A classificação indicativa não é censura. O fato de dizer que este filme ou este programa é indicado para tal hora e para tal faixa etária, não significa que há censura. Esse caleidoscópio que é a televisão, deve, sim, orientar a sociedade. Acredito que a classificação traz um limite. Os limites são importantes. Limite, portanto, não é censura. Sou contra a proibição, mas a favor de parâmetros. Isto não fere ninguém. A banalização da violência e do sexo é muito grande em nossa tevê, num índice absurdo. Não deveríamos agir sobre a classificação indicativa de forma traumática, mas de forma madura. Ninguém tem o direito de vetar cenas de sexo e violência ou qualquer outra, mas estas cenas têm o seu espaço, o seu tempo. Nossa sociedade precisa cuidar dos olhos das crianças. Afinal, qual é o olhar que estamos formando para o futuro? Na verdade, toda essa discussão tem apenas uma razão: a questão financeira. Não estamos discutindo valor ou limite, mas dinheiro. Embora ninguém diga isto objetivamente.
Carla Camurati
Atriz, diretora e roteirista. Depoimento concedido ao site do Rio Mídia, em 2007, logo após a aprovação da portaria 1.22o, sobre a classificação indicativa.