No que depender do parlamento espanhol, comerciais que exaltem o culto ao corpo estão com os dias contados na TV. Os congressistas aprovaram recentemente lei que proíbe as emissoras de veicularem os anúncios das 6 às 22 horas – faixa de proteção à infância. De acordo com os parlamentares, comerciais de produtos de emagrecimento, tratamentos de beleza e cirurgias estéticas devem retirados do ar porque associam a imagem de sucesso à padrões físicos e trazem influências negativas para crianças e jovens.
A nova medida – que ainda precisa ser aprovada pelo Senado – livra apenas os alimentos descritos como “baixos em calorias” ou ” light” . Apesar do apoio popular e da adesão de instituições, como a Associação de Usuários de Comunicação (AUC) e a Confederação Espanhola de Pais e Mães de Alunos (Ceapa), a lei já provocou protestos de associações de anunciantes, que ameaçam recorrer a tribunais internacionais.
“Essa lei merece repulsa porque o governo abusa do direito de legislar e prejudica a todos, do consumidor à indústria. É excessiva e arbitrária, e vamos apelar à Comissão Européia de Informação” , afirmou a presidente da Associação Espanhola de Anunciantes, Patrícia Abril, em entrevista à BBC Brasil.
A repulsa não é à-toa, de acordo com a lista de investimento publicitários realizados em 2008, anúncios relacionados a beleza e higiene movimentam mais de 500 milhões de euros e ocupam a terceira posição em termos de negócios.
Os defensores da medida argumentam que a lei ajudará a combater a propagação de transtornos como a anorexia e a bulimia, pois alguns anúncios podem “prejudicar o desenvolvimento físico, mental e/ou moral”. Na Espanha, 27,6% das crianças têm problemas com o peso e 4% dos adolescentes sofrem transtornos alimentares.
Para Esperanza Rodríguez, presidente da AUC, a lei também tem o mérito de acabar com a impunidade das emissoras de TV. “As televisões sempre fizeram escolhas baseadas em seus interesses sem que ninguém questionasse estas atuações. Já era hora de regulamentar o setor em benefício público”, afirma.
Fonte – El País