Profissão Repórter

Redescobrindo a notícia e a audiência

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Por Marcus TavaresCaco Barcellos e sua equipe de jovens repórteres vão às ruas, juntos, para mostrar diferentes ângulos do mesmo fato, da mesma notícia. Cada repórter tem sempre uma missão, um desafio a cumprir. Será que eles vão conseguir? No Profissão Repórter, você acompanha tudo. Os desafios da reportagem. Os bastidores da notícia.Esta é a chamada do programa Profissão Repórter, da Rede Globo. Há dois anos em cartaz, o telejornalismo já ganhou oito prêmios da crítica. Do público, uma audiência cativa que chama a atenção. Afinal, trata-se de um programa jornalístico sem estrelas, sem apelos de violência ou sexo e exibido depois das 23 horas em plena terça-feira.

Comandada pelo jornalista/apresentador Caco Barcellos, a equipe do Profissão Repórter é formada por jovens recém formados em jornalismo que participam de todas as fases de produção do programa. Jovens à procura de um olhar diferenciado.

“Aqui, queremos quebrar o paradigma de que repórter é aquela coisa dura, sem sentimento, sem envolvimento, fora do movimento natural da vida. Nós, assim como nossos entrevistados, somos bastante humanizados. Isso que acredito ser o grande diferencial do programa. Talvez seja uma das razões do sucesso enorme do projeto”, explica Felipe Suhre.

Ator e jornalista, formado pela UniverCidade, Felipe integra a equipe de repórteres desde abril deste ano. Na bagagem, várias histórias. Entre um e outro programa, Felipe concedeu uma entrevista à revistapontocom, na qual diz o quanto a experiência é enriquecedora.

Acompanhe:

revistapontocom – Como você chegou ao programa Profissão Repórter? Há quanto tempo você integra a equipe?
Felipe Suhre –
Logo que conclui a faculdade, em junho do ano passado, enviei à direção do programa algumas matérias que havia feito durante o curso. O diretor gostou e me chamou para conversar. Passei um dia todo na redação, conheci os outros repórteres e, finalmente, o Caco Barcellos. Depois de uma longa conversa com o Caco e o diretor, Marcel Souto Maior, fiquei de fazer um programa como teste. Isso, para minha angústia (risos), só aconteceu seis meses depois dessa data. Porém, felizmente, deu certo. O programa marcou minha estreia no Profissão Repórter, em 14 de abril deste ano.

revistapontocom – Qual é o objetivo do programa? É uma nova forma de fazer jornalismo?
Felipe Suhre
– Acredito que o objetivo do programa é fazer um jornalismo responsável e diferente do padrão habitual. Aqui, queremos quebrar o paradigma de que repórter é aquela coisa “dura”, sem sentimento, sem envolvimento, fora do movimento natural da vida. Nós, assim como nossos entrevistados, somos bastante humanizados. Isso que acredito ser o grande diferencial do programa. Talvez seja uma das razões do sucesso enorme do projeto.

revistapontocom – O que é notícia para o programa? Como ele é pautado? Construído?
Felipe Suhre
– O Profissão Repórter quer estar aonde quase ninguém vai. Dentro de prisões, de clínicas para dependentes químico, de hospitais psiquiátricos… Procuramos sempre pautas com bastante ação também. Além disso, nosso programa quer entrar na vida das pessoas e mostrar a vida delas. O Caco defende e a gente assina embaixo: em vez de me falar da sua vida, me mostre a sua vida.

revistapontocom – Como é o dia a dia da equipe de repórteres?
Felipe Suhre
– A gente troca bastante. O interessante da nossa rotina é que temos muita liberdade. Todos dão opinião, erram e acertam juntos. Estamos sempre aprendendo um com os outros. Além disso, como trabalhamos quase sempre em dupla (um repórter fazendo a entrevista e o outro gravando), o nosso convívio é muito intenso.
 
revistapontocom- O que mais lhe instiga? Quais são os desafios?
Felipe Suhre
– Acho que o mais instigante é o fato de fazermos tudo: escolhemos a pauta, produzimos, vamos para a rua realizá-la, decupamos e sugerimos um roteiro de edição. Nesse último momento, temos uma troca importantíssima com nossos editores experientes. Então, dá pra imaginar o quanto é instigante e motivador.

revistapontocom – Em tempos de interatividade e jornalismo participativo, de que forma o público participa?
Felipe Suhre
– O Profissão Repórter tem um blog (www.globo.com/profissaoreporter) que tem um número enorme de acessos. Recebemos muitas críticas (positivas e negativas), sugestões de pautas, comentários em geral. É o nosso principal canal com o público, além do dia a dia nas ruas, claro.

revistapontocom – Qual é a receptividade do programa?
Felipe Suhre
– É enorme. Impressionante. O programa vem conquistando um grande respeito. Entra no ar às 23h30 e dá uma audiência média de 20 pontos. E nas ruas sentimos isso fortemente. As pessoas comentam, se emocionam, criticam. É muito bacana essa troca.

revistapontocom – Sua visão sobre a profissão mudou depois de participar do programa? O que mudou? Por quê?
Felipe Suhre
– Mudou muito. Conviver com o Caco Barcellos é uma experiência transformadora. Ele é um exemplo de integridade e profissionalismo. Poderia ficar horas escrevendo aqui. E a gente acaba por absorver essa filosofia. Hoje venho entendendo a nossa responsabilidade, a dimensão do nosso trabalho. Além disso, percebo a importância de duvidar de tudo que a gente lê e assiste. O jornalismo está muito unilateral, coorporativo. A gente tenta dar voz a muita gente que não tem.

revistapontocom- Como você analisa o fim da exigência da obrigatoriedade do diploma do jornalismo?
Felipe Suhre
– Confesso que concordo com essa decisão. Acho que nossa profissão é bastante generalista. Tenho certeza que um economista vai escrever e falar muito melhor do que eu sobre economia. A faculdade passa a ser um diferencial, oferece alguns instrumentos técnicos. Muita gente diz que estudou quatro anos em vão. Com todo respeito, isso me soa um pouco como papo de quem está desempregado. Acho que o diferencial nessa profissão é a sua vivência, o seu olhar sobre o mundo, seu valores. Aprender a segurar um microfone e falar direito, qualquer um aprende. Sensibilidade para perceber o outro e os problemas, não se ensina.

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