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Jovens brasileiros participam da COP27, no Egito

Jovens brasileiros na COP 27, no Egito.

Três jovens ativistas ambientais de diferentes regiões do Brasil participam da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), no Egito. Maria Eduarda Silva, 19 anos, de Bonito, PE; Victor Medeiros, de 18 anos, do litoral sul de São Paulo; e Tainara da Costa Cruz, 18 anos, do povo kambeba, da comunidade Três Unidos, localizada na Área de Proteção Ambiental, na margem esquerda do Rio Negro, no Amazonas, se unem a um grupo de 40 meninas e meninos brasileiros, de diversos coletivos e organizações sociais, que vão representar a adolescência e a juventude brasileira na conferência. O encontro será realizado até o dia 18 de novembro.

Estudo divulgado no mês passado alerta que, até 2050, todas as crianças e adolescentes do mundo estarão expostos a ondas de calor e chama a atenção para a necessidade urgente de ampliação de financiamento para adaptar os serviços públicos e proteger crianças, adolescentes e comunidades vulneráveis.

Os três jovens listados acima 27 foram selecionados, pelo Unicef e pela revista Viração, a partir dos projetos apresentados e do potencial como multiplicadores. A expectativa é que possam compartilhar e multiplicar o conhecimento em suas localidades quando retornarem, além de seguirem com as atividades que já desenvolvem.

Para a oficial de Participação e Desenvolvimento de Adolescentes do UNICEF no Brasil , Rayanne Máximo, a participação de adolescentes e jovens fortalece ainda mais os processos que buscam a diminuição mundial dos impactos das mudanças climáticas. “A agenda climática do UNICEF vem crescendo, apoiada diretamente no engajamento e na participação de adolescentes, pensando em inovação, criação de estratégias e advocacy para pautar, nas políticas públicas, ações concretas que coloquem crianças e adolescentes na centralidade das ações climáticas”, salienta Rayanne.

“É fundamental que as próximas gerações tenham apoio de agências internacionais, instituições e organizações da sociedade civil para fazer frente à crise climática a partir do aprendizado e exercício da participação cidadã, acompanhando os debates por justiça climática de forma global e em seus territórios, compartilhando conhecimentos e criando soluções para um futuro sustentável para todos. Ter a participação desses jovens na COP 27 é um grande passo nesse sentido”, afirma Monise Berno, coordenadora de Comunicação da Viração e do programa Agência Jovem de Notícias no Brasil.

Para Paulo Lima, diretor internacional da Viração, que há 11 anos acompanha adolescentes e jovens nas Conferências da ONU sobre o Clima, “a participação dos três jovens brasileiros ligados aos projetos do UNICEF representa uma grande oportunidade de exercitar a cidadania global e um grande exercício de educação climática global. O mais importante é que esses jovens, voltando para o Brasil, poderão compartilhar com outros jovens de todo o país a experiência deles no evento e de conhecer outros adolescentes e jovens que trabalham com educação climática em todo o mundo”

A relação de Maria Eduarda com o meio ambiente e a importância de preservação começou ainda criança. “Passei a infância no sítio da minha avó, pegando fruta do pé, nadando no açude. Sei o bem que a natureza nos faz e as ameaças que as mudanças climáticas estão nos impondo”, conta a jovem.

Maria Eduarda

Ao longo da adolescência, Maria Eduarda foi se envolvendo cada vez mais nas pautas relacionadas ao meio ambiente e aos direitos de crianças e adolescentes. Em 2017, ingressou no Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) da cidade em que mora, Bonito, PE. O Nuca é um espaço de troca e participação entre pares que faz parte do Selo UNICEF – uma das principais iniciativas do UNICEF no Brasil, que contribui para o fortalecimento de políticas públicas direcionadas para crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia.

Engajada, a jovem aprendeu sobre a importância de participar ativamente das decisões e políticas públicas que impactam o presente e o futuro de meninas e meninos. Em 2021, tornou-se mobilizadora de adolescentes no Nuca de Bonito, atuando ativamente para engajar outros adolescentes e jovens para a garantia de direitos, incluindo o direito a um meio ambiente protegido.

A ida à COP 27 é mais um passo nessa caminhada. “Precisamos nos importar, agir; e o adolescente precisa fazer parte desse processo”, afirma Maria Eduarda, animada com a oportunidade de estar presente em um espaço de decisão como a COP.

Victor Medeiros

A relação de Victor Medeiros, de Iguape, no Litoral Sul de São Paulo, com o meio ambiente começou na infância. Foi no sítio do tio, que ele frequentava quando criança, que o estudante aprendeu a importância de cuidar da terra e preservar a natureza que o cerca. Em 2021, quando o primeiro Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) foi implementado na cidade de Iguape pelo UNICEF e parceiros atuantes na iniciativa Crescer com Proteção, Victor viu a oportunidade de combinar sua paixão pelos temas de sustentabilidade com a mobilização de mais aliados.

Em 2022, Victor passou a participar de mais uma iniciativa do UNICEF: o projeto Chama na Solução – Mudanças Climáticas, em parceira com Viração Educomunicação, cujo objetivo é chamar a juventude para pensar em ações criativas para os desafios de seus territórios e que também dialoguem com questões globais. Com outros colegas, ele construiu o projeto Puro Ouro Verde para alertar as populações de Iguape e de Ilha Comprida sobre os efeitos mais evidentes das mudanças climáticas em sua região, como o avanço do mar.

“A gravidade das mudanças climáticas afeta não só o nosso futuro, como também o nosso presente. Então, por isso, é extremamente importante que jovens se mobilizem para poder mudar esse cenário dentro da região em que vivem”, afirma.

Tainara Cruz

Estudante do 2º ano do ensino médio na Escola Estadual Samsung Amazonas, localizada na comunidade Três Unidos, Tainara abarca a luta de jovens lideranças pelos direitos dos povos indígenas. Para seu primeiro evento internacional, ela já preparou a tinta à base de urucum – de uso indígena para pintura corporal –, sua vestimenta com grafismos típicos do povo kambeba e o discurso que tange para conservação da Floresta Amazônica. “O evento é uma oportunidade de valorizar nossa cultura e dar voz aos povos indígenas sobre questões ambientais. A cada ano, por exemplo, percebemos que os impactos das mudanças climáticas são significativos. Nós nos deparamos com períodos de estiagem ou de chuva mais intensos, o que acaba prejudicando plantações, e o aumento de temperatura”, explica a jove

A comunidade Três Unidos tem mais de 30 anos de existência, com 35 famílias e mais de 100 pessoas entre crianças, jovens e adultos do povo kambeba, também chamados de omágua, que significa “o povo das águas”. Nesse ambiente, o indígena Tome Cruz, pai de Tainara, é professor de História para alunos do ensino fundamental. Ele é uma liderança que busca o fortalecimento da luta e autonomia dos povos indígenas desde jovem. “Tainara sempre esteve comigo nas reuniões e observava as discussões sobre os direitos dos povos indígenas e manejo racional da floresta. Estamos orgulhosos pela participação dela na COP 27, pois isso é resultado da sua dedicação e responsabilidade como jovem liderança indígena”, esclarece Tome.

Sobre sua atuação no movimento indígena, Tainara explica que a oportunidade se firmou com a Rede de Jovens Comunicadores Makira E’ta, parceira do UNICEF para o projeto de “Fortalecimento da capacidade de povos indígenas na Amazônia para prevenção e resposta à covid-19”. “Sempre quis colaborar com a iniciativa e, quando percebi, já estava fazendo parte do grupo. Comecei a integrar eventos locais e nacionais e hoje, junto com outros parentes, busco consolidar a voz dos povos indígenas na defesa da Amazônia contra desmatamento, queimada, garimpo e poluição”, afirma Tainara.

“A presença de jovens indígenas na pauta ambiental nos enche de orgulho, pois conseguimos renovar possíveis ações que possam abrandar os problemas causados pelas mudanças climáticas. O retorno de Tainara também é muito esperado na comunidade, queremos saber o que representantes de vários países, que estavam na conferência, têm de dados e estudos sobre o clima e suas alterações para que possamos conhecer e divulgar entre nossos parentes a fim de reforçar as transformações necessárias”, afirma Waldemir da Silva, tuxaua da comunidade Três Unidos.

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