Dia de soltar a voz

Projeto coordenado pela Renajoc defende o direito à comunicação. Entrevista com o jovem comunicador Reynaldo Azevedo.

Por Marcus Tavares

No dia 17 de outubro, adolescentes brasileiros, em 25 cidades do país, vão soltar a voz pela democratização da comunicação. São as ações que marcam o DIA C – Dia da Juventude Comunicativa. A atividade, liderada pela Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicador@s  (Renajoc), pretende mobilizar a sociedade pelo direito humano à comunicação. E chamar a atenção para a urgente necessidade de uma nova lei geral de comunicações, que substitua o atual Código Brasileiro de Telecomunicações. Com mais 50 anos, o código, de acordo com a Renajoc, aborda a comunicação sob a ótica do negócio, deixando de lado questões importantes como a democratização, a pluralidade de ideias e a diversidade. O documento legitima um histórico de concentração dos meios de comunicação nas mãos de pouquíssimos grupos comerciais, que juntos controlam 70% da mídia brasileira.

Em Lavras, em Minas Gerais, os jovens ocuparão uma praça pública realizando oficinas de grafite, jornal mural, apresentação de hip-hop, exposição de fotos e mídias táticas. Já em São Mateus, no Espírito Santo, o sitio histórico Porto de São Mateus será tomado por adolescentes com diversas atividades incluindo a produção de mídias artesanais, mostra de curtas e oficinas de desenho. Em Belém, no Pará, haverá roda de conversa, exibição de vídeos e debates. Vinte escolas da rede pública, em vinte cidades diferentes, que participam do projeto Mais Educomunicação, também estão preparando atividades dentro e fora do espaço escolar.

As ações buscam também colher assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática, que visa regulamentar o funcionamento dos meios de comunicação, garantindo a pluralidade e a diversidade (www.paraexpressaraliberdade.org.br).

Para conhecer um pouco mais sobre o DIA C, a revistapontocom conversou com Reynaldo Azevedo, jovem comunicador da Renajoc, de 17 anos, que está à frente da mobilização nacional.

Acompanhe:

revistapontocom – Em que contexto surge o DIA C?
Reynaldo Azevedo – A data foi criada em 2009 como parte do processo de participação de adolescentes e jovens na Conferência Nacional de Comunicação. Desde então, esse é o momento em que a sociedade civil, em especial adolescentes e jovens, mostram sua cara e realizam diversas atividades de mobilização, articulação e proposição pelo direito humano à comunicação, não apenas para ter acesso, mas também para disseminar conteúdos produzidos por pessoas e comunidades. É preciso democratizar os meios de comunicação para garantir uma verdadeira democracia em nosso país. É por isso que a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicador@s (Renajoc) realiza, com um conjunto de organizações, no dia 17 de outubro, o Dia Nacional da Juventude Comunicativa, o chamado DIA C. Desde 2009, o projeto vem recebendo adesões de outras instituições e coletivos. Neste ano, contamos com a parceria do projeto Mais Educomunicação, do instituto C&A.

revistapontocom – O que está programado para a edição deste ano?
Reynaldo Azevedo – Com o objetivo de realizar ações sobre o direito humano à comunicação e colher assinaturas para o Projeto de Lei da Mídia Democrática, vamos promover múltiplas atividades, como rodas de conversa em escolas, igrejas, centros comunitários, intervenções urbanas com grafite, flashmob, pendurar cartazes gigantes com frases de impacto, bicicletada e passeatas.

revistapontocom – De que forma os jovens participam das atividades?
Reynaldo Azevedo – Os adolescentes que já integram as atividades ajudam a pensar e a construir a ação. Quem não puder participar diretamente das ações pode assinar o projeto de lei de iniciativa popular para a mídia democrática ou até mesmo mobilizar uma ação em suas cidades. A Renajoc está super-receptível para ajudar quem tiver interesse em fazer alguma coisa. São muitas pessoas envolvidas, concretizando o DIA C, em regiões, estados e municípios diferentes. O DIA C está programado para acontecer em 25 cidades do país. Esperamos que dessas ações possam surgir vários horizontes para conquistarmos o direito humano à comunicação e disseminar essa temática. Para orientar os jovens interessados, a Renajoc produziu um manual de orientações para o DIA C.

revistapontocom – Os adolescentes que participam das ações têm ideia do tamanho do desafio de defender o direito humano à comunicação no Brasil?
Reynaldo Azevedo – Sem dúvida. Trata-se de um grande desafio. Democratizar a comunicação envolve diretamente a garantia e conquistas dos nossos direitos. Hoje os meios de comunicação do Brasil estão nas mãos de 11 famílias. Essas famílias decidem o que vamos ler nos jornais e revistas, ouvir nas rádios e assistir nas TVs. São elas também quem decidem quais produtos serão anunciados e entrarão nas nossas casas sem pedir licença. Democratizar a comunicação é tirar as concessões públicas de uso dos meios de comunicação das mãos dessas poucas e milionárias famílias e garantir que as pessoas, movimentos, grupos, organizações sociais possam participar da produção desses meios de comunicação. Um exemplo são as rádios comunitárias, que prestam um serviço social levando notícias locais às comunidades e que muitas vezes são consideradas piratas e precisam fechar as suas portas. Quando essas rádios fecham suas portas é porque o direito de veicular notícias para aquela comunidade ficou restrito a esses grandes aglomerados familiares que dominam a comunicação no Brasil. Democratizar a comunicação é mudar esse cenário.

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