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Games virtuais, inimigos reais: os jogos que curam

“Os games para saúde vieram para ficar porque eles combinam inovação tecnológica, humanização do tratamento e o próprio game, que é a Fórmula 1 da indústria da informática”, Alessandro Vieira.

fisiogames

Por Marcus Tavares

Se a educação ainda discute a importância do game no ensino aprendizagem, a medicina, de certa forma, já avançou no debate. Empresas internacionais vêm apostando todas as fichas na produção de jogos eletrônicos voltados para a área da saúde. O objetivo é auxiliar o tratamento dos pacientes, desde aqueles que estão atravessando uma grave enfermidade, como o câncer ou a aids, até os que demandam procedimentos mais leves, como a fisioterapia.

No Brasil, o trabalho é pouco explorado. Oficialmente, só há uma empresa nacional, a FisioGames, localizada em Santa Catarina, que vem desenvolvendo estudos, estratégias e pesquisas visando à produção dos chamados games for health, no qual os jogadores têm de enfrentar inimigos reais: as doenças e os vírus. Não, não é brincadeira. Pesquisas mostram que estes jogos têm contribuído efetivamente no tratamento de crianças, jovens e adultos.

A revistapontocom conversou com Alessandro Vieira dos Reis, game designer da FisioGames e analista de comportamento. Formado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alessandro defende a importância da indústria do gênero e destaca alguns jogos interessantes.

Acompanhe:

revistapontocom – Muitas escolas ainda não sabem lidar com os games. Podemos dizer que isso não acontece com a área da saúde? Ou também há resistências?
Alessandro Vieira
– Os profissionais de saúde são muito receptivos às inovações tecnológicas. Eles sabem que a saúde no Brasil precisa ser modernizada, informatizada. O videogame traz isso e ainda representa uma segunda tendência: a humanização dos tratamentos, uma vez que ele opera positivamente no emocional dos pacientes. Sendo assim, os profissionais de saúde só precisam entrar em contato com games para saúde e ver que funcionam e são acessíveis. Em pouco tempo, eles estarão solicitando os produtos e cursos para operá-los. Claro que há resistência de uma ou outra pessoa, mas diria que se trata de um receio de operar tecnologia de ponta por parte de pessoas pouco habituadas a computadores. Ou seja: se algumas pessoas têm resistência ou acham estranho, não é porque estamos diante de um game, mas porque o game é uma novidade tecnológica. E toda novidade causa estranheza no início.

revistapontocom – O que de interessante já foi produzido na área?
Alessandro Vieira
– Há mais de 300 games feitos para profissionais de saúde em todo o mundo. Deles, um que destaco é o Re-Mission, feito pelo HopeLab. Trata-se de um “jogo de tiro” onde se entra no corpo humano explodindo, com rifles-lasers, tumores cancerígenos. Ele foi usado para aumentar a aderência de crianças ao tratamento do câncer. Esse é um exemplo de jogo especialmente produzido para a área. Também há jogos feitos para entretenimento que foram adaptados para uso terapêutico. O exemplo principal, sem dúvidas, é o Wii Fit, onde se faz uma série de exercícios físicos com o controle do console Wii, da Nintendo. Fisioterapeutas fazem a festa com esse recurso lúdico em seus consultórios. Isso já rendeu programas de “Wii Rehabilitação” que foram levados tão a sério que se tornaram programas oficiais de saúde do Governo do Reino Unido.

Por Marcus Tavares
revistapontocom – Há de tudo um pouco quando se pensa em games para a área da saúde?
Alessandro Vieira
– Os principais são games para exercícios físicos usados em Fisioterapia (o caso já citado do Wii Fit). Mas também há games para inteligência (chamados, às vezes, de ‘brain games’) e outros focados na sensibilização a respeito de doenças. Soube de um feito pela UFRGS que informava as pessoas sobre como tratar dermatite. Ou seja, pode haver tantos games para saúde quanto para qualquer área.

revistapontocom – Existe algum país mais especializado nesta área?
Alessandro Vieira
– O Reino Unido, onde o Wii Fit se tornou instrumento oficial do Governo para a rede pública de saúde. Nos EUA, ele está sendo usado por escolas para incentivar crianças a fazer exercícios físicos.

revistapontocom – No contexto brasileiro, em que estágio de produção está o game nacional voltado para a saúde? Há boas iniciativas? Quais?
Alessandro Vieira
– A FisioGames é a única empresa brasileira da área. Ela também foi a primeira no mundo a criar um jogo todo focado em Fisioterapia, desenvolvido para fisioterapeutas, usando recursos do Wii. No mais, há pequenos projetos acadêmicos, mas sem projeção.

revistapontocom – O que levou a criação da Fisiogames? O que vocês já desenvolveram?
Alessandro Vieira
– O mercado está aí: os fisioterapeutas precisam e pedem por essa inovação para incrementar seu trabalho. Os games para saúde vieram para ficar porque eles combinam inovação tecnológica, humanização do tratamento e o próprio game, que é a Fórmula 1 da indústria da informática. O nosso primeiro jogo chama-se FuPhysio (conheça o jogo). Agora, estamos desenvolvendo três games, em paralelo, todos com temáticas de saúde, envolvendo nutrição e odontologia.

revistapontocom – É um mercado em expansão?
Alessandro Vieira
– A indústria de games para muitos já é maior que a do cinema e não para de crescer. Apesar da crise mundial de 2009, ela inovou e bateu recordes de vendas. Dentro da bilionária indústria de games, o segmento de jogos para saúde é o que mais cresce, segundo a iConnecto. Ou seja, é um negócio riquíssimo, além de satisfazer uma necessidade humana muito forte: melhorar a saúde das pessoas.

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Guilherme Arthur
14 anos atrás

Realmente é um nicho pouco explorado e que tem futuro. Porem, infelizmente, tais empresas carecem de incentivo governamental.

Parabéns.

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