Léa Fagundes: pioneirismo

A história da professora que sempre investiu na tecnologia.

Por Promenino – Fundação Telefônica

Quando a professora Léa Fagundes começou a lecionar, há mais de sessenta anos, a expressão inclusão digital não existia, tampouco a noção de que era necessário incluir. As escolas eram locais de hierarquias definidas, posturas rígidas e um ensinamento restrito ao conteúdo.

Não é exagero chamá-la de pioneira. Com curiosidade, gana e um olhar terno sobre o protagonismo infantil, Léa, hoje com 86 anos, foi uma das primeiras educadoras a considerar a tecnologia como uma ferramenta de empoderamento.

As habilidades cognitivas infantis, ou seja, a capacidade de aprender e reter conteúdo de maneira significativa (e não apenas armazená-lo), sempre foram objetos de estudo para Léa. Por essa razão, ela fundou o Laboratório de Estudos Cognitivos – LEC, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Profundamente influenciada pelos ensinamentos de Jean Piaget, bem como pelas experiências internacionais feitas com linguagens Logo (que coloca a criança no comando do computador), ela tentava entender qual impacto as ferramentas digitais tinham no desenvolvimento de meninos e meninas.

Para celebrar o legado e pioneirismo de Léa Fagundes, a educomunicadora Priscila Gonsales e a jornalista Guilliana Biancconi, do Instituto Educadigital estão criando uma biografia colaborativa sobre o trabalho da educadora. O making of do projeto, que pode ser acompanhado online, reúne informações sobre Léa, sobre Jean Piaget, e também uma galeria colaborativa, reunindo vídeos e fotos sobre as andanças de Léa pelo país.

Os primeiros aparelhos utilizados nessas experiências eram radioamadores. Com o princípio da construção de computadores em território nacional, autoridades de Nova Hamburgo (RS) procuraram a experiência de Léa para iniciar a formação de professores. E a cidade se tornou o primeiro município brasileiro a ter computadores nas salas de aula. “A escola que temos há 300 anos permanece na era industrial. A escola do novo milênio ingressa na cultura digital. De um modo inesperado, a tecnologia digital se desenvolve e amplia em direções nunca antes previstas”, ela relata.

Ainda que mergulhada na cultura da informática, e participante ativa de inúmeros projetos na área – ela integra desde 1994 o Comitê Assessor em Informática do Ministério da Educação e coordena o projeto Um Computador por Aluno (UCA) na Região Sul – Léa é categórica ao afirmar que apenas colocar computadores em sala de aula não é sinônimo de revolução na escola: “Só uma nova cultura pode revolucionar a educação e a sociedade no planeta Terra”.

Para tanto, é preciso que o adulto deixe a criança criar, tarefa que, até hoje, com intervenções tecnológicas avançadas e novos modelos educacionais, ele não consegue fazer. Durante seus anos lecionados, Léa percebeu que toda criança tem a capacidade de aprender – e é aí que começa a verdadeira revolução. “A criança é um ser inteligente que necessariamente poderá se desenvolver. Seu desenvolvimento saudável não será o de um ser dependente se for respeitado e estimulado como protagonista. O papel do educador não pode ser o mesmo do condicionador de comportamentos prévios, mas que fundamente o estimulador de protagonistas”, ensina Léa.

Dos adolescentes e das crianças vêm o entusiasmo e a vontade inspiradora de adaptação, necessárias para uma mudança educacional. “Os entraves são propostos pelas gerações de adultos que não ingressam na cultura digital”, diz a educadora. Mas Léa também mantém o otimismo de que a velocidade, característica própria dos objetos digitais, também acelere mudanças importantes como a organização curricular, o uso do tempo e também o sentido comunitário que a tecnologia deveria ter.

Quando a palavra inclusão aparece, ela puxa pela mão outra que é importante quando se fala de tecnologia e educação: a democratização. Avanços no campo da educação digital não são o suficiente para uma transformação radical da sociedade se não atingem todas as camadas da população, acreditando igualmente em seu potencial.

Baseada em sua trajetória tão inspiradora, a professora Léa aponta um caminho possível: “Como os abismos sociais poderão diminuir? Derrubando o muro de preconceitos e permitindo as constantes trocas e experiências inovadoras, aprendendo a formular problemas e a avaliar cooperativamente novas soluções”.

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FERNANDO DO CARMO SILVA
7 anos atrás

olá amigo,meu filhos dois quero o livros.direito
#querolivro

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