Esse Rio é Meu: na Creche Tempo de Aprender, responsáveis aprendem a importância da limpeza dos rios e encontram forma de empreender

Daniele de Almeida Gama, professora articuladora, explica a proposta.

Há dois anos, o programa Esse Rio é Meu faz parte das ações da Creche Tempo de Aprender, localizada na Penha, Zona Norte do Rio. Atendendo a cerca de 140 crianças de um ano a seis anos, a unidade começou a desenvolver as atividades de reconhecimento do rio que fica mais próximo à escola: o Rio Comprido.    

“O que o rio pode oferecer para as pessoas? Quais são as vidas existentes no ecossistema? Iniciamos as nossas ações trazendo questões que pudessem ser trabalhadas com a nossa faixa etária. Foi um processo muito legal, mas pensávamos de que maneira poderíamos ir além, intervir no território de forma mais assertiva e inclusiva”, explica Daniele de Almeida Gama, professora articuladora.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. A Creche Municipal Tempo de Aprender vem trabalhando com o Rio Comprido.

O insight veio no início deste ano letivo: promover uma ação voltada para coleta de óleo de cozinha junto aos responsáveis das crianças.  Foi assim que se iniciou uma campanha que envolveu as diferentes turmas da creche. “Com as turmas dos estudantes de 5 a 6 anos, explicamos o caminho que o óleo faz até chegar aos rios quando é descartado de forma imprópria. Eles foram os porta-vozes da campanha de coleta junto à comunidade, orientados pelas professoras regentes Luana Fernandes da Silva Mello e Lídia Mota da Silva Farias. Outras turmas ficaram responsáveis pela produção de cartazes. Outras, pelo recolhimento do óleo e entrega às funcionárias da limpeza. Todas as crianças, de alguma forma, participaram desta iniciativa”, destaca Daniele.

Aos poucos os óleos foram chegando e sendo estocados. Ao mesmo tempo, embalagens de iogurte que iam para a lixeira também foram sendo guardadas. Conversa aqui e outra ali, souberam que uma Agente de Educação Infantil da Creche Municipal Caracol, também da Prefeitura do Rio, moradora da região, conhecia a técnica de produção de sabão pastoso a partir da reciclagem do óleo de cozinha. Entraram em contato com a agente e a convidaram para dar uma oficina para os pais das crianças.

“Durante a pandemia resolvi aprender várias coisas para ocupar minha mente. Certa vez, vi no YouTube alguns vídeos sobre a produção de sabão caseiro. Testei e aprendi a fazer. Tempos depois conheci a Juliana Camilo, professora da Tempo de aprender. Dei de presente um pote do sabão que faço. Ela gostou muito. Neste ano, ela então me procurou e me indicou para a oficina na escola. Foi uma atividade muito proveitosa porque, além de conscientizar os responsáveis sobre a importância de preservar a natureza, de proteger os mares e rios, serviu como uma opção para ajudar na fonte de renda das famílias”, conta Anna Claudya.

O convite aos pais foi realmente certeiro. Muitos compareceram na semana passada para participar da oficina. “Ficaram curiosos e surpresos com a possibilidade de transformar o óleo em sabão e animados, inclusive, com a possibilidade de empreender. Com a oficina, aprenderam o passo a passo da receita e confeccionaram cerca de 120 potinhos de sabão”, comemora Daniele.

Sabão Frio Caseiro

Ingredientes:
– 4 litros de álcool
– 4 litros de água
– 1 kg de soda cáustica
– 6 litros de gordura (sebo, banha ou óleo usado)

Modo de Preparo:
1. Misture 1 kg de soda em 4 litros de água em um balde plástico.
2. Em outro recipiente, combine 6 litros de gordura com 4 litros de álcool.
3. Adicione a mistura de gordura e álcool na solução de soda. Mexa bem por 15 minutos.
4. Deixe a mistura descansar por 12 horas para endurecer. Corte em pedaços e aproveite!


Os potes estão ‘descansando’ para que o sabão ganhe ainda mais consistência. O destino já está selado: serão entregues às famílias dos estudantes. As crianças já criaram, inclusive, o rótulo do produto criado: Tempo de brilhar.

“A possibilidade de os pais empreenderem e conseguirem gerar algum tipo de renda chamou bastante a atenção. Continuaremos com a campanha de coleta. Talvez, vamos a partir de agora enviar o óleo coletado para alguma empresa que se responsabilize pelo descarte apropriado. Avaliaremos. Mas, sem dúvida, foi uma experiência que se concretizou em algo prático e isso movimentou a escola, as crianças e a comunidade. Foi a primeira vez que isso aconteceu”, conta Daniele, enfatizando o apoio da diretora Flávia Nunes da Silva e da diretora adjunta Renata Cristina Pereira Tordoya.

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