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Esse Rio é Meu: Ciep Samuel Wainer resgata história do território para (re)descobrir a importância do Rio Trapicheiros ontem, hoje e amanhã

Denise Maria Martins Gamboa é quem está à frente do programa.

Por Marcus Tavares

No livro ‘A cidade das palavras: as histórias que contamos para saber quem somos’, o escritor Alberto Manguel destaca que a linguagem tem o dom de impor alguma ordem ao mundo e que a narrativa permite constituir as identidades dos cidadãos. Quem conhece o trabalho que vem sendo realizado pela professora Denise Maria Martins Gamboa, junto aos estudantes do Ensino Fundamental (1º segmento) do Ciep Samuel Wainer, localizado na Tijuca, Zona Norte do Rio, certamente vai concordar com o escritor: as narrativas constroem nossas identidades.

Por meio do programa Esse Rio é Meu, que chegou ao Ciep, no ano letivo de 2023, Denise vem resgatando a história do bairro, da cidade, do estado, do país. Vem pesquisando, dialogando e descobrindo a história local, compreendendo o passado para entender o presente e prospectar o futuro de forma mais sustentável.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. O Ciep Samuel Wainer vem trabalhando com o Rio Trapicheiros.

“Como professora articuladora do programa, busquei pesquisar o território que ocupamos hoje e que por debaixo passa o Rio Trapicheiros. Fizemos um longo estudo sobre a evolução e ocupação do nosso território, remontando às origens, priorizando o enfoque sobre a ocupação do que hoje são as Américas, depois Brasil, depois Rio de Janeiro e por fim Ti-Yuka (Tijuca). Abordamos a questão da perda do território dos Tupinambá para os invasores portugueses, em seguida a tomada do local pelos Jesuítas, a transformação do espaço em um grande engenho de açúcar, o que levou ao uso do rio e mudança de seu curso para atender às demandas do engenho. Mais tarde, a perda do terreno pelos Jesuítas, a transformação em chácaras até chegar ao bairro de hoje, tendo o rio sempre ali”, resume Denise.

De acordo com a professora, o estudo permitiu muitos aprendizados e reflexões. A turma inclusive descobriu que o local onde hoje existe a horta da escola era bem próxima a horta que décadas atrás já existia e contornava o rio.

Ainda durante o ano passado, os estudantes foram às ruas, entrevistaram os moradores e percorreram todo o trajeto do rio, em duas visitas, da nascente até a parte do rio que desagua próximo à Igreja São Franscisco Xavier. Durante as saídas, folders, produzidos pelos alunos, contando a história do Trapicheiros foram distribuídos. Além do material, a turma coletou assinaturas para um abaixo-assinado que será entregue ao prefeito da Cidade do Rio. O pedido: colocação de placas alusivas à história do Trapicheiros e a ocupação original pelo Tupinambá.

Já neste ano letivo a pesquisa continua. Denise quer saber mais sobre a região e compreender melhor a história local e a importância do Rio, a partir da escravização. Ao mesmo tempo, a proposta é envolver os moradores e os comerciantes locais. “Queremos, juntos, pensar e propor ações práticas para evitar a poluição do rio. Temos que encontrar soluções locais também. A reflexão sobre a necessidade de preservar o meio ambiente é urgente, inclusive, para nossa própria existência”, destaca.

Como no ano passado, Denise vem pesquisando livros, contos e músicas. Encontros e palestras com lideranças locais e profissionais estão agendadas, assim como com especialistas de clima, relevo e geografia. Vamos produzir cartazes e maquetes para compartilhar tudo o que descobrimos.

“Nosso objetivo é promover uma maior consciência, senso crítico, a favor da preservação não só do Trapicheiros, mas da natureza do entorno, evitando assim o descarte de lixo nos rios e cobrando o corte dos ligamentos clandestinos de esgoto no entorno do leito. Neste sentido, é importante que a comunidade também participe do projeto. Essa é outra meta. Cerca de 95% dos transeuntes e vizinhos da escola não sabem onde o rio nasce e o quão limpo ele é lá”, avisa.

Desafio fora e dentro da escola. Segundo Denise, o programa requer envolvimento de todos. O que nem sempre é possível, pois as escolas sempre estão envolvidas também com outros projetos e têm suas metas e matriz curricular para dar conta. “Mas com o apoio da direção, vamos caminhando. Temos um time bem coeso e atento com o Esse Rio é Meu. Cito, por exemplo: Sandra Albernaz, Ernani Gomes Junior, Vanessa Gregório, Karoline Angelice, Andrea Auday, Ana Paula Rocha, Hugo Leite e Silvia Holanda”, finaliza.

Para a diretora Simone Gama Araujo, o Ciep Samuel Wainer vem trabalhando no sentido de “integrar diversos recursos de aprendizagem, gerando fonte de pesquisa e observação, além de incentivar uma reflexão diária sobre a proteção ao meio ambiente e a história da região”. Está dando certo!

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Angelica
Angelica
2 meses atrás

Parabéns a Denise e alunos do CIEP SAMUEL WAINER e a todos que trabalham esse tema tão importante, em especial na cidade do Rio de Janeiro.

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