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Criança, tevê e palavrão

Novela Fina Estampa, da Rede Globo, vem abusando de palavras grosseiras e de xingamentos. Jovem é chamada de piranha pelo pai. Tudo bem?

Por Marcus Tavares

Já não é de hoje que os autores das novelas começaram a lançar mão de palavrões em seus folhetins. Com qual objetivo? Francamente não sei. Seria para aumentar a audiência ou para tornar a ficção mais próxima da realidade? Talvez, afinal palavrões fazem parte do cotidiano de qualquer indivíduo. Quem nunca disse, atire a primeira pedra. Mas não deveria haver um limite? Como se sabe, a novela é um produto consumido não apenas pelos adultos, mas também por crianças e adolescentes. Neste sentido, não deveria haver um cuidado maior? Trata-se de uma questão ética.

Nas últimas semanas, ‘Fina Estampa’, a atual novela das nove da Rede Globo, embora não seja recomendada para menores de 12 anos, abusou de palavras grosseiras e de xingamentos. No capítulo de quarta- feira retrasada, o diálogo dos personagens estava caprichado. Em diferentes cenas, muitos palavrões. Uma, em especial, me chamou mais a atenção. O motorista Baltazar (Alexandre Nero) chama Solange (Carol Macedo), sua filha com Celeste (Dira Paes), de piranha. Ele pergunta: “Cadê a piranha da sua filha?”. Confesso que fiquei surpreso. Fui pesquisar e descobri que não foi a primeira vez que o personagem fala assim. Desnecessário e lamentável ainda mais por envolver uma personagem feminina adolescente.

Bem, vão dizer que é novela, que é entretenimento e mais: que a trama está, na verdade, se propondo a discutir exatamente a violência doméstica. Trazer à tona a questão da violência doméstica é interessante só que, como de praxe, o desfecho desta história, com a possível punição do motorista, só acontecerá daqui a sete, oito meses.

Até lá, quantos xingamentos, desrespeitos e violência assistiremos? Como crianças e adolescentes interpretarão as cenas se muitos assistem, sozinhos, às novelas? Num país onde a programação da TV aberta ainda é fonte de lazer para milhões de famílias, a novela das nove é carro chefe. Enfim: crianças, tevê e palavrões – fiquem de olho – têm tudo a ver. Timothy Jay, professor britânico, fez uma pesquisa junto ao público infantil e comprovou que crianças estão falando mais palavrões do que algumas décadas atrás e cada vez mais cedo. Por quê? Porque há um aumento generalizado do uso de palavrões entre os adultos e – veja o que ele descobriu – na programação da televisão.

Imagina se o estudo fosse feito no Brasil.

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Mayk Silva
12 anos atrás

A televisão é ainda hoje o meio de entretenimento mais usado pelas pessoas, principalmente por crianças e adolescentes. A programação deve ser controlada, porque isso influência as crianças no modo de agir, de falar, de se expressar, do que gostam e não gostão. Se uma criança vê constantemente cenas (na televisão ou em qualquer outro lugar), de agressões físicas ou verbais, ela ira praticar isso com as pessoas a sua volta. Com o passar do tempo, conforme ela for crescendo, isso ficará quase impossível reverter.

Eli Lopes da Silva
12 anos atrás

Houve um tempo no qual os pais não deixavam as crianças assistirem aos programas que passavam muito tarde, justamente em função da censura.
É fato que alguns exageravam.
Entretanto, hoje em dia os pais deixam as crianças muito expostas à mídia, sem educá-las para tal. E com isto elas vão achando que é natural o palavrão e o levam para a sala de aula, para a igreja, futuramente levarão para o trabalho, etc, etc, etc.
Não que a gente deva voltar à censura, nos moldes de uns 20 anos atrás, mas também há que se ter um discernimento por parte de quem escreve estas porcarias.

Joel Batista de Souza
Joel Batista de Souza
12 anos atrás

Aqui como do outro lado do mundo estão em cheque sempre a questão da liberdade de expressão, mas vejam que por mais radicais que tentemos ser, no intuito de resguardar nossos filhos deste linguajar promíscuo acabamos perdendendo justamente para a televisão, pois não conseguimos, diante dos afazeres do cotidiano estar no entorno dos nossos queridos e amados filhos lhes mostrando que ainda não é o momento para esse tipo de aprendizagem !
Está na hora de fazer também uma revisão em nossa legislação, um estudo mais amplo onde a população também possa opinar sobre a situação e que esta pretenda proteger “o desenvolvimento saudável dos jovens” !

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