Os estudantes da Escola Municipal Ricardo Brentani, localizada na Rodovia Rio Santos, na Cidade das Crianças, em Santa Cruz, descobriram este ano um importante patrimônio da região: o Rio Guandu-Mirim. E não foi apenas isso: compreenderam que o rio está precisando de muitos cuidados para se recuperar. O sonho deles é que daqui a algum tempo o Guandu-Mirim possa ser desfrutado como um rio limpo e saudável que deve ser.
“A grande contribuição do projeto Esse Rio é Meu, que chegou à escola neste início do ano, foi conscientizar as crianças de que perto delas há um rio, não um valão. Há um rio degradado, poluído, mas um rio. O rio que estava praticamente esquecido pela comunidade. Esse resgate desperta nos alunos a vontade de reivindicar intervenções para um futuro melhor”, avisa a professora e coordenadora pedagógica Aline Cristina de Figueiredo.
O projeto Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip Planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos rios da cidade.
Há pouco mais de um ano e meio na função, Aline destaca que é a primeira vez que, de fato, a escola focou parte do seu trabalho pedagógico para abordar o rio que fica próximo às casas dos estudantes. Trabalho que envolveu diretamente as duas turmas do 5º ano do Ensino Fundamental, mas que acabou sendo compartilhado com todos os outros anos do segmento.
Com o apoio inclusive da Biblioteca da Cidade das Crianças, os estudantes realizaram uma ampla pesquisa histórica e geográfica a respeito do Rio Guandu-Mirim, que se origina da junção do Rio da Prata e do Rio Guandu. Neste processo, conheceram a importância que o leito teve, principalmente, durante o Império.
“O Rio Guandu-Mirim tem sua história no bairro de Santa Cruz e já fez muita diferença há séculos. Hoje se encontra esquecido e impróprio para uso por conta da má preservação e falta de cuidado público. Mas não foi sempre assim. Na época do Império, por exemplo, ele tinha bastante serventia para a plantação de arroz e criação de gado. Essa importância deveria valer hoje para que suas águas voltassem a ser limpas e boas para uso e, inclusive, com uma estação de tratamento própria”, defende Aline.
De posse da história, os estudantes fizeram uma visita guiada próximo ao leito do rio, nas imediações da Ponte sobre o Rio Guandu. Outros alunos também trouxeram fotos e suas impressões de outra parte do rio que passa abaixo da famosa Ponte dos Jesuítas. “E foi bem interessante, pois com as comemorações do bicentenário da Independência, essa ponte foi restaurada, o que atraiu mais ainda a atenção dos nossos alunos. Aproveitamos a celebração, inclusive, para falar sobre o rio, sua história e importância”, destaca Aline, que contou com a participação efetiva do professor Francisco José, professor regente do 5º ano, e do professor de Educação Física, Alan do Carmo.
Aline explica que, em seguida, a partir das conversas e reflexões, as crianças foram instigadas a proporem intervenções junto ao rio, com o objetivo de recuperá-lo. Iniciativas também de reciclagem e de campanhas de coleta seletiva de lixo foram pensadas. “Elas começaram então a se apropriar do rio”, comemora.
Pertencimento que a coordenadora pedagógica e a direção da escola, Cristiane Losque Calixto (diretora geral) e Bianca Rodrigues (diretora adjunta) querem trabalhar agora com os pais e os responsáveis. Até o fim do ano letivo, a ideia é trazer a comunidade para a discussão, a partir de entrevistas feitas pelos próprios alunos. “E quem sabe, depois desta fase, acionar os órgãos competentes para nos ajudar na recuperação do Rio Guandu-Mirim”, finaliza.