Esse Rio é Meu: de guardiões a pesquisadores, crianças do EDI Medalhista Olímpico Arthur Nory Oyakawa Mariano já ganharam a medalha de ouro na prova de protagonismo

Por Marcus Tavares

“Guardiões, pesquisadores, cientistas e, acima de tudo, crianças”. É desta forma que a professora Taís Simone Simões de França define a atuação das meninas e dos meninos da turma Ei 51, do pré-escolar II, no Programa Esse Rio é Meu. Estudantes do Espaço de Desenvolvimento Infantil Medalhista Olímpico Arthur Nory Oyakawa Mariano, localizado em Inhoaiba, Zona Oeste do Rio, 9ª CRE, eles fazem jus ao nome do atleta que batizou a escola. Na prova de protagonismo, já conquistaram a medalha de ouro. “É incrível como o projeto e todas as ações que desenvolvemos foram capazes de instigar as crianças. Elas demonstram muito engajamento, o que entusiasma direção, professores, funcionários e as demais turmas da escola. E mais do que isso: entusiasma também as mães, os pais e todos os responsáveis”, comemora Taís.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. O Espaço de Desenvolvimento Infantil Medalhista Olímpico Arthur Nory Oyakawa Mariano vem trabalhando com o rio Valão do Centro.

Taís conta que todas as turmas da unidade escolar participam do programa. São 17 grupos divididos desde o berçário até a pré-escola. “Todo o EDI é contemplado com as ações e atividades, porém a turma Ei 51 pré II, cujos alunos têm um pouquinho mais de idade, por volta dos seis anos, foi eleita a turma multiplicadora que vivenciou uma visita ao Valão do Centro e pôde então compartilhar a experiência com seus pares”, explica.

O programa chegou na escola no início deste ano letivo. As crianças foram apresentadas à temática: a importância dos rios e de todo o meio ambiente. Uma aula passeio foi programada. Porém, antes disso, foram instigadas a produzirem placas e faixas de conscientização. A ideia era visitar um trecho do rio próximo à unidade e promover uma pequena passeata com o objetivo de conscientizar a população local.

Acompanhada pela professora e pelos responsáveis que também foram envolvidos na atividade, a turma fez bonito. “E, no dia da visita, tivemos a iniciativa de recolher os lixos da margem do valão para ressignificar a questão da coleta seletiva e de coletar um pouco da água do rio para fazer uma análise microscópica. Isso tudo aconteceu de forma bem lúdica. Com a coleta do lixo, fizemos um link com outro projeto da escola Medalhistas Sustentáveis, que visa promover o entendimento da coleta seletiva. E com a amostra da água do rio queríamos que, no microscópio da escola, os estudantes experimentassem o processo de pesquisa. E qual foi a nossa surpresa? Na amostra, constatamos que tinha um ser vivo. Que ser vivo? Não sabíamos. Seria um peixe ou um gerino? A dúvida serviu como um gancho para criarmos uma enquete na escola, envolvendo todos as crianças. Foi muito divertido”, comemora.

Outro destaque foi uma espécie de instalação que a escola produziu em uma das salas de aula. Com ajuda de equipamentos de audiovisual, a equipe transformou o espaço num fundo de um rio. “Ao entrarem, estudantes, professores, funcionários e os responsáveis puderam perceber a importância do recurso hídrico, da saúde de um rio. Até jacaré tinha. A tecnologia tem sido utilizada como uma linguagem para encantar nossos pequenos. Cada sorriso e narrativas revelam como o nosso trabalho vale a pena. Criar ambientes de aprendizagem sobre o mundo é conceber espaços onde as crianças e a natureza possam estabelecer uma relação de descoberta e encantamento”, conta.

Segundo Taís, o protagonismo das crianças ajudou a desconstruir a ideia, entre os responsáveis, de que o rio era e é um valão. Quando foram convidados para participar da primeira atividade, muitos pais e mães estranharam e se perguntaram sobre que rio a escola estava falando. Foi um processo de reconstrução e ressignificação do território.

“O programa Esse Rio é Meu, em nossa escola, já é um marco. Por meio dele, temos como objetivo a conscientização do território e o real protagonismo das crianças, promovendo assim uma aprendizagem significativa através de ações interdisciplinares e inovadoras. E, neste sentido, agradeço o apoio de todos, nominalmente de Antônia Gonçalo e Rosenilda Silva Santos, bem como da diretora Raquel da Silva Franklin dos Santos. Vamos continuar nesta direção, afinal, como diz Paulo Freire, o caminho se faz caminhando. No planejamento: uma gincana de coleta de materiais reciclados, a implementação de uma horta hidropônica e a escolha do nome da mascote do Esse Rio é Meu”, finaliza.

Sobre a enquete? Ganhou quem disse que era peixe. Mas a dúvida ajudou inclusive a professora Taís a batizar o programa Esse Rio é Meu com um subtítulo na escola: Nem tudo que cai na rede é peixe.    

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