Produção contou com a participação de jovens
“A convergência de mídias, o tal consumidor participativo e o conceito de transmídia como forma de apresentar o produto cultural nas diversas telas, são ideias, no mínimo, na moda entre os produtores”, destaca Rosane Svartman.
Por Marcus Tavares
Desenrola estréia nos cinemas do país no próximo dia 14. A história é sobre adolescentes e para adolescentes. A diretora Rosane Svartman espera que o público goste, afinal ela não mediu esforços – nem tecnologia e redes sociais – para elaborar um filme com a cara deles.
Saiba mais sobre o filme
Assista, abaixo, ao trailer oficial
Só aqui no Rio, mais de vinte escolas – públicas e particulares – receberam a equipe de produção do filme, que lia e discutia o roteiro com os estudantes. Ela garante que o resultado final respeitou a opinião dos estudantes e que muita gente da equipe foi contratada via interesse e participação on-line. Leitora assídua da revistapontocom, Rosane Svartman conversou conosco sobre o seu novo filme.
Acompanhe:
revistapontocom – Desenrola chega às telas depois de quanto tempo de trabalho?
Rosane Svartman – Depois de cinco, seis anos. É que a pesquisa para o filme começou como uma série de documentários pra TV. Depois essa pesquisa virou uma web-série participativa. Depois teve o trabalho de campo nas escolas, lendo o roteiro em sala de aula. Durante esse processo, que durou alguns anos, tentávamos captar dinheiro para o filme. Então o caminho para o filme gerou vários outros produtos culturais. As filmagens propriamente ditas foram no segundo semestre de 2009, mas achamos importante esperar passar a Copa do Mundo e esperar as férias de verão para lançar o filme, já que é um filme com e para adolescentes.
revistapontocom – Trata-se de um novo case de produção cinematográfica?
Rosane Svartman – A estratégia do Desenrola não é exatamente nova, vários ingredientes foram utilizados em outros filmes brasileiros e estrangeiros. A convergência de mídias, o tal consumidor participativo e o conceito de transmídia como forma de apresentar o produto cultural nas diversas telas, são ideias, no mínimo, na moda entre os produtores. Estamos tentando colocar essas ideias em prática, experimentando, já que o nosso público está justamente nas novas mídias e plataformas interativas. Para isso, fizemos vários trailers diferentes (trailer pra românticos, pra quem tá na seca, para pais e etc); realizações colaborativas como por exemplo na música tema do filme (composta a várias mãos através de ferramentas sociais); promoções para participar do elenco do filme e por aí vai.
revistapontocom – Depois de todo este processo, qual foi de fato a participação dos jovens na construção do roteiro?
Rosane Svartman – O roteiro modificou muito depois que começamos a trocar ideias com adolescentes. Diálogos inteiros, a construção de alguns personagens e até um pouco da estrutura foi modificada depois das críticas mega construtivas que recebemos. Não sou adolescente há algum tempo e apesar de durante a pesquisa (foram centenas de entrevistas) me surpreender com o que havia em comum entre a minha geração e a atual, nada como a opinião de quem está passando por isso.
revistapontocom – Além de encontros presenciais, a produção fez uso da internet. Qual foi a participação ‘on line’ no projeto?
Rosane Svartman – Além da web-série em parceria com o Oi Futuro, que ajudou muito na construção do roteiro, tivemos muitas participações online sim: uma parte do elenco de apoio foi escolhida via web, a música tema foi feita de forma colaborativa, uma assistente minha foi escolhida via web, uma outra música da trilha também, durante os créditos exibimos beijos de cinema de pessoas que enviaram pra gente pela web, fizemos a promoção “tô na edição” durante a montagem.
revistapontocom – O filme tem, portanto, a cara dos jovens brasileiros?
Rosane Svartman – Espero que sim, já que eles ajudaram bastante a fazer esse filme ser como é.
revistapontocom – Quantas cópias, em quantas salas o filme estreia?
Rosane Svartman – Ainda não sei, acredito que entre 80 e 100.
revistapontocom – O que ficou de lição do processo de produção do Desenrola?
Rosane Svartman – O diálogo – offline e online – é imprescindível para falar do universo adolescente.
revistapontocom – E o que vem por aí?
Rosane Svartman – Gostaria de continuar fazendo filmes para adolescentes. Acho que é um gênero do cinema que faz falta no Brasil. Temos algumas (boas) experiências, mas ainda há espaço para mais filmes sobre essa fase incrível da vida de todo mundo, quando as emoções se embolam, quando tudo é muito intenso e surpreendente.