Ciência: o que pensam os jovens?

O que os jovens brasileiros pensam da ciência e da tecnologia é o nome do recente estudo realizado sob a coordenação da pesquisadora Luisa Massarani, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT). Com o objetivo de entender a percepção da juventude brasileira sobre os temas, o levantamento ouviu 2.206 jovens, dos 15 aos 24 anos, residentes em 79 cidades urbanas de todas as regiões do país. A pesquisa também contou com etapas cognitiva e qualitativa, esta última composta por grupos de discussão com jovens entre 18 e 24 anos, residentes nas cidades do Rio de Janeiro e Belém. Os dados acabam de ser consolidados e estão reunidos em uma publicação online e gratuita.

O estudo dá sequência a um esforço de décadas para compreender comportamentos e representações da população brasileira sobre a ciência e a tecnologia. Poucos são os trabalhos, porém, que têm como foco os jovens, tornando suas opiniões e atitudes sobre o tema ainda pouco conhecidas. Um estudo específico com essa faixa etária permite aprofundar o debate e contribuir para a compreensão, por exemplo, dos motivos pelos quais vários países vêm observando redução no interesse dos jovens em seguir carreiras científicas.

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“O livro apresenta os resultados da pesquisa de forma detalhada e aponta questões importantes para o desenho de políticas públicas e iniciativas de divulgação científica destinadas aos jovens”, comenta Luisa Massarani, líder do INCT-CPCT e uma das coordenadoras do trabalho de pesquisa. “Além disso, descreve a metodologia e o percurso da equipe de pesquisadores na construção dos instrumentos de investigação, tornando-se acréscimo importante à bibliografia disponível sobre o tema”.

Confira os principais resultados:

O interesse em ciência é grande entre os jovens de uma maneira geral, tanto mulheres quanto homens, e em quase todos os grupos sociais.

No país do futebol, o interesse declarado pelos jovens em ciência e tecnologia é maior do que nos esportes – e comparável ao interesse por religião.

Outros temas de grande interesse do jovem brasileiro são medicina e meio ambiente – ambos têm forte relação com a ciência e a tecnologia.

Os jovens, em sua maioria, percebem a importância social da Ciência e Tecnologia e apoiam fortemente a ciência. Eles acreditam que a ciência e a tecnologia são importantes para o país e que os benefícios do desenvolvimento técnico-científico são elevados e, em geral, maiores que os riscos.

Para os jovens, os cientistas estão entre as fontes mais confiáveis de informação. Eles têm uma imagem majoritariamente positiva da figura do(a) cientista.

Grande parte dos jovens acredita que a profissão de cientista é atraente, mas difícil de se alcançar; que homens e mulheres têm a mesma capacidade para ser cientistas e que devem ter as mesmas oportunidades.

Mesmo neste momento de crise econômica, política e de confiança nas instituições, a esmagadora maioria dos jovens afirma que o investimento brasileiro em ciência e tecnologia deveria ser aumentado ou mantido, não diminuído.

A postura dos jovens de apoio à ciência é, no geral, crítica e preocupada. Se, por um lado, a maioria deles não tem dúvida de que a ciência e a tecnologia são necessárias, positivas e importantes, por outro, eles também acreditam que a população deve ser ouvida antes da tomada de decisões importantes; os cientistas possuem conhecimentos que os tornam perigosos; e os cientistas podem ser responsabilizados pelo uso desses conhecimentos.

A maioria dos jovens (incluindo muitos dos que frequentam cursos superiores) não consegue mencionar o nome de uma instituição brasileira que faça pesquisa científica, nem de algum(a) cientista brasileiro(a).

O acesso dos jovens à informação sobre ciência e tecnologia via rádios, livros, jornais, televisão e até mesmo internet é baixo.

Principais meios pelos quais os jovens acessam informações sobre ciência e tecnologia: – Google – YouTube – Whatsapp – Facebook

Os jovens declaram ter dificuldade em verificar se uma notícia de ciência e tecnologia é falsa ou não. Segundo eles, Whatsapp e Facebook estão entre os principais difusores de notícias falsas.

Poucos jovens visitam museus de ciência e outros espaços de difusão do conhecimento ou culturais, como parques ambientais, jardins botânicos, museus de arte etc.

Mais da metade deles erra a maioria de uma série de perguntas básicas de conhecimento científico.

60% dos jovens não sabem que antibióticos não combatem vírus. 75% dos jovens brasileiros discordam, inteiramente ou em parte, da afirmação de que “vacinar as crianças pode ser perigoso”. 54% dos jovens concordam que os cientistas possam estar “exagerando” sobre os efeitos das mudanças climáticas. 40% dos jovens dizem não concordar com a afirmação de que os seres humanos evoluíram ao longo do tempo e descendem de outros animais.

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