Relato de experiência
Por Cristiane Pimentel Victório e Jenny Iglesias P. Fernandez
A Escola Municipal Camilo Castelo Branco é vizinha do Jardim Botânico e tem uma área verde privilegiada, com fauna e flora da Mata Atlântica, e possui em seus limites o curso do Rio dos Macacos (Bacia dos Macacos), com nascente na Serra Carioca e que segue pelo bairro do Jardim Botânico até a Lagoa Rodrigo de Freitas e desagua no mar pelo canal do Jardim de Alah. O projeto Esse Rio é Meu tem o apoio da comunidade escolar que acolheu as ações pedagógicas sobre o Rio dos Macacos, nas imediações do Horto, recorte geográfico da nossa pesquisa. As visitas ocorreram no trecho externo ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JB), comunidade do Horto, e dentro do Jardim Botânico.
Registros fotográficos – 1ª foto captada por uma aluna de 6º ano no trecho do Rio dos Macacos na comunidade do Horto. As fotos que seguem são das visitas ao Rio dos Macacos no Jardim Botânico. O Rio dos Macacos sofre um desvio que conduz a água para abastecer os jardins de aclimatação do Jardim Botânico, inaugurado em 1808.
Ao longo deste ano, elaboramos práticas educativas que visam, principalmente, à compreensão das questões socioambientais que impactam diretamente a vida das pessoas que moram no entorno do Rio dos Macacos, e ao estímulo da tomada de consciência dos nossos alunos para as ações de conservação deste recurso hídrico.
Sempre almejando o protagonismo juvenil, perguntamos, em sala de aula, aos jovens de nossa escola, alunos de 6º e 7º anos, entre 10 e 13 anos, qual era a relação deles com o rio mais próximo de sua casa e muitos descreveram aspectos de um “valão” com mau cheiro, de um rio sujo, repleto de lixo que enche todas as vezes que chove muito e invade as moradias mais vulneráveis. Depois da escuta atenta das histórias dos estudantes da Camilo, apresentamos slides sobre os aspectos geográficos e históricos do Rio dos Macacos. As perguntas surgiram:
O que é foz do rio? Mata ciliar, o que é isso? Como identificamos a “cabeça d’água”? Por que a água do rio é doce? Qual o tamanho de uma Bacia? De onde vem o rio dos Macacos?
As respostas vieram nas visitas técnicas que realizamos em três momentos com a mediação das parcerias firmadas com os Guardiões do Rio, uma associação de moradores do Horto que gerencia a limpeza e manutenção do Rio dos Macacos, no trecho do Horto; e com o Setor de Educação Ambiental do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foram ao total 15 (quinze) aulas de campo distribuídas entre palestras educativas e informativas, coleta de dados históricos, geográficos e sociais, entrevista com os moradores mais antigos que vivem nas margens do curso d’água, registro escrito e audiovisual sobre aspectos relevantes do rio, manifesto artístico em desenhos, murais, redações, cartas, campanha de conscientização, e reprodução do rio a partir do uso de tampinhas de plástico, ensaio fotográfico de todas as etapas da pesquisa.
Registro escrito sobre os aspectos que cativaram a atenção dos alunos. Atividade foi feita com todos os alunos que visitaram o Rio.
Registro artístico, em envelope frente e verso, sob o olhar de uma aluna do 7º ano, do Projeto Horto Natureza idealizado pelos Guardiões do Rio dos Macacos e que dia a dia contribuem para Educação Ambiental através das práticas de conservação do rio. Abaixo uma foto da turma de 7º ano em visita ao Rio dos Macacos no trecho do Horto.
Os alunos registraram em texto, ilustrações e pequenos vídeos as impressões de um trabalho que priorizou a pesquisa instrumentalizada pelas mais diversas áreas do conhecimento, objetivando o atravessamento dos múltiplos aspectos que margeiam as águas do Rio dos Macacos, elemento vivo que se conecta com outros cursos d’água formando a Bacia dos Macacos, nomeada assim por causa da presença comum deste mamífero ao longo de seu curso e também muito fácil de vê-lo em nosso cotidiano escolar. Na terceira e última etapa do trabalho de campo, o macaco-prego, espécie mais comum em nosso espaço, se fez presente em bando, todos ávidos por participar do lanche coletivo entre os estudantes que seguiu à base de frutas tropicais, com destaque para a mais famosa delas: a banana. Tucanos e outros pássaros também completaram a fauna visitante!
Manifesto escrito de agradecimento aos guardiões do Rio dos Macacos (Horto Natureza) que nos conduziram nessa aventura.
Desenho sobre a mata ciliar que margeia o Rio dos Macacos, feito por aluna do 7º ano.
Ilustração que mostra a presença marcante do macaco na região de Mata Atlântica onde se encontra o Rio dos Macacos. Registro artístico em envelope, frente e verso, pela professora.
As turmas ainda puderam jogar uma trilha de sensibilização sobre aspectos importantes da conservação das águas, em parceria com Águas do Rio. Clique aqui e confira.
E para terminar qual o slogan precisamos propagar como fruto de todo o trabalho no Rio dos Macacos? Veja o que diz um grupo de 6º ano.
Slogan: “Temos que preservar o rio porque o rio é essencial para a vida e sem água morreremos”.
Turmas envolvidas: 1601, 1602, 1603, 1701, 1702 e Carioca 1, totalizando 180 alunos, nos turnos da manhã e da tarde. Professores orientadores: Aline (Ciências), Ana Cristina (Inglês), Cristiane Marcelino (Artes/Sala de Leitura), Cristiane Pimentel (Ciências), Gláucio (Matemática), Jenny (Língua Portuguesa/Sala de Leitura), Maria Alice (Geografia), Roberto (História), Suelen (Língua Portuguesa), Vanessa (Inglês). Coordenação e articulação do projeto: Professoras Cristiane Pimentel Victório e Jenny Iglesias P. Fernandez. Culminância do projeto em novembro: Exposição de fotos e trabalhos plásticos, banners informativos, instalações, textos produzidos pelos alunos, e trechos de entrevistas histórico-afetivas com a comunidade, produções audiovisuais, com visitação da comunidade escolar e público em geral. Parcerias institucionais: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ-ZO). Outras parcerias: Guardiões do Rio (Horto Natureza), Águas do Rio.