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Jovens para a cidadania global

Por Zélia Schervier, mestre em Educação pela Universidade de Brasília e doutora em política internacional pela Universidade de Barcelona.

Por Zélia Schervier
Mestre em Educação pela Universidade de Brasília e doutora em política internacional pela Universidade de Barcelona, é pesquisadora no Núcleo de Políticas Públicas da UnB

O Brasil tem conseguido tirar milhares de cidadãos do patamar da miséria, em processo de inclusão social pela distribuição de renda mínima considerado uma virtude política. Alguns programas, como o de saneamento no semiárido brasileiro, são exemplo para nações que buscam se desenvolver, o que atrai países como a Etiópia. Ou seja, o Brasil pode fazer a ponte entre o futuro e a carência de algumas regiões do mundo. Mas, talvez, a maior contribuição tenha sido, até agora, a inclusão de crianças nas escolas e a recente aprovação, pelo Congresso Nacional, de um Plano Nacional de Educação, para até 2020.

Temos que reconhecer que esses avanços se devem, pelo menos em parte, aos esforços das Nações Unidas e de organizações internacionais atuantes que exortam os governos a serem mais responsáveis. Estamos falando dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), programa que tem impulsionado o desenvolvimento na área da educação pública, inclusive nos países desenvolvidos, por meio, por exemplo, do Programa de Educação Digital.

Se o programa dos ODM, com pontos práticos a serem seguidos pelos Estados, tem o seu fim em 2015, para o período que se inicia em 2016, as Nações Unidas já têm elaboradas as metas para as políticas globais de meio ambiente e de educação no pós-2015. Como orientação mundial para o desenvolvimento sustentável, temos as pautas resultantes do encontro Rio+20, com a proposta de uma economia verde, que busca o fim da pobreza em todo o planeta, a construção da segurança alimentar com agricultura sustentável e um sistema sanitário com água para todos. No entanto, esses objetivos não poderão ser realizados se não educarmos os jovens para os problemas com os quais eles terão que se confrontar no Brasil e no exterior.

O secretário-geral das Nações Unidas lançou em 2012 o Programa Iniciativa de Educação Global, buscando implementar a cidadania global, por intermédio de uma educação pautada nas necessidades de cada país e orientada para os desafios de uma comunidade global. A educação com qualidade terá o objetivo de formar cidadãos que saibam atuar nos níveis local, nacional e global de forma responsável. A ação coletiva pode ser de ordem ambiental, como o combate à poluição; de ordem social, quando precisamos de iniciativas para a saúde pública; ou de ordem financeira, quando o país necessita reforçar as suas reservas por meio da economia de cada cidadão.

O Brasil tem iniciativas para a educação internacional, com os programas de intercâmbio de bolsistas para períodos de estudos em universidades no exterior. Mas isso é uma gota d’água no oceano da cidadania global, que deve ser pensada de forma participativa.

Precisamos sair rapidamente de uma era em que a educação é vista como processo seletivo e de acesso ao emprego para a sociedade do conhecimento, na qual o saber pode ser adquirido fora da escola física, sem paredes e sem fronteiras. Isso não quer dizer que todos os países devem seguir a mesma dieta de conhecimento.

Enquanto alguns países em conflito buscarão assegurar a assimilação de valores como a paz e a solidariedade, outros, como o Brasil, preocupados com a corrupção, deverão reforçar, por exemplo, a ética e as boas práticas da responsabilidade social, o ensino de valores para a vida e a preservação da cultura local.

Se as questões ambiental e humana são pilares fundamentais para a continuidade da nossa civilização, o Brasil pode contribuir com uma educação que reforce os valores de ética e participação igualitária. Temos pela frente a enorme responsabilidade de pensar e propor práticas inovadoras para, por meio de uma perspectiva inclusiva e global da cidadania, garantir o desenvolvimento sustentável e duradouro: uma educação para a soberania e o empoderamento de grupos sociais vulneráveis. Para isso, necessitamos refletir a prática da educação internacional e educar cidadãos visionários em instituições que empoderem as comunidades, irradiando criatividade e expandindo a sua ação para o mundo.

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