Por Marcus Tavares
Hoje, uma das perguntas que a escola cada vez mais se faz é: como é possível estabelecer uma interface criativa e construtiva entre ela, os estudantes e as redes sociais? Como o Facebook, febre entre os jovens, pode favorecer esta relação? Isto seria recomendado? Ou as redes sociais não têm nada a ver com o cotidiano da escola, fazem parte apenas do universo particular dos alunos?
As redes são características do mundo digital em que vivemos. Por meio delas, é possível criar tendências, reiterar novos ou antigos valores, criticar, denunciar irregularidades e por aí vai. São vistas com tanta importância que, no âmbito profissional, muitas empresas traçam o perfil de seus funcionários e dos que vão contratar levando em consideração o que postam e defendem nas plataformas.
Acho que fica bastante clara a ligação: se as redes sociais já ocupam parte de nossa vida com tamanha importância, naturalmente devem, pelo menos, fazer parte das discussões da escola. Bem, de uma escola que objetive contribuir com o crescimento de um jovem que está neste cenário de múltiplas vozes e tecnologias.
Sim, cabe às escolas – e aqui é bom que se diga que também cabe às famílias – pensar as redes sociais como espaço de informação, de constituição de conhecimentos e valores positivos ou negativos, de troca de saberes e de aprendizagem, ainda mais quando mais de 50% dos alunos, senão a turma toda, burlam idades e formulários, muitas vezes com o consentimento dos pais, para administrarem suas próprias contas. Esta talvez seja a primeira grande discussão que deve ser debatida na escola: o acesso. Crianças e jovens podem ter contas no Orkut, no Facebook?
As redes sociais, na perspectiva de ferramenta tecnológica e digital, são excelentes apoios do diálogo pós- sala de aula entre estudantes e professores. Quem usa sabe do que estou falando. Mas a questão é que elas não são apenas ferramentas. São mídias, vitrines, megafones individuais, espelhos e janelas. Qual é o limite? Quais são as regras? Tudo vale e é permitido? O que fazer quando as redes são usadas para reiterar preconceitos, para a difamação, para o bullying? As palavras respeito e ética fazem parte do glossário dos usuários das redes?
A ideia não é didatizar, cercear a liberdade e a criatividade dos jovens no uso das ferramentas nem violar a privacidade dos mesmos, mas pensar e refletir sobre quem somos, como agimos e de que forma nossas ações podem ser vistas, interpretadas e avaliadas. Como podemos viver de forma consciente no mundo digital.