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Kayllane: uma geração de jovens poetas, representativos e de ‘olho’ no meio ambiente

Jovem estuda no 9º ano na Escola Municipal Charles Anderson Weaver, localizada em Coelho Neto, Zona Norte do Rio. Na foto, Kayllane e sua professora Roberta Nascimento.

Por Marcus Tavares

O Racismo Ambiental

Acham que só porque somos pretos
temos que viver na podridão.

Não temos o direito de uma coleta de lixo correta.
Chega de jogar o lixo na caçamba!!!

Queremos uma coleta regular.
Só queremos um lugar limpo e bem cuidado
,

Não estão ligando para doenças que vêm dos lixos e os rios que estragam.
Se vocês não sabem, isso é racismo ambiental!

Só faço um clamor
Chega de racismo ambiental,

Também somos humanos e queremos um lugar
que tenha um bom cheiro e que não transmita doenças.

Só peço tratamentos iguais
Iguais aos que a Zona Sul tem.

Será que é pedir muito?
Diga não ao racismo ambiental!

O poema acima é de autoria de Kayllane de Oliveira Hortêncio, 15 anos. Ela estuda na Escola Municipal Charles Anderson Weaver, localizada em Coelho Neto, Zona Norte do Rio. Estudante do 9º ano do Ensino Fundamental, Kayllane vem encantando pela sua sensibilidade, entendimento do mundo e palavras.

“A Kayllane encontrou na poesia uma forma de expressar pensamentos, sentimentos e dar voz às pessoas que passam por questões iguais ou parecidas com a vida dela. É uma menina que tem muito o que dizer e tornou-se porta-voz de muita gente”, destaca a professora de Geografia, Roberta Nascimento, que também é responsável pela mostra de dança da unidade escolar e pelo projeto de consciência negra “Orgulho da nossa história”.

Desde o primeiro semestre, Kayllane também vem participando, ao lado de seus colegas da escola e da professora Roberta, das atividades do programa Esse Rio é Meu. E desde então vem redescobrindo o rio que passa próximo de sua casa e escola, o Rio Acari. Foi o trabalho na sala de aula que começou a despertar o seu interesse pela causa do meio ambiente, inspirando, inclusive, novos poemas, como o de cima.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade.

A equipe da revistapontocom resolveu conversar com a estudante. Quem é Kayllane? O que pensa sobre a vida e o programa Esse Rio é Meu? O que os jovens e a escola podem, de fato, fazer para recuperar os rios da cidade.

Acompanhe a entrevista:

revistapontocom – Quem é a Kayllane?
Kayllane é uma menina que sonha em dar uma vida melhor para sua família e ama poesia.

revistapontocom – Qual é o maior sonho da Kayllane?
Ser reconhecida como uma escritora de poesia e ter uma vida estável.

revistapontocom – Como é a rotina da Kayllane?
Vou à escola. Quando chego, faço minhas poesias. E à noite vou para capoeira.

revistapontocom – A Kayllane é uma adolescente que se preocupa com o meio ambiente?
Nem sempre tive essa preocupação. Mas tem um tempo que comecei a me preocupar por causa das enchentes. E por meio do programa Esse Rio é Meu essa preocupação aumentou. As pesquisas e atividades práticas desenvolvidas levam à reflexão e a um querer agir.

revistapontocom – E o que você já faz para ajudar?
Desde que comecei a me preocupar, jogo o lixo na lixeira, separo o lixo orgânico e pratico a reciclagem através do artesanato.

revistapontocom – Perto da escola, passa o rio Acari. A Kayllane conhecia? Sabia da história e a importância deste rio?
Sim eu passo pelo canal todos os dias, tenho algumas informações de que, na época da minha avó, havia inclusive peixes. Na verdade, eu não sabia da importância do canal até recentemente. Quando fomos conhecer de perto o rio, achei estranho. Nunca vi escola estudando na margem de um rio. Mas gostei bastante. E senti uma angústia por não poder resolver o problema ambiental naquele momento. É preciso parar de jogar lixo no rio e desassorear o canal.

revistapontocom – Você acha que jovens, como você, podem transformar o mundo? Como contribuir para a recuperação do canal?
Sim. Cuidando do nosso lugar, estudando as questões ambientais e buscando resolver esses problemas em conjunto com as autoridades públicas e privadas.

revistapontocom – E a escola pode ajudar? De que forma?
Dando aulas sobre questões ambientais. Um exemplo foi a nossa Mostra de Dança. O material que poderia futuramente ser jogado no lixo virou peças para composição do nosso figurino: sobras de fita, elásticos, emborrachados e flores artificiais. Todo o figurino foi produzido com material reciclado.

revistapontocom – No mundo de hoje, a população carece de tanta coisa, não é mesmo? Carece de educação, moradia, alimentação… Por que se preocupar com a recuperação dos rios? Não tem outras coisas mais urgentes?
O rio faz parte do ambiente em que vivemos. A sua recuperação também é urgente, ele nos fornece água potável, energia, alimento, transporte e até mesmo podemos fazer atividades turísticas. Por outro lado, a sua poluição causa doenças. Aprendemos no projeto Esse Rio é Meu que recuperar o rio é se preocupar com o nosso futuro no planeta.

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Claudia
Claudia
7 meses atrás

Que entrevista maravilhosa!! Acompanho o trabalho da professora Roberta de perto. Excelente profissional, incentiva os alunos a serem o melhor que podem ser. Parabéns!!

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