Por Marcus Tavares
Olhos atentos grudados na tela. O menino João Pedro de Campos da Silva, de 11 anos, estava, na tarde do dia 29 de junho, no Teatro Governador Pedro Ivo, local de exibição dos curtas da 12ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Decidido a passar o dia vendo filmes, ele deixou de lado a tarde de sábado com os amigos na pista de skate. Sozinho, saiu de casa, pegou o ônibus e chegou ao teatro. “Sabe, eu gosto muito da mostra. Venho desde o meu primeiro ano de idade. É legal. Curto ver os filmes e depois conversar com as pessoas da produção. Tenho muitas curiosidades de como se faz as animações, como o roteiro vira filme”, conta.
Sem nenhuma timidez e bastante seguro, ele pergunta ao diretor Fábio Toagashi Toma, do curta Trupz, de onde ele tirou a ideia do roteiro. E ainda conta como ele cria seus personagens no computador. “Tenho um software no qual você pode criar personagens, dá vida a eles. É muito interessante. Gosto também de desenhar e produzir as minhas histórias, ou seja os meus filmes. Sou um ótimo desenhista de mangá. Você conhece? Fiz um curso. Outro dia gastei uma resma de mil folhas para produzir uma animação”.
O vídeo, assim como as 4.500 fotos digitais, se perderam. Estavam guardadas no seu Iphone. “Quebrou. Minha mãe está tentando consertar. Mas acho que não tem mais jeito. Tenho que fazer tudo de novo. Pena que havia fotos bem legais, inclusive dos meus irmãos mais jovens”.
Embora goste bastante de cinema, João Pedro garante que vai seguir a carreira de advogado. O bate-papo com os diretores, segundo ele, é uma boa oportunidade para praticar o diálogo, a conversa, o ”discurso”. Discurso pronto quando se pergunta a ele o que é um bom filme para criança. “É aquele claro, objetivo, no qual o roteiro está bem escrito, sem ser redundante”. Redundante? Como assim? “Por exemplo, quando o texto do filme diz que o carro é azul e a cena mostra o carro azul”, explica.
Em sua análise sobre as edições da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, João Pedro avalia que as produções têm melhorado bastante. “Elas estão mais inteligentes, exigindo que as crianças pensem mais”, avisa o pequeno cinéfilo, estudante do 6ª série da Escola Virgilio dos Reis Várzea.
Ponto para os produtores.