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Filmes sobre Globalização

Sem fins lucrativos nem competitivos, evento chega à sua segunda edição, no Rio. Objetivo: debater a globalização.

Por Marcus Tavares

Os interessados em participar da segunda edição do Festival Globale Rio 2012 têm até o dia 1º de junho para inscrever seus vídeos. Por meio da exibição de filmes de ficção e documentário, o evento, que será realizado em agosto, no Rio, tem o objetivo de debater com o público temas relacionados aos processos de globalização. “É um festival sem fins lucrativos e não competitivo”, explica o idealizador Agustin Kammerath.

saiba mais sobre o evento, clicando aqui

A proposta nasceu em Berlim, em 2003, na Alemanha. Hoje, acontece em mais duas cidades alemãs, em Bogotá (Colômbia), Varsóvia (Polônia) e Montevidéu (Uruguai). Cada local possui sua coordenação que trabalha de forma independente, apenas mantendo os mesmos propósitos.

revistapontocom conversou, por e-mail, com Agustin. Ele contou mais detalhes do projeto, como os eixos que serão discutidos na edição deste ano. E destacou que a cidade do Rio, mais do que nunca, está inserida num complexo processo de globalização, em virtude, principalmente, dos grandes eventos que serão realizados na cidade.

Acompanhe:

revistapontocom – Como o evento chegou ao Rio?
Agustin Kammerath – A ideia de fazer o Globale no Rio de Janeiro surgiu no ano 2010, após alguns integrantes do atual coletivo carioca terem participado da edição Globale Montevideo, no Uruguai. Éramos dois realizadores independentes que havíamos inscrito o filme “Xingu: porque não queremos Belo Monte”, então selecionado para a edição uruguaia. Depois de termos participado dos debates durante a exibição do nosso vídeo e de outros, ficamos super bem impressionados com a proposta e a dinâmica auto-organizada do coletivo uruguaio. Quando fomos convidados a contribuir com a ampliação da rede Globale na América Latina, através da organização de uma edição no Rio de Janeiro, decidimos aceitar o desafio. Tão logo retornamos ao Brasil, preparamos uma convocatória aberta para constituição do coletivo carioca. Divulgamos essa convocatória amplamente e constituímos um coletivo bastante diverso, heterogêneo e horizontal. Através do esforço deste grupo foi organizada a primeira edição do Globale no Brasil, no ano passado. Este ano, o globale Rio terá sua segunda edição no Rio, em agosto.

revistapontocom – De que forma a proposta do evento vem atingindo o objetivo de promover uma reflexão sobre a globalização?
Agustin Kammerath – Entendemos que a globalização permitiu bons encontros, mas que ela não é vivida igualmente por todos. Nesse contexto, as populações tradicionais e os mais pobres têm sofrido injustiças, mas também têm encontrado novos meios de se articular e resistir. O festival Globale, em todas as suas sedes, procura mostrar filmes que apresentem visões críticas sobre a globalização. A proposta é fazer com que todas as sessões sejam seguidas de debate. Convidamos os realizadores dos filmes, mas procuramos sempre trazer outros convidados porque assim as questões se ampliam muito mais. Esses convidados geralmente são professores, pesquisadores e/ou representantes de movimentos sociais, mas temos a preocupação de garantir a participação do público porque a opinião dele é tão importante quanto a dos diretores e a dos especialistas. Ano passado teve um debate no Ponto Cine, em Guadalupe, para o qual convidamos o Marcio Dias, representando o Coletivo Heróis do Cotidiano que apresentou o filme “Salvem os Ricos”, e o professor Helion Povoa Neto (Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios – NIEM/IPPUR-UFRJ). Foi um debate muito bom porque, além deles, todas as pessoas presentes na plateia falaram abertamente. A diversidade de pontos de vista é tão importante para o Globale que começa na composição do próprio coletivo organizador como um grupo heterogêneo. A participação é aberta a qualquer um que esteja interessado.

revistapontocom – Que filmes foram exibidos no primeiro evento?
Agustin Kammerath – O mais importante na escolha dos filmes são as questões que eles levantam. Não somos um festival competitivo porque não queremos entrar na lógica da competição, até porque recebemos trabalhos de formatos muito diversos, desde produções de movimentos sociais até filmes profissionais de cineastas premiados. Não há como compará-los. Não colocamos restrições de duração e os filmes não precisam ser inéditos, precisam apenas trazer aspectos pertinentes aos processos de globalização a partir dos eixos temáticos que propomos. A qualidade técnica aqui fica em segundo plano. Realmente estamos mais preocupados com a mensagem e o processo de realização dos filmes, que muitas vezes são produzidos como uma ferramenta de expressão na luta por direitos básicos. É claro que para fazer uma exibição pública é preciso uma qualidade técnica mínima, mas tendo isso e propondo uma reflexão crítica, já é bacana. No ano passado, não tivemos que nos preocupar com isso, já que os movimentos sociais estão trabalhando com vídeo há bastante tempo. É surpreendente a beleza e a inventividade dos filmes com este perfil que têm aparecido. No Globale, não estamos interessados em discutir os filmes enquanto linguagem artística, embora a gente entenda a arte como uma das formas mais efetivas de intervenção no mundo. É por isso que, em 2011, propusemos o eixo “Terrorismo Poético” e em 2012 vamos continuar a refletir sobre o papel da arte com o eixo “Arte ativismo”.

revistapontocom – O que podemos esperar por esta segunda edição?
Agustin Kammerath – Atualmente o Rio de Janeiro está vivendo a globalização de uma maneira mais visível e perceptível. A cidade vai sediar, este ano, a Rio+20, e daqui a pouco outros eventos internacionais de grande porte. Está passando por transformações urbanísticas estruturais que têm consequências sociais e ambientais. Com isso, acreditamos que alguns debates que iniciamos na primeira edição do Globale Rio não se esgotaram. Portanto, reeditamos os eixos temáticos “Cidade global”; “Conflitos socioambientais” e “Mídia contra hegemônica”. Além do eixo “Arte Ativismo”, que é uma ampliação de um dos temas de 2011, acrescentamos o eixo “Identidades e desigualdades”, que é um debate fundamental para quem se interessa pela globalização, já que o contato com outras culturas tem complexificado a questão da identidade. Além disso, as minorias históricas enfrentam novos problemas de reconhecimento, pois, estamos diante de um cenário em que certos discursos de inclusão e do multiculturalismo ocultam desigualdades persistentes. Outro eixo novo é o “Grandes poderes” . Com ele, pretendemos discutir a articulação internacional do capital, que é o que acaba determinando grande parte das questões práticas do cotidiano da maioria das pessoas. Em 2012, também vamos oferecer oficinas, além das sessões com debates. É uma parceria com a BVAz Idiomas nos permitirá exibir mais filmes estrangeiros.

revistapontocom – Há alguma diferença entre o festival carioca e o das outras cidades?        
Agustin Kammerath – O festival Globale começou em Berlim (2003) como um festival de documentários. A partir daí outras sedes seguiram esta mesma linha. Quando formamos o coletivo do Rio de Janeiro, em 2010, discutimos sobre isso e chegamos à conclusão de que muitas vezes a ficção fala tão bem se não melhor sobre a realidade. Então, o Globale Rio tem o diferencial de receber filmes de todos os gêneros. A rede Globale tem uma identidade e a gente se ajuda trocando alguns filmes e informações sobre produção, mas cada coletivo organizador tem autonomia para fazer suas escolhas. As inscrições de filmes também são independentes em cada cidade.

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