Por Marcus Tavares
Preservar e reciclar sempre foram dois verbos bastante conjugados pela equipe do Ciep Coronel Sarmento, localizado em Inhaúma, Zona Norte do Rio. Não é de hoje que alguns professores trabalham e estimulam a reciclagem em diferentes momentos do ensino aprendizagem. No entanto, desde o início do ano, quando a escola começou a desenvolver o projeto Esse Rio é Meu, as crianças tornaram-se protagonistas ativas de um novo capítulo dessa história.
O projeto Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos rios da cidade.
“Começamos a trabalhar o projeto de forma interdisciplinar com as turmas dos dois segmentos da escola: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Iniciamos com uma visita dos alunos do 6º ano ao Rio Faria-Timbó. Lá eles perceberam a grande quantidade de materiais poluentes que são jogados no rio. Isso gerou debates que foram se multiplicando nos demais anos, o que desencadeou a produção textual, a produção de cartazes e algumas ações. Dentre elas, a de uma gincana de coleta de recicláveis”, conta a coordenadora pedagógica Elaine do Amaral Batalha.
Elaine confessa que nem ela acreditava tanto assim na aderência e comprometimento dos estudantes com tal gincana. No entanto, para sua surpresa e da diretora Vera dos Santos Caetano, as crianças vestiram a camisa. A quantidade arrecadada de garrafas pet, papel, papelão, tampinha, latinha foi imensa. E o que fazer com tanto material que provavelmente teria como destino o próprio rio da região?
Por sugestão e ação da professora Sueli Cabral, do 3º ano, a escola fez uma parceria com a Gemma, empresa de recolhimento de materiais recicláveis. A empresa se comprometia em recolher o material trazido pelos estudantes e em troca oferecia oficinas e ou atividades para os alunos. “Só para se ter uma ideia, duas equipes empataram no primeiro lugar, imagina?”, brinca Elaine.
Segundo a coordenadora, o processo instigou a conscientização dos alunos frente à preservação e recuperação dos rios e da mata ciliar (cobertura vegetal nativa que fica às margens do rio), o processo de coleta seletiva na própria escola e o envolvimento dos responsáveis das crianças na reciclagem. Além de ter revelado, mais uma vez, o grande engajamento de toda a equipe pedagógica do Ciep.
A discussão também chegou na Educação Infantil, mas com o resgate da manutenção e preservação da horta escolar. A proposta era despertar o sentimento do cuidado, da responsabilidade de todos frente à natureza.
Em outubro próximo, a escola prepara um grande evento para divulgar todo o trabalho desenvolvido junto ao projeto. As crianças mais uma vez colocarão a mão na massa. Elas vão escrever e pintar em placas de madeira frases para conscientizar os moradores sobre a importância de jogar lixo no lixo. Tais placas serão colocadas no entorno da escola e próximo às margens do Faria-Timbó.
“É um trabalho de formiguinha, mas essencial. Estamos plantando essa conscientização por meio de ações práticas. E o que desejamos é que isso fique e se multiplique cada vez mais entre os estudantes e suas famílias’, destaca Elaine.