Como a midiaeducação ganhou espaço nos últimos anos no ambiente acadêmico?

Conheça os principais marcos dessa área do conhecimento

Flavia Perez.

O surgimento do conceito de educação midiática ou midiaeducação é marcado por diversas linhas de abordagem relacionadas ao estudo e à educação para, pelos e com os meios. A primeira concepção, apresentada na França em 1973 pelo Conselho Internacional de Cinema e Televisão (CICT), órgão ligado a UNESCO, abordava o estudo e aprendizagem dos meios de comunicação como disciplina autônoma no âmbito da teoria e prática pedagógica e reconhecia a escola como um lugar específico da mídia-educação.

Alguns anos depois, em 1979, esse mesmo conselho ampliava o campo de intervenção das mídias como processos culturais e sociais e, consequentemente, seu conceito. Essa nova visão permitiu então aos educadores e pesquisadores lançar um olhar sobre a mídia-educação como prática social e cultural, além de disciplina curricular. Outro marco da educação para os meios foi a declaração aprovada durante o Simpósio Internacional sobre Educação para os Media da Unesco, organizado na cidade de Grunwald, na Alemanha, em 1982.

Durante o encontro foram discutidos o papel desempenhado pelos meios de comunicação na sociedade, bem como sua influência especialmente junto a crianças e jovens, o direito de expressão e formas de assegurá-lo. Na época, os pesquisadores partiram do princípio de que toda pessoa humana tem direito à liberdade de expressão e que a garantia desse direito implica liberdade de acesso à informação de todos os tipos. Desde então, a Unesco vem abordando junto às escolas a necessidade de promover a análise crítica dos meios, contemplando nos projetos pedagógicos a educação midiática. O objetivo é propiciar o desenvolvimento de habilidades e competências para que o indivíduo possa analisar e exercer a cidadania.

No Brasil, professores e jornalistas vêm se destacando no estudo dessa área de conhecimento. O modelo das escolas NAVE (Núcleo Avançado em Educação), que nasceu das orientações do professor mineiro Antônio Carlos Gomes da Costa e das metodologias desenvolvidas pela organização social Planetapontocom, fundada pela jornalista e educadora Silvana Gontijo, tornou-se referência na aplicação dessa metodologia, tanto no país quanto no âmbito internacional.

De acordo com Silvana, durante anos a educação esteve dissociada do campo da comunicação, mas, se somos seres de comunicação e linguagem, se educar é comunicar, logo a escola é um ambiente de comunicação.

“Precisamos qualificar essa comunicação para alcançar os diversos objetivos educativos, e os estudantes precisam estar inseridos nesse processo para que possam desenvolver cada vez mais suas competências e habilidades para analisar e criticar as informações que recebem. Ouvir, participar, compartilhar, integrar e produzir conteúdos também são habilidades a serem trabalhadas com os estudantes em cada etapa do aprendizado”, aponta.

Desenvolvido numa parceria público-privada entre as Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro e Pernambuco com a Oi Futuro, o programa das escolas NAVE já formou mais de 2,8 mil jovens. Desde 2006, os alunos estudam conteúdos de economia digital e criativa, com foco na produção de games, aplicativos e produtos audiovisuais. Dentro dessas escolas, está sendo desenvolvida uma filosofia de educação interdimensional, que implica no desenvolvimento de ações educativas para além do cognitivo, abrangendo as dimensões relacionadas à corporeidade, à inteligência emocional e à busca de significado e sentido para a existência humana.

Leia também: https://planetapontocom.org.br/nao-categorizada/educacao-midiatica-transforma-estudantes-em-protagonistas-de-suas-realidades

Bibliografia:

  • Idade Mídia (Ed. Aleph) – Alexandre Le Voci Sayad;
  • Por Dentro dos Meios (Ed. Planetapontocom) – Silvana Gontijo, Mariana Pinho, Eduardo Monteiro e Marinete D`Angelo;
  • Crianças, Mídias e Diálogos (Ed. Rovelle) – Guaracira Gouvea;
  • Ensinar e Aprender no Século 21 (Editora Senac) – Marcia Stein;
  • Televisão, Publicidade e Infância (Ed. Annablume) – Inês Vitorino;
  • Praticante Pensante de Cotidianos (Ed. Autêntica) – Nilda Alves;
  • O Jornal na Sala de Aula (Ed. Contexto) – Maria Alice Faria;
  • Liga, Roda, Clica. Estudos em Mídia, Cultura e Infância (Ed. Papírus) – Monica Fantin;
  • A Televisão pelo Olhar das Crianças – Rosália Duarte (Ed. Cortez);
  • Protagonismo Juvenil – Antônio Carlos Gomes da Costa (Ed. FTD).

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