Esse Rio é Meu: CIEP cria estratégia para envolver professores da Educação Infantil ao Ensino Fundamental

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Por Marcus Tavares

Planejamento prévio e objetividade da coordenação pedagógica. Apoio da direção. Mudanças no horário da escola. Conscientização de professores e agentes educadores. Espaço e tempo qualificados para discussão e criação colaborativa. Esse foi o caminho trilhado pelo CIEP Presidente Agostinho Neto, localizado no Humaitá, Zona Sul do Rio, para iniciar a primeira etapa do projeto Esse Rio é Meu, que vem sendo desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos rios da cidade.

Nesta primeira etapa, as escolas participantes do programa foram convidadas a elaborarem um diagnóstico sobre o rio mais próximo de sua localidade, propondo e realizando atividades junto às turmas para conhecer e se inteirar sobre as condições deste rio. Informes sobre o projeto, vídeos e textos, além de formações iniciais, foram disponibilizados aos professores, coordenadores e diretores das unidades escolares.

“Tínhamos a orientação da Secretaria de Educação de implantar o projeto em todos os segmentos de nossa escola, da Educação Infantil ao 6º ano. Estávamos com o projeto em mãos e com todas as etapas propostas desenhadas e os conteúdos para nos auxiliar no desenvolvimento. Mas como faríamos isso na prática? Como conseguiríamos envolver todos as turmas e seus professores?”, questionava Shelle Goldemberg, coordenadora pedagógica do CIEP, que conta com cerca de 30 professores, 470 estudantes, divididos em 15 turmas.

Para Shelle, um resultado positivo só viria por meio de um diálogo entre os professores. Só através de um espaço e tempo qualificados. Shelle então propôs à direção encontros com todos os professores, agrupados por segmento/ano, durante a rotina da escola. Complicado? Sem dúvida. Mas assim foi feito.

Como conseguiu? “Foi um trabalho minucioso de ver quais os horários batiam, quais tinham mais professores na escola. Foi preciso também reorganizar o horário da escola nos dias dos encontros. Mexer e estender o horário do recreio, contar com o apoio dos professores dos outros anos, que não estavam na reunião, para auxiliar, bem como garantir a ajuda dos agentes educadores. E, lógico, isso tudo com o endosso da direção”, lembra.

E não é que deu certo. Foram quatro encontros: um com os professores da Educação Infantil e do 1º ano; o segundo com professores do 2º e 3º anos; o terceiro com os profissionais do 4º e 5º anos, e ainda um último, desta vez com os docentes do 6º ano. Cada reunião durou dois tempos de aula. Tempo para discutir o projeto, trocar ideias e propostas. Tempo para criar e dialogar de forma colaborativa.

Quatro encontros foram realizados para ouvir os professores, oportunizando a discussão sobre o projeto e a criação colaborativa.

“Cerca de uma semana antes, preparamos um resumo sobre o projeto. Listamos os pontos mais importantes. Reunimos os links dos vídeos e os textos que recebemos da coordenação do projeto. E realizamos uma pesquisa sobre o Rio Banana Podre, o rio objeto de nosso estudo. Esses conteúdos foram enviados então para todos os professores, solicitando a leitura prévia”, explica Shelle.

E com isso, segundo a diretora adjunta Consuelo Santa Ritta, os encontros foram bem dinâmicos, oportunizando um tempo maior para a prática, para a discussão, elaboração e planejamento de atividades. “Os professores foram trocando ideias. E todos elaboraram propostas. E, na verdade, o encontro foi para além do projeto, sabia? A reunião possibilitou que a equipe estreitasse parcerias, se envolvesse enquanto grupo, ampliando os planejamentos bimestrais”, completa Shelle.

Do encontro, que aconteceu na última semana de março, ao final desta primeira quinzena de abril, uma série de atividades já foi e está sendo desenvolvida. Todas as propostas foram compartilhadas em um drive com todos os professores.

A diretora do CIEP, Isabela Mendes, comemora. Ela e Consuelo destacam um trabalho que a professora de Arte, Claudia Leite, está realizando com a Educação Infantil e as turmas do 1º e 2º ano: “Trata-se de uma instalação de um rio, na qual os estudantes entram e saem com o objetivo de recuperá-lo. Ganhou o título de O rio que vejo e o rio sonhado. Está em construção e conta com a participação dos professores de Educação Física e das professoras de turma”, explica Consuelo.

Dinâmica do primeiro encontro contou com diferentes estratégias para envolver todos os professores.

Outras iniciativas? As professoras das turmas do 4º ano, em parceira com a professora de música, estão idealizando um samba para o CIEP, cujo tema é o projeto Esse Rio é Meu. No 5º ano, os estudantes irão, à luz do Google Maps, mapear o trajeto do Rio Banana Podre, pontuando com fotos de espaços e locais de referência da comunidade.

“É isso. Aqueles encontros promoveram diálogos colaborativos que renderam atividades interdisciplinares. O que nos leva a estar atento às necessidades dos professores, disponibilizando materiais e ampliando o escopo da proposta”, destaca Isabela.

De acordo com a diretora, o CIEP também vem estabelecendo contato com as associações de moradores locais para oportunizar a ida das crianças à nascente e ou à mina do Rio, próximas à escola: “E não é só isso. Estamos também pensando em contactar outras escolas que também tem o Rio Banana Podre como objeto de estudo. Acreditamos que assim conseguiremos envolver a comunidade a ampliar nosso projeto”.

Shelle confessa que também tem mais planos. Há três meses na função de coordenadora pedagógica, ela planeja catalogar toda a metodologia desenvolvida pela escola para trabalhar o projeto Esse Rio é Meu, dos encontros às atividades, para que a experiência possa ser replicada por outras unidades. “O processo também é parte integrante da aprendizagem do docente. E isso é muito rico para ficar só com a gente”, finaliza.

Diretora Adjunta Mônica Peres, Diretora Isabela Mendes, Coordenadora pedagógica Shelle Goldenberg e a diretora adjunta Consuelo Santa Ritta.

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