer o leitor vivenciar a história de forma ativa junto com a personagem central, impulsionado pelas palavras, cores, desenhos e, principalmente, pelos detalhes minuciosos de cada período histórico.

Inicialmente, ainda na fase de formatação das ideias para a construção das histórias, a idealizadora do projeto, a jornalista, pesquisadora e presidente do Instituto Ciência na Rua, Mariluce Moura, fez diversas sondagens com historiadores e desenhistas. Após inúmeras recomendações e cuidadosa curadoria, reuniu então renomados profissionais e especialistas na equipe final para integrar o projeto da HQ do Bicentenário: o paulista João Paulo Garrido Pimenta, Professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), especializado em História da Independência do Brasil, e os mineiros Igor Marques (roteirista), Ana Cardoso (desenhista) e Hyna Crimson (colorista).

‘Contra Tempo: Uma Viagem de 200 Anos’ embarca numa viagem histórica, partindo dos dias atuais para voltar ao passado e (re)contar a História da Independência do Brasil. A personagem central da HQ é uma mulher negra, jovem e estudante de história dos dias de hoje. A imaginária ‘cápsula do tempo’ a faz desembarcar em 1817, em plena Revolução de Pernambuco, passa por 1822, acompanha o centenário da Independência (1922), avança para 1972, ano do sesquicentenário e período mais duro da ditadura militar, em pleno governo do general Emílio Garrastazu Médici.

“Quando retorna ao ponto inicial, em 2022, a personagem traz na bagagem uma nova compreensão da história do Brasil. Parece sugerir uma visão distópica, mas na verdade é muito atual e real”, revela o historiador João Pimenta. “A intenção foi mostrar os efeitos da violência, do racismo e de outros fatores que acabaram por constituir e forjar o Estado, a Nação e a identidade nacional brasileira tal qual se apresenta nos dias de hoje”, completa.

Para o roteirista Igor Marques, a HQ sobre o Bicentenário coloca a personagem “in loco” para trazer um novo olhar para partes da história, ao participar e vivenciar ativamente, e por isso consegue desmistificar algumas narrativas tradicionais ao contrapor a história “real” e a “oficial”.

Igor trabalhou com a ideia de enumerar fatos que não são tão conhecidos, e reconecta-los a outros, de forma que despertasse o interesse do público infanto-juvenil, partindo de referências bibliográficas e históricas, alicerçadas no conhecimento e nos estudos do professor João Pimenta.

“A minha inspiração foi representar o cenário daquela época, trazer os fatos para a primeira pessoa – a personagem que viaja no tempo -, mas não de forma didática, e sim divertida, para o leitor aprender (e ensinar). Ou seja, de forma indireta, que a personagem pudesse trazer os relatos dos acontecimentos e mostrar como a nossa própria história reflete agora, nos tempos atuais, nos nossos costumes e na nossa identidade”, diz Igor.

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